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Enchente do século na Espanha: população jogou lama nos reis, mas reinado pode acabar fortalecido. Entenda

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Rei e rainha da Espanha foram atingidos por lama em protesto quando visitavam bairro atingido por enchentes históricas em Valência que deixaram mais de 200 mortos. Especialistas avaliaram que postura dos monarcas de ficar e conversar com manifestantes fortaleceu reinado de Felipe VI. Morador de Valência, na Espanha, se debruça para conversar com rei da Espanha durante visita do monarca a áreas atingidas pela enchente, em 3 de novembro de 2024.
Hugo Torres/ AP
A lama respingou nas bochechas do monarca da Espanha quando sobreviventes das catastróficas enchentes que mataram mais de 200 pessoas despejaram sua fúria em uma onda de lama e lodo. o rei Felipe VI manteve a cabeça erguida, e sua obstinação em permanecer e conversar com a multidão enfurecida pode redefinir seu reinado.
Na semana passada, a realeza espanhola, o primeiro-ministro do país e o presidente regional de Valência — um equivalente ao governador no Brasil — foram recebidos por uma multidão enfurecida que arremessou lama e outros detritos durante uma visita a Paiporta, em Valência.
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No total, o dilúvio, o maior do século na Espanha, matou 203 pessoas em Valência — 60 delas em Paiporta — e destruiu comunidades inteiras.
Era a primeira visita das autoridades à área devastada, e uma multidão enfurecida protestava por não ter sido avisada com antecipação da chuva.
O rei Felipe VI com gota de lama no rosto arremessada por manifestantes durante visita a Paiporta, um dos bairros mais atingidos pelas enchentes históricas que mataram mais de 200 pessoas em Valência, na Espanha, em 3 de novembro de 2024.
David Melero/ AP
Gotas de lama atingiram o rosto e o casaco preto do rei Felipe VI, e as mãos da rainha Letizia ficaram marcadas pela lama que, quase duas semanas depois das enchentes, ainda cobre várias ruas da periferia ao sul da cidade de Valência.
Muitos na multidão empunhavam as pás que vêm usando para limpar suas casas.
A raiva não parecia direcionada especificamente contra o rei, mas contra todo o Estado pela gestão do pior desastre natural na história recente da Espanha. O governo também alega que havia agitadores de extrema direita entre os moradores locais, insinuando que eles estariam atrás do primeiro-ministro, socialista.
De qualquer forma, para a professora de direito constitucional na Universidade Internacional da Catalunha, Montserrat Nebrera, a cena chocante de um monarca enlameado pode abrir um precedente para protestos mais intensos, já que “nunca se mostrou tanta fúria contra o rei”.
Monarquistas como Nebrera, e até republicanos, concordam que Felipe, que ocupa uma posição essencialmente simbólica, fez o papel de um chefe de Estado.
O rei insistiu que seus guarda-costas, que tentaram protegê-lo com guarda-chuvas, deixassem que ele se aproximasse para conversar com os moradores, entre gritos de “Vão embora!” e “Assassinos!”. Letizia também foi elogiada por manter a compostura e conversar com as pessoas exaltadas.
Um monarca considerado insensível se esforça
Rei da Espanha ouve gritos de ‘assassino’ em visita a local atingido por enchente
“Esse pode ser lembrado como o melhor dia do reinado de Felipe”, disse o professor de ciências políticas da Universidade Autônoma de Barcelona Oriol Bartomeus, em entrevista à Associated Press.
“Se ele tivesse buscado a proteção de seus guarda-costas e fugido, teria sido o dia mais sombrio de seu reinado. Em vez disso, ele mostrou por que é rei, demonstrando compostura e serenidade, e chegando o mais perto possível do povo.”
Felipe, de 56 anos, assumiu uma Casal Real cuja reputação estava em frangalhos após os escândalos financeiros e de conduta de seu pai, o rei Juan Carlos, que abdicou em 2014.
