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Por que parte do arquivo da internet está desaparecendo para sempre (e o que está sendo feito para evitar isso)

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Um quarto de todas as páginas web que já existiram em algum momento entre 2013 e 2023 já não existem mais. Pesquisas indicam que 25% das páginas web publicadas entre 2013 e 2023 não existem mais.
Getty Images via BBC
Os fragmentos remanescentes de papiros, mosaicos e tábuas de cera da Antiguidade nos ensinam o que os moradores de Pompeia comiam no café da manhã, 2 mil anos atrás.
Aprendendo um pouco de latim medieval, é possível saber quantos animais eram criados no século 11, nas fazendas de Northumberland, no norte da Inglaterra, graças ao Domesday Book – o documento mais antigo dos Arquivos Nacionais do Reino Unido.
Cartas e romances remanescentes mostram como era a vida social na era vitoriana – e quais eram as pessoas mais adoradas ou odiadas da época, no Reino Unido.
Mas os historiadores do futuro podem enfrentar dificuldades para entender totalmente como vivemos hoje, no início do século 21.
O motivo: a combinação da nossa forma de vida digital com a falta de esforços oficiais para arquivar as informações que o mundo produz hoje em dia pode apagar a nossa história.
Mas um grupo informal de organizações vem combatendo as forças da entropia digital. Muitas delas são operadas por voluntários, com pouco apoio institucional.
O maior símbolo da luta para salvar a web é o Internet Archive, uma organização sem fins lucrativos sediada em São Francisco, na Califórnia (EUA).
Criada em 1996 como um projeto apaixonado do pioneiro da internet Brewster Kahle, a organização criou o que pode ser o mais ambicioso projeto de arquivo digital já realizado.
São 866 bilhões de páginas web, 44 milhões de livros, 10,6 milhões de vídeos com filmes e programas de televisão – e muito mais.
Abrigadas em diversos centros de dados espalhados pelo mundo, as coleções do Internet Archive e outros grupos similares são tudo o que temos para evitar a amnésia digital.
“Os riscos são muitos. Não é só a tecnologia que pode falhar, embora isso certamente aconteça”, afirma Mark Graham, diretor da Wayback Machine – uma ferramenta do Internet Archive que coleta e armazena cópias de websites para a posteridade.
“O mais importante é que as instituições falham, as empresas fecham. As organizações jornalísticas são devoradas por outras organizações jornalísticas ou saem do ar, como é cada vez mais frequente”, exemplifica ele.
Graham destaca que existem inúmeros incentivos para colocar conteúdo online, mas são poucas as razões que fazem as companhias manterem este conteúdo no longo prazo.
Mesmo com todos os feitos já realizados, o Internet Archive e organizações similares enfrentam ameaças financeiras, dificuldades técnicas, ciberataques e batalhas jurídicas geradas por empresas que não gostam da ideia de ver cópias da sua propriedade intelectual disponíveis gratuitamente.
E, como mostram as recentes derrotas na Justiça, o projeto de salvar a internet pode ser tão volátil quanto o próprio conteúdo que ele tenta proteger.
“Cada vez mais, nossos esforços intelectuais, nosso entretenimento, nossas notícias e nossas conversas existem apenas no ambiente digital”, explica Graham. “Este ambiente é inerentemente frágil.”
Salvar nossa história
Um quarto de todas as páginas web que já existiram em algum momento entre 2013 e 2023… não existem mais.
Esta é a conclusão de um estudo recente do think tank (centro de pesquisa e debates) Pew Research Center, com sede na capital americana, Washington DC. Suas conclusões fizeram soar o alarme: nossa história digital está desaparecendo.
Os pesquisadores concluíram que o problema se agrava, quanto mais antiga for uma página web. A organização tentou acessar páginas existentes em 2013 – e 38% delas não funcionam mais.
Mas este também é um problema das publicações mais recentes. Cerca de 8% das páginas web publicadas em algum momento de 2023 desapareceram em outubro do mesmo ano.
Esta não é apenas uma preocupação dos admiradores da história e dos obcecados pela internet. O estudo indicou, por exemplo, que um em cada cinco websites governamentais contém pelo menos um link quebrado.
