Pop
'Round 6', da Netflix: 'Perdi nove dentes filmando a série'
A série de sucesso sul-coreana retorna para uma segunda temporada em dezembro. O drama distópico sul-coreano Round 6 se tornou uma sensação global quando foi lançado em 202
Netflix
Quando pergunto ao criador do drama sul-coreano de sucesso “Round 6” sobre relatos de que ele estava tão estressado durante as filmagens da primeira temporada que perdeu seis dentes, ele rapidamente me corrige.
“Foram oito ou nove”, ele ri.
Hwang Dong-hyuk está conversando comigo no set de filmagem enquanto grava a segunda temporada do seu thriller distópico da Netflix, em que centenas de competidores endividados disputam um enorme prêmio em dinheiro, jogando uma série de jogos infantis de vida ou morte.
Mas outra temporada da série nem sempre esteve em seus planos. Em um determinado momento, ele chegou a jurar que não haveria.
Dado o estresse que causou a ele, pergunto o que o fez mudar de ideia.
“Dinheiro”, ele responde, sem hesitar.
“Mesmo que a primeira temporada tenha sido um grande sucesso global, eu sinceramente não ganhei muito [dinheiro]”, ele me conta.
“Então, fazer a segunda temporada vai me ajudar a compensar o sucesso da primeira também.”
“E eu não terminei a história completamente”, ele acrescenta.
A primeira temporada foi a série de maior sucesso da Netflix até o momento, colocando a Coreia do Sul e seus dramas televisivos nacionais em evidência. Sua análise sombria sobre a desigualdade social tocou o público no mundo todo.
Mas, depois de matar quase todos os personagens, Hwang teve que começar do zero, com um novo elenco e uma nova série de jogos. E, desta vez, as expectativas do público são altíssimas.
“O estresse que sinto agora é muito maior”, diz ele.
Três anos depois do lançamento da primeira temporada, Hwang está ainda mais pessimista em relação à situação do mundo.
Ele menciona as guerras atuais, as mudanças climáticas e o aumento da desigualdade econômica global. Segundo ele, os conflitos não estão mais restritos entre ricos e pobres, eles estão ocorrendo intensamente entre diferentes gerações, gêneros e campos políticos.
“Novos limites estão sendo demarcados. Estamos em uma era de nós contra eles. Quem está certo e quem está errado?”
Os criadores da série dizem que vai haver mais facções e brigas entre os participantes na segunda temporada
Netflix
Enquanto percorria o cenário lúdico da série, com sua inconfundível escadaria de cores vivas, reuni algumas pistas de como a desesperança do diretor vai ser refletida desta vez.
Nesta temporada, o vencedor anterior do prêmio, Gi-hun, entra novamente na competição com a missão de acabar com ela — e salvar a última rodada de participantes.
De acordo com Lee Jung-jae, que interpreta o protagonista, ele está “mais desesperado e determinado” do que antes.
O chão do dormitório, onde os competidores dormem à noite, foi dividido em dois.
Uma metade está marcada com um X vermelho gigante de neon, e a outra com um círculo azul.
Agora, após cada jogo, os participantes devem escolher um lado, dependendo se querem encerrar a competição mais cedo e sobreviver, ou continuar jogando, sabendo que todos vão morrer, exceto um deles. A decisão da maioria prevalece.
Isso, me disseram, vai levar a mais facções e brigas.
E faz parte do plano do diretor de expor os perigos de viver em um mundo cada vez mais tribal. Ele acredita que forçar as pessoas a escolher um lado está alimentando os conflitos.
Para todos os espectadores que foram cativados pela história chocante de “Round 6”, houve também aqueles que acharam a série gratuitamente violenta e difícil de assistir.
Mas, ao conversar com Hwang, fica claro que a violência é totalmente pensada. Ele é um homem que pensa e se importa profundamente com o mundo — e é motivado por uma inquietação crescente.
“Ao fazer esta série, eu me perguntava constantemente: ‘Nós, seres humanos, temos o que é preciso para desviar o mundo desta trajetória ladeira abaixo?’. Honestamente, eu não sei”, diz ele.