No início de seu reinado, Juan Carlos era amado, ou pelo menos relutantemente respeitado, após ajudar na restauração da democracia após a morte do ditador Francisco Franco. Ele era visto como uma pessoa realista e divertida, em comparação com outros membros da realeza europeia.
Seu filho, por outro lado, é considerado insensível, e vem contando com Letizia, que já foi jornalista, para ajudá-lo a administrar o palácio de forma sóbria em um país onde o sentimento republicano é forte.
A rainha Letizia da Espanha discute com manifestante em Valência, na Espanha, durante visita a locais atingidos por enchentes históricas em novembro.
Hugo Torres/ AP
Felipe ouviu algumas vaias quando participou de uma homenagem aos mortos no ataque terrorista de 2017 em Barcelona, mas isso não foi nada em comparação à recepção de domingo.
Primeiro-ministro também atingido
No domingo, o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, foi levado rapidamente por sua equipe de segurança, depois de ser também atingido por pedras. Fernando Grande-Marlaska, ministro do Interior, relatou que “havia um perigo claro e (Sánchez) havia recebido uma pancada”.
O vidro traseiro do carro do primeiro-ministro foi quebrado. O ministro não especificou o que havia atingido o primeiro-ministro. Um dos guarda-costas de Letizia ficou com a testa ensanguentada.
Um juiz de instrução abriu um inquérito preliminar sobre a possível agressão.
Já o rei Felipe VI se manteve firme por mais de meia hora. Era impossível ouvir o que estava sendo dito, mas ele conversou com várias pessoas que gritavam, em um tom familiar e aparentemente sério.
Bartomeus, que não se considera um defensor fervoroso da monarquia, observou o que o rei não fez: ele não parece tratar o povo com condescendência.
“Ele não consolou o povo, como vemos, por exemplo, a realeza britânica fazer”, diz Bartomeus. Em vez disso, “ele dialogou com eles. Ele colocou o Estado nas costas, desceu do pedestal e foi até o povo, que estava dizendo a ele que o Estado não havia chegado, e ele disse a eles que chegará.”
O envolvimento de Felipe prometeu mais do que ele pode cumprir?
A rainha Letizia da Espanha consola uma moradora de Paiporta, em Valência, na Espanha, região fortemente atingida por enchente que matou mais de 200 pessoas, em 3 de novembro de 2024.
Carlos Luján/Europa Press via AP
No final do domingo, Felipe VI participou de uma reunião dos chefes de resposta a emergências em Valência, com Sánchez e outros políticos. Ele pediu a eles que dessem “esperança aos atingidos pela enchente e atendam às suas necessidades, garantindo que o Estado esteja presente para eles”.
Na segunda-feira, ele presidiu o comitê de crise do governo em uma base militar nos arredores de Madri.
Mas, segundo Nebrera, isso pode agravar seus problemas.
Ao ir a Paiporta ao lado de autoridades eleitas, para Nebrera, Felipe criou a impressão de que tem um papel real a desempenhar na gestão do gigantesco esforço de recuperação, quando seus poderes se resumem basicamente a representar a Espanha em visitas de Estado e desempenhar uma função institucional no processo pós-eleitoral.
Em outras palavras, parece que ele está no controle.
“Se já existia uma certa confusão entre algumas pessoas sobre quais poderes o rei possui, ele agora corre o risco de que as pessoas pensem que ele é responsável por algo que não é”, diz.
″É muito provável que, independente de quantas reuniões ele coordene, só cheguem más notícias de Valência. Eles só vão encontrar mais e mais mortos.”

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Por que Muhammad virou nome mais popular na Inglaterra

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Muhammad ultrapassou Noah como a escolha mais popular para os pais nomearem seus bebês meninos em 2023 O nome já aparecia entre os 10 principais nomes para bebês meninos desde 2016.