O Pew Research Center também descobriu que mais da metade dos artigos da Wikipédia tem um link quebrado na sua seção de referências. Ou seja, as evidências que sustentam as informações da enciclopédia online estão lentamente se desintegrando.
Com a inexistência de um trabalho público formal de documentação da web, o Internet Archive passou a ser uma parte fundamental da nossa infraestrutura digital.
Getty Images via BBC
Mas, graças ao trabalho do Internet Archive, nem todos esses links quebrados ficaram inacessíveis. O projeto Wayback Machine vem destacando exércitos de robôs para rastrear os tortuosos labirintos da internet há décadas.
O sistema baixa cópias funcionais de websites à medida que eles mudam ao longo do tempo. Muitas vezes, eles capturam as mesmas páginas diversas vezes em um único dia e as oferecem ao público sem custo.
“Quando observamos quantas daquelas URLs foram oferecidas pelo Wayback Machine, verificamos que dois terços eram disponíveis de alguma forma”, ele conta. Isso indica que o Internet Archive está cumprindo sua função, guardando registros da sociedade online para a posteridade.
Outras organizações, grandes e pequenas, trabalham com projetos similares.
A Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, por exemplo, preserva websites governamentais, os sites dos congressistas e uma coleção de sites jornalísticos norte-americanos. A Biblioteca do Congresso também preservou uma cópia de cada tweet enviado desde a fundação do Twitter (hoje, conhecido como X), até o encerramento do projeto, em 2017.
Outros governos conduzem suas próprias iniciativas. O UK Web Archive, da Biblioteca Britânica, rastreia anualmente os websites com nomes de domínio .uk, preservando uma cópia da internet britânica pelo menos uma vez por ano.
Em 2022, um grupo de voluntários se propôs a salvar a internet ucraniana, quando ela foi atingida por ciberataques russos.
Mas o escopo destes projetos é pequeno e o Internet Archive procura ter uma cobertura mais abrangente.
Com os recursos disponíveis, seria impossível chegar perto de preservar toda a internet, mas seus sistemas definiram uma ampla rede.
E, dependendo do que você esteja procurando, a coleção do Internet Archive é tão vasta que, às vezes, parece um registro funcional e completo da World Wide Web.
O sucesso traz complacência
Os documentos do Archive disponíveis ao público ajudam a manter o registro das nossas vidas na era atual.
A Wikipédia adotou, como prática padrão, mencionar as cópias de websites do Wayback Machine e não os próprios websites originais. E a organização também preserva uma vasta coleção de gravações anteriores à era digital.
A adorada série de TV americana Fernwood 2 Night (1977), por exemplo, não está disponível em nenhum serviço de streaming, mas você pode assistir de graça no Internet Archive.
Livros, revistas e websites mencionam as cópias digitais de livros do Internet Archive, indisponíveis nas bibliotecas físicas.
O projeto age até como ferramenta de preservação para o público. Qualquer pessoa pode carregar vídeos, websites e praticamente qualquer coisa para os servidores da organização.
Entre as principais coleções preservadas pela Wayback Machine, encontram-se vastos registros de websites criados no GeoCities – um antigo serviço de hospedagem de sites, agora extinto.
Muito antes das redes sociais, o GeoCities foi uma das primeiras plataformas que possibilitavam a qualquer pessoa criar o seu próprio website.
Os historiadores da internet consideram o GeoCities um dos capítulos mais importantes dos primórdios da World Wide Web – e, sem o trabalho do Internet Archive, a maior parte dos seus sites teria sido perdida.
Mais recentemente, uma comissão do Congresso dos Estados Unidos adotou o Internet Archive para preservar artigos e documentos relativos ao ataque ao Capitólio, em 6 de janeiro de 2021.
“De tempos em tempos, surge uma nova plataforma e as forças econômicas rapidamente meio que a destroem”, afirma Andrew Jackson, arquiteto técnico de registros de preservação da Coalizão para a Preservação Digital, um grupo ativista e organização filantrópica britânica que orienta como preservar os arquivos digitais online. “É uma grande fonte de rotatividade.”
