Connect with us

Mundo

Lá não tem TSE: agência de notícias faz a contagem dos votos e anuncia vencedor das eleições americanas

Published

on


Há 178 anos, a Associated Press desempenha um papel fundamental nas eleições dos EUA, contando os votos, declarando os vencedores e reportando-os ao mundo. Editor da AP durante anúncio de resultado após contagem da agência em 2020
Pablo Martinez Monsivais/AP
Uma pergunta será feita repetidamente na noite do dia 5 de novembro, nos Estados Unidos: “Quem venceu a eleição presidencial?”. Os norte-americanos não possuem um órgão que centraliza a apuração, como o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no Brasil. Daí que entra o papel da imprensa.
KAMALA X TRUMP AO VIVO: acompanhe a reta final das eleições nos EUA
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
Há 178 anos, a Associated Press é uma das fontes mais confiáveis para contabilizar os votos das eleições nos Estados Unidos. Isso porque a agência reúne os dados de mais de 5 mil disputas eleitorais em todo o país e entrega informações precisas e padronizadas.
Como cada estado tem autonomia própria, o sistema de votação pode variar dentro dos Estados Unidos. Em algumas localidades, a votação acontece em cédulas de papel, enquanto outros possuem urnas eletrônicas. Também é possível votar pelo correio.
Diante dessa complexidade, a apuração dos votos nos Estados Unidos pode demorar dias, com cada estado fazendo a sua própria contagem. Ou seja, pode ser que o público só conheça quem será o novo presidente dias depois da eleição.
Segundo a Associated Press, apenas uma análise cuidadosa e completa de todos os dados eleitorais pode determinar quem será o vencedor. A agência também costuma fazer projeções para indicar quem foi o candidato mais votado em cada estado antes mesmo da apuração ser concluída.
“Desde o início da república, as eleições nos EUA são geridas nos níveis estadual e local; não há um órgão federal que conte os votos ou compartilhe os resultados. É por isso que a AP entrou em cena para preencher esse vazio logo após nossa fundação em 1846 – para entregar os resultados das eleições ao mundo de forma independente”, diz Julie Pace, editora-executiva da agência, em um artigo em 29 de outubro.
Nesta reportagem você vai entender:
A apuração dos votos
Como os vencedores são declarados
Voto não obrigatório
Histórico das eleições anteriores
A apuração dos votos
A AP não faz diretamente a contagem manual do voto depositado nas urnas. Esse trabalho é realizado pelas autoridades eleitorais locais que administram as eleições de cada estado dos EUA.
Segundo a Constituição dos Estados Unidos, as regras das eleições são definidas por cada um dos estados. Contando o Distrito de Colúmbia, onde fica Washington D.C., são 51 conjuntos de normas diferentes para a realização das eleições.
Algumas dessas regras são mais favoráveis aos eleitores do que outras.
Em New Hampshire, os resultados das eleições podem ser oficialmente certificados alguns dias após a votação. Já na Califórnia, o processo de tabulação leva várias semanas, e os resultados finais não são disponibilizados até o início de dezembro.
Além disso, o modo como os dados são disponibilizados varia de localidade para localidade. Em algumas jurisdições não são divulgados os percentuais de votos totais, por exemplo. Lembrando que o voto nos EUA não é obrigatório.
A contagem de votos da AP é um esforço para dar sentido a todas essas informações.
“O que estamos fazendo é costurar todos os totais de votos de milhares de condados e cidades em todo o país em um formato único e padronizado, para que os eleitores tenham acesso ao total geral de votos para uma disputa”, afirma o presidente da agência, David Scott.
Voltar ao início.
Como os vencedores são declarados
Tela mostra apuração dos votos feita pela Associated Press, em 2020
AP Photo/Eugene Hoshiko
A eleição presidencial dos Estados Unidos acontece por meio do Colégio Eleitoral. Nesse sistema, cada estado norte-americano tem um peso diferente e pode ser decisivo.
Em tese, vence as eleições quem tiver 270 dos 538 delegados que compõem o Colégio Eleitoral. A Califórnia, por exemplo, tem 54 delegados. Já o Texas, tem 40. O candidato que for o mais votado em um estado leva todos os delegados da área, mesmo que vença por apenas um voto.
Em 2016, Hillary Clinton foi a candidata mais votada nas eleições em âmbito nacional, mas foi derrotada por Donald Trump na soma do Colégio Eleitoral.