Getty Images via BBC
Muhammad foi o nome mais escolhidos por pais e mães para seus bebês na Inglaterra e no País de Gales em 2023, com mais de 4,6 mil registros, segundo o Departamento Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês).
O nome já aparecia entre os 10 principais nomes para bebês meninos desde 2016, mas agora ultrapassou o favorito anterior, Noah.
Há, no entanto, um nível de variação regional, com Muhammad não aparecendo entre os 10 primeiros em três regiões da Inglaterra.
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Outras grafias do nome — como Mohammed e Mohammad — também entraram na lista dos 100 mais populares na Inglaterra e no País de Gales.
O ONS considera cada grafia como um nome separado, com diferentes variações de Muhammad que se mostraram populares em anos anteriores.
Muhammed, ou Maomé, foi um líder religioso e político do Oriente Médio, fundador do islã, religião com cerca de 1,9 bilhão de fiéis ao redor do mundo.
De acordo com dados do Censo de 2021, havia 3,9 milhões de pessoas que se identificaram como muçulmanas na Inglaterra e no País de Gales, ou 6,5% do total da população.
Em 2011, eram 2,7 milhões, ou 4,9% do total. É o segundo maior grupo religioso, atrás apenas dos que se definiram como cristãos (40,7% do total).
No Brasil, segundo dados do IBGE de 2010, havia pelo menos 45 pessoas com o nome Muhammad. Outras 24 tinham o nome Maomé.
Influência da cultura pop
Olivia continua sendo a escolha mais popular para bebês do sexo feminino, seguida por Amelia e Isla. Esses três primeiros permaneceram inalterados desde 2022.
As novidades na lista dos top 100 nomes para meninas incluem Lilah, Raya e Hazel, enquanto Jax, Enzo e Bodhi entraram na lista dos meninos.
O ONS disse na quinta-feira que a cultura pop “continua a influenciar” as escolhas de nomes, citando as cantoras Billie Eilish e Lana Del Rey, os filhos da família Kardashian-Jenner, Reign e Saint, e as estrelas de cinema Margot Robbie e Cillian Murphy.
Outros nomes de artistas, como Miley, Rihanna, Kendrick e Elton, também registraram um aumento em 2023. Isso provavelmente se deveu a lançamentos de álbuns, turnês ou apresentações de alto nível de Miley Cyrus, Kendrick Lamar, Elton John e Rihanna, disse o ONS.
Os dias da semana foram mais uma fonte de inspiração para os pais, com nomes como Sunday (Domingo) e Wednesday (Quarta-feira) crescendo em popularidade no ano passado. O ONS estabeleceu uma possível ligação com a série Wednesday da Netflix, que foi lançada no final de 2022.
Quanto às estações do ano, Autumn (Outono) ocupa a 96ª posição na lista e Summer (Verão) a 86ª, subindo 10 posições em relação a 2022, mas 38 posições abaixo de 2013.
Enquanto isso, os nomes da realeza ficaram menos populares em 2023 — um declínio que faz parte de uma tendência contínua.
George, Archie, Harry e Charlotte se tornaram menos populares nos últimos anos, assim como Elizabeth e Charles.
As datas de publicação das escolhas mais populares de 2024 ainda não foram confirmadas.

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Sírios comemoram a queda do governo de Bashar al Assad

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Assad foi deposto por uma ofensiva relâmpago de grupos rebeldes liderados por islamitas neste domingo (8). Pessoas comemoram na Praça Umayyad, em Damasco, em 8 de dezembro de 2024. Comemorações eclodiram em toda a Síria.
Bakr AL KASSEM / AFP
Multidões de sírios comemoraram neste domingo (8) a queda do presidente Bashar al-Assad, deposto por uma ofensiva relâmpago de grupos rebeldes liderados por islamitas que pôs fim a mais de meio século de governo da dinastia fundada por Hafez al Assad.