O website jornalístico especializado em tecnologia CNET sofreu pressões em 2023, após informações de que a empresa excluiu dezenas de milhares de artigos, causando a perda de décadas de história.
Entre as respostas do site, veio a indicação de que todos os seus artigos excluídos foram preservados na Wayback Machine.
Muitos críticos acusaram a empresa de ter transferido para o Internet Archive sua responsabilidade de manutenção dos arquivos.
“O Google e outros mecanismos de busca incentivam ativamente a manutenção de URLs estáveis, mas, tecnicamente, é algo bastante difícil”, explica Jackson. “Sempre que uma nova empresa reforma seu website, ela precisa calcular quantos das suas novas URLs ela irá tentar manter ao longo do tempo.”
Mas vale a pena lembrar que o Internet Archive é uma organização sem fins lucrativos, financiada por doações de fundações beneficentes. É um projeto sem fim, com custos que crescem exponencialmente.
O Internet Archive assumiu voluntariamente a missão de ser a principal biblioteca da nossa vida digital em todo o mundo. E, com a web se aproximando da sua quarta década, este projeto totalmente não oficial se tornou um pilar fundamental da internet.
Mas, da mesma forma que aumenta a nossa confiança no Internet Archive, também crescem as ameaças que pairam sobre o seu trabalho.
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‘Ponto crítico de falha’
Em setembro, o Internet Archive anunciou uma importante parceria com o Google. O mecanismo de busca da gigante da tecnologia irá agora incluir links para o Wayback Machine nos seus resultados de busca. Nenhuma das partes publicou os detalhes financeiros do acordo.
Mas outras notícias recentes demonstram que o projeto ainda enfrenta fragilidades.
Sua vulnerabilidade foi exposta abertamente em uma ação judicial contra o Internet Archive, promovida por quatro grandes editoras de livros.
Elas alegam que a prática de digitalizar livros físicos e emprestar cópias digitais infringe a legislação americana de direitos autorais.
Antes da pandemia de covid-19, o Internet Archive emprestava apenas uma cópia digital por vez, para cada livro físico na sua coleção.
Mas, durante os lockdowns, a organização eliminou a restrição, emprestando aos seus apoiadores quantidades ilimitadas de cópias digitais de livros, para tentar compensar o fechamento das bibliotecas físicas.
Em 2023, um tribunal americano julgou a prática ilegal e, no início de setembro, o recurso do Internet Archive contra a decisão foi rejeitado.
A organização havia informado que concordava em pagar ao grupo de editoras um valor não revelado em relação ao caso.
Passada aquela ação, o Internet Archive já enfrenta outro processo movido pelas gravadoras, referente à digitalização de discos.
Em caso de derrota, este novo processo poderá custar US$ 400 milhões (R$ 2,3 bilhões). O valor pode pôr em risco a sobrevivência da organização.
Formada ao longo de três décadas, a coleção do Internet Archive inclui centenas de bilhões de páginas web.
Getty Images via BBC
O diretor dos serviços de biblioteca do Internet Archive, Chris Freeland, afirmou, em declaração sobre a decisão judicial, que a organização está analisando o parecer dos tribunais.
As batalhas jurídicas existenciais não são os únicos riscos que pairam sobre o mundo da preservação digital.
O UK Web Archive teve uma amostra das ameaças técnicas mal intencionadas em outubro de 2023, quando um ciberataque derrubou seus sistemas digitais. Um ano depois, o portal ainda enfrenta problemas causados pela queda – e o acesso online a grande parte da sua coleção ainda está indisponível.
Em maio de 2024, o Internet Archive divulgou que estava enfrentando um grande ataque distribuído de negação de serviço (DDoS, na sigla em inglês). Nele, vândalos ou outros delinquentes criam sistemas automatizados para bombardear websites com visitas, tentando derrubá-los sobrecarregando seus servidores.
No pico do ataque, dezenas de milhares de visitas simultâneas surgiam a cada segundo. Os serviços foram derrubados, incluindo a Wayback Machine.