Embora os espectadores da segunda temporada talvez não obtenham as respostas para essas grandes questões existenciais, eles podem pelo menos se consolar com o fato de que algumas lacunas da trama vão ser preenchidas — como por que o jogo existe, e o que está motivando o mascarado Front Man que o dirige.
“As pessoas vão conhecer mais do passado do Front Man, sua história e suas emoções”, revela o ator Lee Byung-hun, que interpreta o papel misterioso.
“Não acho que isso vai fazer com que os espectadores se afeiçoem a ele, mas pode ajudá-los a entender melhor suas escolhas.”
Um dos atores mais famosos da Coreia do Sul, Lee admite que ter o rosto e os olhos cobertos e a voz distorcida durante a primeira temporada foi “um pouco insatisfatório”.
Nesta temporada, ele gostou de ter cenas sem máscara, nas quais pode se expressar plenamente — uma chance que praticamente não havia tido.
Hwang revela que a Netflix, que estima-se ter arrecadado R$ 4,8 bilhões com Round 6, só pagou a ele uma modesta quantia adiantada pela série
Getty Images
Hwang tentou por 10 anos produzir “Round 6”, fazendo grandes empréstimos para sustentar sua família, até que a Netflix entrou em cena.
Eles pagaram a ele uma modesta quantia adiantada, deixando-o incapaz de lucrar com os impressionantes £650 milhões (R$ 4,8 bilhões) que, segundo estimativas, a plataforma arrecadou com a série.
Isso explica a relação de amor e ódio que os criadores de filmes e séries de televisão da Coreia do Sul têm atualmente com as plataformas de streaming internacionais.
Nos últimos anos, a Netflix invadiu o mercado sul-coreano com bilhões de dólares em investimentos, oferecendo reconhecimento e simpatia mundial ao setor, mas deixando os criadores com a sensação de terem sido enganados.
Eles acusam a plataforma de forçá-los a abrir mão de seus direitos autorais quando assinam contratos — e, com isso, de reivindicar os lucros.
Este é um problema a nível mundial.
No passado, os criadores podiam contar com uma parte das vendas de bilheteria ou das reprises na televisão, mas esse modelo não foi adotado pelas gigantes do streaming.
O problema é agravado na Coreia do Sul, dizem os criadores, devido à legislação de direitos autorais desatualizada, que não os protege.
Há alguns meses, atores, roteiristas, diretores e produtores se uniram para formar um coletivo e lutar juntos contra o sistema.
“Na Coreia, ser diretor de cinema é apenas um cargo, não é uma forma de ganhar a vida”, afirmou Oh Ki-hwan, vice-presidente da Associação de Diretores de Cinema Coreano, durante um evento em Seul.
Alguns de seus colegas diretores, diz ele, trabalham meio período em armazéns e como taxistas.
A roteirista Park Hae-young está presente no evento. Quando a Netflix comprou sua série, “Meu Diário Para a Liberdade”, ela se tornou um sucesso global.
“Escrevi a minha vida inteira. Então, obter reconhecimento global ao competir com criadores do mundo todo tem sido uma experiência prazerosa”, ela me conta.
Mas Park admite que o modelo atual de streaming a deixou relutante em “dar tudo de si” em sua próxima série.
“Normalmente, passo quatro ou cinco anos fazendo um drama acreditando que, se for bem-sucedido, vai poder garantir meu futuro, que vou receber minha parte justa da remuneração. Sem isso, qual é o sentido de trabalhar tanto?”
Ela e outros criadores estão pressionando o governo sul-coreano a mudar sua lei de direitos autorais para forçar as produtoras a compartilhar seus lucros.
Em uma declaração, o governo sul-coreano disse à BBC que, embora reconhecesse que o sistema de remuneração precisava mudar, cabia ao setor resolver o problema. A Netflix recusou nosso pedido de comentário.
Hwang, de “Round 6”, espera que sua franqueza em relação às suas próprias dificuldades com o pagamento dê início a essa mudança.
Ele, sem dúvida, despertou o debate sobre remuneração justa, e esta segunda temporada certamente vai dar outro impulso ao setor.