Al Assad, que liderou a Síria com mão de ferro desde que chegou ao poder há 24 anos, renunciou e deixou o país, disse a Rússia, seu principal aliado, que lhe concedeu asilo, informaram a TASS e a Ria Novosti.
Dezenas de pessoas invadiram sua luxuosa residência em Damasco, a capital. A casa do líder alauíta, que sucedeu seu pai Hafez al Assad, que governou o país de 1971 a 2000, também foi saqueada.
“Vim para me vingar, eles nos oprimiram de uma forma inconcebível”, disse Abu Omar, um sírio de 44 anos. “Hoje não tenho mais medo.”
Uma sala de recepção no palácio presidencial, localizado em outro bairro, foi incendiada, assim como edifícios pertencentes a agências de segurança, de acordo com repórteres da AFP e o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), uma organização com sede no Reino Unido que monitora o conflito.
A aliança rebelde liderada pelo grupo islamista Hayat Tahrir al Sham (HTS) decretou um “toque de recolher em Damasco das 16h (10h em Brasília) até as 05h de segunda-feira” (23h de domingo em Brasília).
O anúncio foi feito horas depois que eles entraram na capital síria após uma ofensiva de blitzkrieg (guerra relâmpago) lançada da província de Idlib, no noroeste do país, em 27 de novembro.
Pelo menos 910 pessoas, incluindo 138 civis, foram mortas desde o início da ofensiva, disse o OSDH.
Quem é Bashar al-Assad, ditador sírio que deixou o poder após 24 anos
‘A Síria é nossa!’
O líder islamista da coalizão rebelde, Abu Mohamed al-Jolani, chegou a Damasco neste domingo e dirigiu-se à famosa mesquita Umayyad, onde fez um discurso.
Vídeos que circulam na mídia mostram que ele foi recebido por uma multidão que gritava “Allah Akbar” (Deus é grande).
Dezenas de pessoas saíram às ruas, de acordo com as imagens da AFPTV, para comemorar a queda do governo. As imagens mostraram pessoas pisoteando as estátuas de Hafez al Assad.
“A Síria é nossa, não pertence à família Assad!”, gritaram os combatentes nas ruas de Damasco. Na Praça Umayyad, ouviam-se tiros como sinal de alegria.
Os moradores contaram como os soldados do exército sírio tiraram seus uniformes quando saíram de seu quartel-general na praça.
“Após 50 anos de opressão sob o comando do partido Baath, e 13 anos de crimes, tirania e deslocamento, anunciamos hoje o fim dessa era sombria e o início de uma nova era para a Síria”, disseram os rebeldes.
Na televisão estatal, a coalizão, que classificou al Assad como “tirano”, disse que libertou todos os prisioneiros “detidos injustamente”.
A queda do governo abre um período de incerteza na Síria, fragmentada por uma guerra civil que matou quase meio milhão de pessoas desde 2011. O conflito dividiu o país em zonas de influência, com forças beligerantes apoiadas por potências estrangeiras.
Assad ‘deveria prestar contas’
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, saudou o fim do “regime ditatorial” da Síria.
O presidente dos EUA, Joe Biden, considerou a queda de al-Assad uma “oportunidade histórica” e disse que o líder “deveria prestar contas”.
Washington tem cerca de 900 soldados no país como parte da coalizão internacional que foi criada em 2014 para ajudar a combater o grupo jihadista Estado Islâmico.
A França e a Alemanha saudaram a queda de Bashar al-Assad, mas também pediram a rejeição de “todas as formas de extremismo”.
A Síria deve ser impedida de “cair no caos”, advertiu o Catar. A Arábia Saudita, por sua vez, pediu para proteger o país do “caos e da divisão”.
A Turquia, que é muito influente na Síria, onde apoia alguns grupos rebeldes, pediu uma “transição” pacífica no país e disse que estava em contato com os rebeldes para garantir a segurança.