Com isso, o rastreamento regular da web para arquivo foi interrompido por algum tempo, o que pode ter causado lacunas permanentes no seu registro histórico.
O Internet Archive “foi criado por um indivíduo e se tornou uma espécie de pivô”, segundo Jackson.
“Ele também parece ser um ponto crítico de falha em potencial. Embora seja muito mais sofisticado do que simplesmente os voluntários, ele é uma instituição, em uma região, sujeito a um arcabouço legal.”
A organização reconhece estas preocupações. Se o trabalho do Internet Archive fosse suspenso e “esta lacuna não fosse preenchida imediatamente, grande parte do que é disponibilizado atualmente na web pública ficaria em risco”, explica Graham.
Ele deixa claro que o Internet Archive não irá abandonar suas responsabilidades no futuro próximo, mas seria útil obter ajuda externa para o projeto.
“Existem oportunidades para muitas pessoas contribuírem, de diversas formas”, destaca ele.
Responsabilidades partilhadas, prioridades diferentes
Sem um trabalho formal de organização do trabalho de preservação da internet, o projeto fica a cargo de amadores e voluntários, ao lado de alguns grupos de organismos não oficiais que, geralmente, operam de forma independente.
“Faz sentido que o trabalho de arquivo seja descentralizado”, segundo a historiadora de tecnologia Mar Hicks, da Universidade da Virgínia, nos Estados Unidos. “Mas um dos problemas é a variação das prioridades.”
Hicks destaca que um dos primeiros pontos que qualquer arquivista irá considerar ao construir um arquivo é o que ele deve priorizar.
“E, com muita descentralização, as prioridades serão muito diferentes”, explica ela. “Haverá pessoas nos grupos cuja prioridade será tentar reunir de tudo – o máximo que puderem, eles podem querer completar tudo.”
E haverá outros que irão se concentrar em determinadas áreas, como o arquivo britânico, por exemplo.
A preocupação com essa abordagem pontual e descentralizada é a possibilidade de repetição, que faz com que preciosos recursos de arquivo sejam desperdiçados com cópias duplicadas ou triplicadas dos websites mais populares.
Enquanto isso, algumas áreas que podem ter importância histórica são desprezadas por se enquadrarem entre as responsabilidades de grupos diferentes.
“Os arquivistas irão dizer que estas questões existem há muito tempo”, afirma Hicks. Mas elas são exacerbadas pela quantidade de material produzida no nosso mundo digital.
Todos os dias, são enviados cerca de um bilhão de e-mails. O YouTube afirma que mais de 500 horas de vídeo são postadas na plataforma a cada minuto.
Para Hicks, a internet é “essencialmente uma mangueira de incêndio, lançando material e informações. Não faz sentido tentar registrar tudo o que sai da mangueira. Não faria sentido do ponto de vista de recursos.”
De certa forma, esta é uma preocupação antiga.
“Como historiadores, temos o mesmo problema”, explica Hicks. “Temos uma enorme quantidade de documentos do passado. Mas temos apenas certos documentos e as vozes de certas pessoas – e muitas das vozes que estão faltando foram incrivelmente importantes, mas foram apagadas.”
Para Hicks, é preciso ter certas prioridades sobre o que está sendo preservado das pegadas digitais da nossa geração. Caso contrário, corremos o risco de extrapolar rapidamente os custos com esforços secundários de registro da história da web. Isso sem falar nos oceanos de arquivos digitais que vivem offline.
“Se precisarmos preservar tudo, fica muito caro”, segundo Andrew Jackson. “Existe muito conteúdo mais antigo ou menos atraente que fica perdido pelo caminho.”
“Não estamos capturando bem o mundo não ocidental”, reconhece Jackson. “Existem lacunas que não foram preenchidas em diferentes domínios culturais.”
Muitas dessas organizações que procuram combater suas próprias tendências e preconceitos acabam assumindo o peso da tarefa, enquanto os governos e as empresas responsáveis pelas plataformas simplesmente assistem.
“Grupos independentes de pessoas, simplesmente preocupadas e dispostas a dedicar seu tempo livre a esta questão, têm mais recursos e conhecimento do que as instituições formalmente responsáveis”, afirma Jackson.