Mas quando conversamos após o término das filmagens, ele me contou que seus dentes estão doendo novamente.
“Ainda não fui ao dentista, mas provavelmente terei que extrair mais alguns em breve.”
A segunda temporada de ‘Round 6’ vai estrear em 26 de dezembro de 2024 na Netflix.
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Pop
Jay-Z pede que tribunal obrigue autora de denúncia de estupro a revelar nome verdadeiro
Em moção na Justiça, advogados do rapper dizem que manter anonimato de acusadora é tática em ‘esquema’ para extorquir celebridades. Rapper Jay-Z é acusado de estupro de menina de 13 anos, em 2000
Em sua primeira resposta no tribunal a uma acusação de estupro, o rapper e empresário Jay-Z — cujo nome verdadeiro é Shawn Carter — pediu que a autora da denúncia anônima seja obrigada a revelar seu nome verdadeiro.
Neste domingo (8), a emissora americana NBC informou que o músico foi incluído em um processo federal, aberto em outubro deste ano, que também tem como réu o cantor Sean Combs, conhecido como Puff Daddy ou P. Diddy. Os dois são acusados de estuprar uma garota de 13 anos, no ano 2000.
Relembre a teia de relações de P. Diddy
Entenda as acusações contra Diddy
Em uma moção protocolada em juízo nesta segunda-feira (9) e divulgada pela revista “Billboard”, os advogados do rapper chamam as acusações de “hediondas” e dizem que elas fazem parte de uma “campanha de extorsão” liderada por Tony Buzbee. O advogado do Texas é responsável por uma série de processos contra P. Diddy.
O documento também afirma que manter o anonimato da acusadora é uma tática do “esquema” de Buzbee para extrair acordos financeiros de celebridades. Alex Spiro, advogado de Jay-Z, escreve:
“O sr. Carter não deveria ter que se defender sob os holofotes contra um acusador que fica na escuridão completa.”
“O sr. Carter merece saber a identidade da pessoa que o está acusando — de forma sensacionalista — de conduta criminosa, exigindo uma compensação financeira massiva e manchando uma reputação conquistada ao longo de décadas”, acrescenta ele.
Jay-Z
Reuters
Pela lei americana, demandantes em processos de abuso sexual podem, em alguns casos, agir sob pseudônimos, se houver um forte risco de retaliação — mas a possibilidade é raramente concedida pela Justiça. Em outras ações civis movidas contra P. Diddy, juízes exigiram que acusadoras revelassem seus nomes.
“O sr. Carter tem o direito de se defender contra essas alegações com o benefício de todas as proteções e mecanismos disponíveis aos réus”, afirma Spiro ao tribunal. “O jogo do advogado Buzbee tem sido impedir o sr. Carter de se defender.”
Procurado pela “Billboard”, Tony Buzbee, advogado da mulher que denunciou Jay-Z, não quis comentar a ação protocolada pelos defensores do rapper. “Não estou fazendo comentários sobre cada alegação apresentada no tribunal. Responderemos no devido tempo”, disse.
Pop
Riachão canta com Martinho da Vila e Criolo em álbum póstumo que traz dez músicas inéditas do compositor baiano
Teresa Cristina, Josyara e Pedro Miranda interpretam composições que o artista, morto em 2020, aos 98 anos, não teve tempo de gravar para o disco. Riachão (1921 – 2020) tem lançado de forma póstuma o álbum autoral que idealizou com dez composições inéditas
Antonio Brasiliano / Divulgação
♫ NOTÍCIA
♪ Quando Riachão saiu de cena, aos 98 anos, o cantor e compositor baiano já tinha posto voz em quatro das dez músicas inéditas que compusera para o álbum que gravava e que, na concepção do artista, seria intitulado Se Deus quiser, eu vou chegar aos 100.
Clementino Rodrigues (14 de novembro de 1921 – 30 de março de 2020) morreu sem chegar aos 100 anos, mas segue viva a obra de Riachão, nome artístico deste sambista que construiu cancioneiro expansivo, com inspiração na efervescência rítmica do samba de roda, do partido alto e da chula. E o álbum idealizado para 2020 foi finalizado de forma póstuma com produção musical de Caê Rolfsen e Paulinho Timor.