A chefe diplomática da UE, Kaja Kallas, disse que a queda do governo é “positiva” e mostra “a fraqueza” de alguns de seus apoiadores, a Rússia e o Irã.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, considerou a derrubada de al-Assad um “dia histórico” e o descreveu como um “elo central” no “eixo do mal” liderado por Teerã.
O líder ordenou que seu Exército “tomasse” uma zona de desescalada desmilitarizada nas Colinas de Golã, um território sírio ocupado e anexado por Israel. Israel não permitirá que “nenhuma força hostil” se estabeleça na fronteira, disse ele.
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Com avanço de rebeldes, Bashar al-Assad deixa Damasco, dizem agências

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Ditador sírio abandonou a capital e fugiu para um destino desconhecido após o avanço dos rebeldes, que entraram em Damasco sem resistência. A queda de Homs, conquistada em um dia de combates, deixou o governo de Assad à beira do colapso. Presidente da Síria Bashar al-Assad, que governa o país desde a morte de seu pai, em 2000.
JOSEPH EID / AFP
Forças rebeldes anunciaram neste domingo (8) que o ditador sírio Bashar al-Assad deixou a capital Damasco, segundo informações de agências internacionais.
Bashar al-Assad deixou Damasco em direção a um destino desconhecido, segundo dois oficiais do Exército citados pela agência Reuters. Os rebeldes afirmam ter entrado na capital sem encontrar resistência militar.
Testemunhas relataram que milhares de pessoas, a pé e em carros, se reuniram na praça principal de Damasco, acenando e gritando “Liberdade”.
Ainda segundo a Reuters, o primeiro-ministro sírio, Mohammad Ghazi al-Jalali, afirmou que permaneceu em sua casa e estava disposto a apoiar a continuidade do governo, após a fuga de Assad.
Em seguida, o líder rebelde sírio Ahmed al-Sharaa disse que está proibido se aproximar de instituições públicas, que, segundo ele, continuarão sob a supervisão do ex-primeiro-ministro até serem oficialmente entregues.
Forças rebeldes celebram chegada a Damasco em ofensiva para derrubar ditador Bashar al-Assad
Omar Sanadiki/AP
Cerco a Damasco: veja cronologia da ofensiva de rebeldes para derrubar Assad
Poucas horas antes, os rebeldes anunciaram o controle total de Homs, após um dia de combates, deixando o regime de 24 anos de Assad à beira do colapso (entenda sobre o conflito abaixo).
O líder da oposição síria, Hadi al-Bahra, baseado na Turquia anunciou à Al Jazeera que representantes do grupo se reunirão com países árabes, europeus e a ONU para discutir e definir a próxima fase do processo político na Síria.
O jornal The New York Times informou que um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional afirmou que o presidente americano Joe Biden está “monitorando de perto os eventos extraordinários na Síria”.
Mais cedo, antes da fuga de Assad, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que tomará posse em janeiro, afirmou que o país não deve se envolver no conflito.
Quem é Bashar al-Assad
Rebeldes contrários ao regime de Bashar al-Assad na Síria se lançaram sobre a cidade de Aleppo, sem grande resistência
EPA/Via BBC
Bashar al-Assad tem 59 anos e sucedeu no poder o pai, Hafez a-Assad, que morreu 2000 após governar a Síria por três décadas. Seu regime foi fruto de um golpe de Estado em 1971.
A família Assad é alauita, uma minoria religiosa xiita na Síria.
Nascido em 11 de setembro de 1965, em Damasco, estudou medicina e se especializou em oftalmologia. Em Londres, cursou uma pós-graduação.
Em 1994, Basil, seu irmão mais velho e sucessor natural de Hafez, morreu num acidente. Com isso, Bashar tornou-se o herdeiro do poder na família.
Em 10 de junho de 2000, ele foi declarado presidente pelo parlamento após um referendo popular no qual recebeu uma aprovação de 97,29%. Naquele momento, Bashar tinha 34 anos.