Hicks alerta que existe um vácuo que poucas pessoas estão atendendo, exceto por um punhado de arquivistas obsessivos.
“Não está claro de quem é a responsabilidade de arquivar [a internet], nem a serviço de quem”, afirma a historiadora. Mas um ponto é claro: segundo ela, todos nós deveríamos pagar para apoiar a luta pela preservação.
“De um ponto de vista muito pragmático, se você não pagar essas pessoas e garantir que estes arquivos recebam financiamento, eles não irão existir no futuro”, explica ela. “Eles irão desaparecer e todo o trabalho de coleta irá voar pela janela.”
“Porque o grande propósito do arquivo não é simplesmente coletá-lo, mas fazer com que ele seja mantido indefinidamente no futuro.”
O Iluminismo do século 18 viu o nascimento de um movimento internacional de bibliotecas, com os governos e filantropos percebendo a necessidade de preservar e distribuir livros para o público. Mas este senso de responsabilidade cívica do passado não se estendeu para a internet.
Isso pode se dever aos complexos interesses comerciais do mundo digital ou simplesmente às imensas dificuldades técnicas. Ou, talvez, porque os observadores casuais podem não achar necessário preservar a web.
Um livro é um recurso claramente finito – ele pode ser perdido ou danificado. Mas a web parece muito acessível. Qualquer pessoa com conexão à internet pode abrir um navegador e digitar uma URL.
Está tudo ali, disponível. Até que não esteja mais.

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Tecnologia

Austrália quer que buscadores e redes sociais paguem jornais por notícias compartilhadas

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Governo australiano planeja implementar novos impostos para ‘big techs’ que não chegarem a acordos com veículos de imprensa locais. Meta e Google revelam nova geração de chip de inteligência artificial
AP/Reuters
A Austrália quer obrigar grandes empresas de tecnologia, como a Meta (dona do Instagram e do Facebook) e o Google, a pagar pelas notícias de jornais compartilhadas em suas plataformas, segundo informações da agência France Presse.
De acordo com um plano apresentado nesta quinta-feira (12), o governo pretende implementar novos impostos caso não haja um acordo entre as empresas de redes sociais e os veículos de imprensa.
A Austrália deseja que as empresas de tecnologia compensem os jornais locais por compartilhar links de notícias que direcionam o tráfego para suas plataformas.
“É importante que as plataformas digitais cumpram a sua parte. Precisam apoiar o acesso ao jornalismo de qualidade que informa e fortaleça nossa democracia”, disse a ministra das Comunicações da Austrália, Michelle Rowland.
O plano prevê um imposto que ainda será definido para as empresas de tecnologia que faturam anualmente mais de US$ 160 milhões na Austrália e que não estabelecerem acordos com os grupos de imprensa locais.
Quais países discutem se ‘big techs’ devem pagar por notícias exibidas no seu feed
Um porta-voz do Google disse que a decisão do governo “arrisca a viabilidade contínua dos acordos comerciais com as editoras de notícias na Austrália”.
“A proposta não leva em conta a realidade de como nossas plataformas funcionam, especificamente que a maioria das pessoas não vem às nossas plataformas para obter conteúdo de notícias e que os editores de notícias optam voluntariamente por publicar conteúdo em nossas plataformas porque recebem valor ao fazê-lo”, disse um porta-voz da Meta à agência Reuters.
O governo de centro-esquerda do primeiro-ministro Anthony Albanese iniciou uma batalha contra as grandes empresas de tecnologia.
No mês passado, o governo aprovou uma lei para proibir o acesso dos menores de 16 anos às redes sociais e também multou as plataformas que não lutam contra o conteúdo ofensivo ou a desinformação.
Bloqueio de notícias
Em 2021, a Austrália aprovou leis para fazer com que as big techs dos EUA compensassem as empresas de mídia australianas pelos links que atraem leitores e receita de publicidade em suas plataformas, segundo a Reuters.
Após a mudança, o Meta bloqueou brevemente os usuários de republicarem artigos de notícias, mas depois fechou acordos com várias empresas de mídia australianas, como a News Corp e a emissora nacional Australian Broadcasting Corp.