Com o título adaptado para Onde eu cheguei, está chegado, o disco vem ao mundo na próxima quinta-feira, 12 de dezembro, em edição da Ori Records.
Preservadas, as vozes postas pelo cantor geraram feats de Riachão com Martinho da Vila (na música Sonho do mar), Criolo (em Saudade), com o guitarrista Beto Barreto (em Sou da Bahia, faixa que abre o disco) e com o neto do artista, Taian, convidado afetivo da faixa Tintin.
Para as seis músicas que Riachão não teve tempo de gravar, foram convidados intérpretes como Teresa Cristina (Uma vez na janela), Pedro Miranda (Sua vaidade vai ter fim), Roberto Mendes (Samba quente) e Josyara (Ô lua). Nega Duda e Clarindo Silva figuram em Homenagem a Claudete Macedo. Já Enio Bernardes, Fred Dantas e Juliana Ribeiro aparecem reunidos em Morro do Garcia.
Capa do álbum ‘Onde eu cheguei, está chegado’, de Riachão
Divulgação
Pop
Os Paralamas do Sucesso balança na pista com álbum que traz dez remixes
Àttooxxá, Mulú e Tropkillaz sobressaem no disco orquestrado pelo DJ Marcelinho da Lua. O trio carioca Os Paralamas do Sucesso tem dez músicas reprocessadas por DJs e produtores musicais como Marky e Mahmundi
Divulgação
Capa do álbum ‘10_Remixes’, da banda Os Paralamas do Sucesso
Divulgação
♫ OPINIÃO SOBRE DISCO
Título: 10_Remixes
Artista: Os Paralamas do Sucesso
Cotação: ★ ★ ★
♪ Álbuns de remixes correm o risco de serem vítimas de julgamentos injustos, pois o conteúdo é moldado para a pista. É na balada, no agito, que um remix pode (ou não) surtir efeito e ter o valor atestado.
Feita a ressalva, o álbum 10_Remixes joga na pista uma dezena de releituras de gravações da banda carioca Paralamas do Sucesso com as formatações inéditas de DJs e produtores musicais de diversas tribos e gerações. Orquestrado pelo DJ Marcelinho da Lua, o disco balança, mas o saldo é positivo.
De cara, a balada Lanterna dos afogados (Herbert Vianna, 1989) ilumina a inadequação da escolha dessa música de espírito melancólico, dissipado no remix de Mahmundi, que pôs voz na produção que abre o disco 10_Remixes. Ela disse adeus (Herbert Vianna, 1998) também perde, no caso a aliciante pegada pop, no remix de Papatinho.
Em contrapartida, Lourinha bombril (Parate y mira) (Diego Blanco e Bahiano, 1994, em versão em português de Herbert Vianna, 1996) dança bonito na pista com o toque do pagodão baiano do grupo Àttooxxá e sem perda da latinidade caliente. O beco (Herbert Vianna e Bi Ribeiro, 1988) também explode na pulsação o remix do duo Tropkillaz enquanto Ska (Herbert Vianna, 1984) tem o passo aditivado pelo drum’n’bass do DJ Marky, ás do gênero.
Se a cuíca chora feliz no remix de O amor não sabe esperar (Herbert Vianna, 1998), bafejado pela brisa carioca da produção de Pretinho da Serrinha com BossaCucaNova, Selvagem (Herbert Vianna, Bi Ribeiro e João Barone, 1986) apresenta as armas de Daniel Ganjaman em petardo geralmente certeiro.
Nome artístico do carioca Antonio Antmaper, Mulú soa ousado ao mudar totalmente a atmosfera da balada Aonde quer que eu vá (Herbert Vianna e Paulo Sérgio Valle, 2000) sem medo de se jogar na pista.
Contudo, como já dito, toda e qualquer avaliação teórica de um disco de remixes pode perder a razão e o sentido quando os tais remixes são ouvidos por quem está na pista. Na prática, a teoria é outra e vale mais o remix que mantém a galera agitada nessa pista.
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