Na apuração dos votos, a Associated Press pode declarar o vencedor em um estado antes mesmo de 100% dos votos serem contados.
Para isso, um time de análise faz a contagem de dados que garantem que o candidato que está liderando a disputa não pode mais ser ultrapassado. Para isso são levados em consideração:
andamento da apuração;
combinação do histórico de votos;
dados demográficos;
dados de pesquisas da AP.
Mesmo em disputas acirradas, comparar os padrões de votação atuais com os das eleições anteriores pode fornecer pistas importantes.
Por exemplo, se um candidato democrata estiver obtendo resultados melhores do que o partido teve nas eleições anteriores — em locais onde venceu — isso pode indicar uma vitória mais folgada no pleito deste ano.
Por outro lado, se o candidato republicano estiver indo melhor ou, até mesmo, liderar em um local com tradição democrata, isso pode indicar uma disputa muito acirrada ou uma virada.
Os dados demográficos também ajudam a esclarecer a contagem de votos. Por exemplo, variações em relação às tendências estaduais podem ser explicadas por alterações dentro de um grupo específico, como eleitores hispânicos ou brancos sem diploma universitário.
Voltar ao início.
Voto não obrigatório
EUA: 3 Estados iniciam a votação para presidente 45 dias antes do dia da eleição
Um fator que pode dificultar a contagem ou projetar um vencedor é o fato de que, nos Estados Unidos, o voto não é obrigatório. Sendo assim, as autoridades não conseguem precisar o percentual exato de votos apurados. No entanto, a AP costuma fazer estimativas.
Para isso, assim que a votação começa, a agência solicita informações das autoridades eleitorais sobre o número de cédulas de voto ausente solicitadas e o número de votos antecipados registrados.
Esses números não contêm resultados, que só são divulgados após o fechamento das urnas. No entanto, os dados podem fornecer informações valiosas sobre o perfil das pessoas que votaram.
O grande esforço começa após o fechamento das urnas, quando aproximadamente 4.000 repórteres de contagem de votos da AP se espalham pelos distritos e escritórios eleitorais dos condados americanos.
Um repórter da AP estará presente em quase todos os escritórios eleitorais dos condados no dia da eleição, bem como em cidades e vilarejos-chave, coletando dados diretamente da fonte.
Os jornalistas trabalham com funcionários eleitorais para coletar os resultados diretamente dos locais onde eles são contados. De lá, os dados são enviados por telefone ou eletronicamente. Os resultados são transmitidos ao centro de entrada de votos da AP.
Além disso, a AP monitora sites governamentais oficiais para coletar os resultados. Funcionários eleitorais também enviam dados para agência. Com isso, a apuração das eleições é checada e rechecada por mais de uma fonte de informação.
Nas noites de eleição geral, a AP pode ter até cinco ou seis fontes potenciais de resultados eleitorais em cada condado e escolher entre elas, dependendo de qual está mais atualizada e precisa.
Voltar ao início.
Histórico das eleições anteriores
Funcionários da Associated Press trabalham na noite das eleições dos EUA em 1964
AP Photo/Arquivo
A Associated Press foi formada em 1846 como uma cooperativa de jornais. Ela tabulou resultados eleitorais pela primeira vez dois anos depois, quando Zachary Taylor venceu a eleição presidencial.
O esforço para reunir os resultados de jurisdições em todo o país contou com o uso do telégrafo, durou 72 horas e custou, na época, o valor exorbitante de US$ 1.000.
Em 1916, a primeira transmissão eleitoral foi ao ar em uma pequena rede de rádios amadores, de acordo com uma história escrita pelo ex-diretor político da CBS News Martin Plissner.
À época, o apresentador encerrou o programa declarando incorretamente que o republicano Charles Evans Hughes havia derrotado democrata Woodrow Wilson. A AP anunciou a vitória de Wilson dois dias depois, quando conseguiu reportar os resultados da Califórnia.
No início da década de 1960, a AP e três redes de televisão — ABC, CBS e NBC — estavam realizando contagens de votos independentes. Elas concordaram em unir seus recursos na eleição de 1964 para compilar a contagem para as principais disputas.
Após a eleição de 2016, a AP deixou o pool de redes para continuar sua operação independente de contagem de votos e lançar a pesquisa “AP VoteCast” do eleitorado americano. O levantamento é uma alternativa às pesquisas de boca de urna das redes.
Voltar ao início.
VÍDEOS: mais assistidos do g1