Desde então, a Meta afirmou que não renovará esses acordos para além de 2024.
O Google ameaçou bloquear o buscador no país, mas voltou atrás, anunciando acordos com a mídia australiana.
Após o anúncio de Jones, o presidente-executivo da News Corp Australia, Michael Miller, disse que entrará em contato com a Meta e o TikTok imediatamente para buscar um relacionamento comercial com a News Corp Australia.
“Acredito que as editoras de notícias e as plataformas de tecnologia devem ter relações que beneficiem ambas as partes em termos comerciais mais amplos”, disse o executivo.
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Tecnologia

Projeto do criador do ChatGPT já escaneou a íris de 115 mil brasileiros em menos de um mês

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Empresa World, que iniciou suas operações no Brasil em novembro de 2024, usa o escaneamento de íris com a promessa de criar um passaporte digital, distinguir humanos de robôs e prevenir fraudes on-line. Dispositivo usado para criar ‘passaporte digital’ da Worldcoin
Darlan Helder/g1
A World, projeto cocriado por Sam Altman, CEO da OpenAI, já escaneou a íris de 115 mil brasileiros desde o início de suas operações no país, em 13 de novembro de 2024. Os dados foram confirmados pela própria World ao g1, nesta quarta-feira (11).
Ainda segundo a companhia, 519 mil brasileiros possuem conta no World App, um aplicativo que permite realizar transações com a criptomoeda da World. Essa moeda digital é oferecida aos usuários que realizam o escaneamento da íris (entenda o que é o projeto).
As coletas estão sendo realizadas em 20 locais distribuídos pela cidade de São Paulo. Não há custo para os interessados, segundo a empresa.
Na última segunda-feira (9), o g1 registrou uma dessas lojas no Shopping Boulevard Tatuapé, localizado na Zona Leste da capital paulista (veja na imagem abaixo).
Loja da World no Shopping Boulevard Tatuapé, em São Paulo
Darlan Helder/g1
O projeto é considerado polêmico por especialistas, especialmente por não detalhar quais informações são coletadas.
Um dia antes do início da operação no Brasil, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) iniciou um processo de fiscalização contra a empresa.
Em nota enviada ao g1 no dia 13 de novembro, a ANPD, que é vinculada ao Ministério da Justiça e Segurança Pública, afirmou que buscava mais informações sobre o funcionamento do projeto no país.
Alem do Brasil, a Word também atua nos Estados Unidos, México, Espanha, Portugal e Alemanha.
Por que a World quer coletar íris de brasileiros
Empresa quer escanear a íris de toda a população mundial para coletar dados
O projeto tem como objetivo auxiliar na distinção entre humanos e robôs criados por inteligência artificial. Entre os potenciais usos da inovação está a prevenção de perfis falsos em sites e redes sociais, por exemplo.
Ele também pode substituir o Captcha (veja na imagem abaixo), uma ferramenta de segurança usada por vários sites para certificar que quem está acessando é um humano e não um robô.
A World afirma que, hoje, uma inteligência artificial já é capaz de enganar essa checagem.
Por enquanto, não há custo para quem optar pelo registro, e a pessoa pode receber 25 tokens da Worldcoin, uma moeda digital semelhante ao Bitcoin. Na conversão para o real, esse valor equivale a aproximadamente R$ 470.
Teste do reCAPTCHA pode ser validado automaticamente em certas circunstâncias
Reprodução
No segundo semestre do ano passado, a Word chegou a disponibilizar três locais de atendimento em São Paulo. Naquele período, a empresa disse que a operação era apenas um teste e que os “serviços não tinham a previsão de serem permanentes no momento”.
A estrutura da World tem três frentes:
👁️ World ID, como é chamado o passaporte digital que transforma o registro da íris em uma sequência numérica;
🪙 Token Worldcoin (WLD), a criptomoeda que será distribuída como recompensa para todos os inscritos;
📱World App, o aplicativo que permite fazer transações com a criptomoeda.