Em 2007, renovou seu mandato por outros sete anos em um referendo no qual obteve 97,62% dos votos. Em 2014, foi reeleito para um terceiro mandato de sete anos. A guerra civil síria já estava em curso e a votação foi realizada nas áreas controladas pelo governo.
A família Assad governa a Síria há mais de cinco décadas.
Entenda o conflito
Rebeldes extremistas chegam à terceira maior cidade da Síria e avançam em direção à capital
A capital Damasco é palco dos momentos decisivos na Síria que podem selar a queda do ditador Bashar al-Assad.
Segundo relatos de moradores de Damasco publicados pela imprensa internacional nas últimas horas, há membros das forças rebeldes circulando nos arredores da cidade e tiroteios ocorrendo em alguns pontos.
Neste sábado (7), o governo sírio acusou os insurgentes de espalharem informações falsas sobre o conflito para aterrorizar a população e criar instabilidade.
O ministro do Interior disse que há um “cordão militar” para proteger Damasco. Até então, não havia informações sobre o paradeiro de Assad. Durante a semana, a imprensa americana noticiou que Egito e Jordânia haviam recomendado a ele sair do país.
Em uma ofensiva iniciada há apenas 10 dias a partir do norte, forças lideradas pelo movimento extremista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ou Organização para a Libertação do Levante, conquistaram as cidades de Aleppo e Homs e marcharam rumo à capital, que está mais ao sul. Outras frentes opositoras partiram do sul e do leste, numa tentativa de fechar o cerco a Damasco.
O HTS surgiu como uma filial da Al Qaeda, grupo por trás dos atentados do 11 de Setembro.
Por onde passaram, os rebeldes derrubaram estátuas que homenageiam Hafez al-Assad, pai do atual presidente e fundador da dinastia que está no poder há 50 anos, e tomaram bases militares.
Retomada da guerra
Entenda o que está acontecendo na Síria, que tem avanço de grupo rebelde
A guerra civil na Síria começou em 2011 e, nos últimos quatro anos, parecia estar adormecida. Após um período sangrento de confrontos, que deixaram cerca de 500 mil mortos e causaram um enorme êxodo de sírios, o ditador conseguiu manter o controle sobre a maior parte do território graças ao suporte da Rússia, do Irã e da milícia libanesa Hezbollah.
No entanto, agora a Rússia está em guerra com a Ucrânia, e o Irã vive um conflito com Israel. O Hezbollah, por sua vez, perdeu seus principais comandantes neste ano, mortos em ataques israelenses.
Para os analistas, essa situação faz com que nem Putin nem o regime iraniano estejam dispostos a entrar de cabeça em mais uma guerra.
Um porta-voz do governo da Ucrânia disse que a escalada do conflito na Síria mostra que a Rússia não consegue lutar em duas guerras ao mesmo tempo.
Informações publicadas no sábado indicam que o Hezbollah e o regime iraniano estão retirando tropas que mantêm na Síria.
Assad e o presidente russo, Vladimir Putin, em foto de 2017
Mikhail Klimentyev/Sputnik via Reuters
O cientista político Guilherme Casarões, da Fundação Getúlio Vargas, diz que não é uma coincidência a ofensiva ter sido lançada agora.
“Aqueles que eram os três principais aliados do governo Assad, Hezbollah, Irã e Rússia, estão meio que fora desse envolvimento direto com o conflito, o que abriu uma oportunidade para que os rebeldes tentassem retomar certas posições estratégicas dentro do país. Aleppo, sendo a segunda maior cidade da Síria, é o primeiro destino que eles ocuparam.”
Segundo o professor, o acirramento do conflito pode ter consequências em todo o Oriente Médio. Se Assad cair, afirma ele, isso pode criar um vácuo de poder e escalar ainda mais as guerras que envolvem Israel, Hamas, Hezbollah e Irã.

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