Como funciona a coleta
Câmera Orb, da Word, que escaneia a íris
Darlan Helder/g1
A “foto” da irís da pessoa é tirada com a câmera Orb (veja na imagem acima) e é usada para criar um código numérico para identificar cada usuário e, de acordo com a World, é apagada logo em seguida.
Segundo a organização, os usuários não precisam compartilhar nome, número de telefone, e-mail e endereço. O sistema é mais seguro que o reconhecimento facial, diz Rodrigo Tozzi, gerente de operações da Tools for Humanity, parceira da World. Veja como é feita a coleta:
primeiro, os interessados devem baixar um aplicativo, chamado World App;
em seguida, é preciso agendar um horário em um dos locais de verificação;
depois, a pessoa deve ir presencialmente até este local para que a câmera Orb capture uma imagem de alta resolução da íris;
após o registro, a “foto” é criptografada de ponta-a-ponta, enviada ao celular da pessoa e deletada da Orb, segundo a organização.
As ambições da empresa vão além e ela afirma que governos ao redor do mundo podem utilizar sua tecnologia em “processos democráticos globais”. A iniciativa também defende que sua ferramenta pode abrir caminho para a criação de uma renda básica universal.
Projeto gera polêmica
Ponto de escaneamento de íris criado pela Worldcoin na Índia, em foto de 25 de julho de 2023
Reuters/Medha Singh
Apesar de não precisar manter imagens da íris de usuários, a World vem sendo criticada pela falta de detalhes sobre como vai tratar outras informações que coleta. Isso porque a sequência numérica gerada a partir da foto funciona como um dado biométrico, que é considerado sensível.
“Mesmo que a imagem do teu olho tenha ido embora, o identificador único permanece. Existe uma intenção de reutilizar esse sistema e ganhar dinheiro em cima dele fazendo autenticações”, afirmou Rafael Zanatta, diretor do Data Privacy Brasil, em entrevista ao g1 em agosto de 2023.
A World levanta questões sobre até que ponto uma organização independente pode coletar qualquer tipo de código genético de pessoas, analisou Nina da Hora, do Instituto da Hora, também no ano passado.
“É extremamente delicada a afirmação de que precisam invadir a privacidade das pessoas para protegê-las”, disse.
De acordo com Rodrigo Tozzi, gerente de operações da Tools for Humanity, parceira da World, a empresa conversa e trabalha com órgãos regulares em cada país em que atua. No Brasil, ele afirma que vem tratando do assunto com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.
Um dia antes do lançamento no Brasil, a equipe de fiscalização da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) se reuniu com representantes da World para esclarecer dúvidas sobre o projeto e entregar o documento que formaliza o pedido de explicações adicionais.
Procurada pelo g1 no mesmo dia, a World afirmou estar à disposição das autoridades reguladoras dos países em que atua para esclarecer seu projeto. A empresa também afirmou que busca cumprir todas as leis e regulamentações relacionadas ao processamento de dados pessoais nos mercados em que opera.
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Tecnologia

15 itens para deixar a casa inteligente por menos de R$ 500

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De alto-falante conectado a lâmpadas com wi-fi que mudam de cor, dá para começar a deixar o lar automatizado no precinho. Veja a lista. Guia de Compras: itens para a casa inteligente por até R$ 500
Veronica Medeiros/g1
Começar a ter produtos para deixar a casa inteligente não custa muito caro.
💡 Um exemplo: uma lâmpada que muda de cor e pode ser comandada por app de celular custava a partir de R$ 55 nas lojas da internet no começo de dezembro.
🛜 O Guia de Compras selecionou uma lista de produtos de iluminação, alto-falante conectado, câmeras de segurança, sensores, fechaduras digitais, tomadas e interruptores no precinho, com valores até R$ 500.
AMIGO SECRETO: 25 sugestões de presentes até R$ 50 e R$ 100
FÃS DE TECNOLOGIA: veja lista com 20 ideias para presentear
✅Clique aqui para seguir o canal do Guia de Compras do g1 no WhatsApp
Veja a lista a seguir.
Alto-falante conectado
Alexa é um dos mordomos inteligentes que ajudam a realizar tarefas, criar listas e lembretes, ativar outros aparelhos e até servem de interfone dentro de casa.
Basta falar com a caixinha de som conectada à internet, que pode ficar em qualquer ambiente (ou em mais de um).
O assistente digital está presente nos produtos da Amazon, TVs conectadas e aplicativos para celular e serve como uma central de ativação para dispositivos compatíveis – como lâmpadas, tomadas e câmeras com wi-fi, por exemplo.
Apple e Google não vendem seus alto-falantes conectados no Brasil. O Echo Dot é um dos mais baratos da marca: custava na faixa de R$ 390 nas lojas on-line consultadas em dezembro.
Amazon Echo Dot
Câmeras
Câmeras de segurança, com bateria ou sem, servem para monitorar o ambiente, gravar quando detectam movimento e enviar um alerta para o celular quando isso ocorre.
Nas lojas on-line pesquisadas em dezembro, os valores iam de R$ 150 a R$ 300.
Câmera Elsys ESC-WY3F
Geonav Smart IP HISCBT
Câmera TP-Link TAPO C200
Sensor/controle remoto
Os controles remotos inteligentes servem para comandar, via aplicativo, controles remotos de TV, ar-condicionado e outros produtos com infravermelho.
Já o sensor de abertura de portas serve para alertar caso uma janela ou uma porta seja aberta em algum momento inesperado. Os preços iam de R$ 100 a R$ 170 nas lojas da internet pesquisadas em dezembro.
Sensor de portas e janelas ELG SHSM501
Central de Controle Remoto Geonav
Fechaduras digitais
As fechaduras digitais aposentam as chaves de casa e permitem usar senhas, biometria e cartões de acesso para liberar a abertura de portas. Cada uma tem uma indicação de uso – e o preço sobe conforme aumentam as funcionalidades.
Os modelos mais básicos de sobrepor na porta (veja as diferenças entre os tipos), com acesso por senha, custavam na faixa dos R$ 400 nas lojas on-line pesquisadas no início de dezembro.
Intelbras FR101
Papaiz SL140
💡 Iluminação
Lâmpadas e luminárias inteligentes simplificam a iluminação de casa e são um primeiro passo para ter um lar automatizado.
Elas podem ser programadas para acender em horários específicos, deixam a tonalidade da luz mais clara ou colorida e tornam os ambientes mais aconchegantes à noite.
Em dezembro, nas lojas da internet consultadas, os itens custavam entre R$ 55 e R$ 350.
Elgin Smart Color 10W
Ledvance Smart+ Filamento
Positivo Smart Spot
Xiaomi Mi Bedside Lamp 2
Tomadas e interruptores
Tomadas de embutir com wi-fi servem para uso na instalação elétrica da casa, já deixando prontos os produtos a serem ligados naquele plug para uso com comandos sem fio.
Um exemplo de uso é ligar a cafeteira em uma delas, programando para ligar na mesma hora que toca o alarme de acordar – só não pode se esquecer de colocar água e pó de café.
Os interruptores conectados servem para quando você quer apagar as luzes, mas não quer usar o app do celular ou o assistente digital.
Vale notar que lâmpadas conectadas precisam estar com o interruptor sempre ligado, para poderem acender e apagar na hora programada – esses interruptores permitem desligar a lâmpada sem perder a conectividade.
Os itens custavam entre R$ 70 e R$ 170 nas lojas on-line consultadas em dezembro.
Interruptor Smart Elgin
Positivo Tomada Inteligente 16A
Tomada inteligente TP-Link TAPO P110
Esta reportagem foi produzida com total independência editorial por nosso time de jornalistas e colaboradores especializados. Caso o leitor opte por adquirir algum produto a partir de links disponibilizados, a Globo poderá auferir receita por meio de parcerias comerciais. Esclarecemos que a Globo não possui qualquer controle ou responsabilidade acerca da eventual experiência de compra, mesmo que a partir dos links disponibilizados. Questionamentos ou reclamações em relação ao produto adquirido e/ou processo de compra, pagamento e entrega deverão ser direcionados diretamente ao lojista responsável. 
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