Anúncios

Mundo

Por que Muhammad virou nome mais popular na Inglaterra

Published

on


Muhammad ultrapassou Noah como a escolha mais popular para os pais nomearem seus bebês meninos em 2023 O nome já aparecia entre os 10 principais nomes para bebês meninos desde 2016.
Getty Images via BBC
Muhammad foi o nome mais escolhidos por pais e mães para seus bebês na Inglaterra e no País de Gales em 2023, com mais de 4,6 mil registros, segundo o Departamento Nacional de Estatísticas (ONS, na sigla em inglês).
O nome já aparecia entre os 10 principais nomes para bebês meninos desde 2016, mas agora ultrapassou o favorito anterior, Noah.
Há, no entanto, um nível de variação regional, com Muhammad não aparecendo entre os 10 primeiros em três regiões da Inglaterra.
✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp
Outras grafias do nome — como Mohammed e Mohammad — também entraram na lista dos 100 mais populares na Inglaterra e no País de Gales.
O ONS considera cada grafia como um nome separado, com diferentes variações de Muhammad que se mostraram populares em anos anteriores.
Muhammed, ou Maomé, foi um líder religioso e político do Oriente Médio, fundador do islã, religião com cerca de 1,9 bilhão de fiéis ao redor do mundo.
De acordo com dados do Censo de 2021, havia 3,9 milhões de pessoas que se identificaram como muçulmanas na Inglaterra e no País de Gales, ou 6,5% do total da população.
Em 2011, eram 2,7 milhões, ou 4,9% do total. É o segundo maior grupo religioso, atrás apenas dos que se definiram como cristãos (40,7% do total).
No Brasil, segundo dados do IBGE de 2010, havia pelo menos 45 pessoas com o nome Muhammad. Outras 24 tinham o nome Maomé.
Influência da cultura pop
Olivia continua sendo a escolha mais popular para bebês do sexo feminino, seguida por Amelia e Isla. Esses três primeiros permaneceram inalterados desde 2022.
As novidades na lista dos top 100 nomes para meninas incluem Lilah, Raya e Hazel, enquanto Jax, Enzo e Bodhi entraram na lista dos meninos.
O ONS disse na quinta-feira que a cultura pop “continua a influenciar” as escolhas de nomes, citando as cantoras Billie Eilish e Lana Del Rey, os filhos da família Kardashian-Jenner, Reign e Saint, e as estrelas de cinema Margot Robbie e Cillian Murphy.
Outros nomes de artistas, como Miley, Rihanna, Kendrick e Elton, também registraram um aumento em 2023. Isso provavelmente se deveu a lançamentos de álbuns, turnês ou apresentações de alto nível de Miley Cyrus, Kendrick Lamar, Elton John e Rihanna, disse o ONS.
Os dias da semana foram mais uma fonte de inspiração para os pais, com nomes como Sunday (Domingo) e Wednesday (Quarta-feira) crescendo em popularidade no ano passado. O ONS estabeleceu uma possível ligação com a série Wednesday da Netflix, que foi lançada no final de 2022.
Quanto às estações do ano, Autumn (Outono) ocupa a 96ª posição na lista e Summer (Verão) a 86ª, subindo 10 posições em relação a 2022, mas 38 posições abaixo de 2013.
Enquanto isso, os nomes da realeza ficaram menos populares em 2023 — um declínio que faz parte de uma tendência contínua.
George, Archie, Harry e Charlotte se tornaram menos populares nos últimos anos, assim como Elizabeth e Charles.
As datas de publicação das escolhas mais populares de 2024 ainda não foram confirmadas.

Anúncios
Continue Reading

Mundo

Sírios comemoram a queda do governo de Bashar al Assad

Published

on


Assad foi deposto por uma ofensiva relâmpago de grupos rebeldes liderados por islamitas neste domingo (8). Pessoas comemoram na Praça Umayyad, em Damasco, em 8 de dezembro de 2024. Comemorações eclodiram em toda a Síria.
Bakr AL KASSEM / AFP
Multidões de sírios comemoraram neste domingo (8) a queda do presidente Bashar al-Assad, deposto por uma ofensiva relâmpago de grupos rebeldes liderados por islamitas que pôs fim a mais de meio século de governo da dinastia fundada por Hafez al Assad.
Al Assad, que liderou a Síria com mão de ferro desde que chegou ao poder há 24 anos, renunciou e deixou o país, disse a Rússia, seu principal aliado, que lhe concedeu asilo, informaram a TASS e a Ria Novosti.
Dezenas de pessoas invadiram sua luxuosa residência em Damasco, a capital. A casa do líder alauíta, que sucedeu seu pai Hafez al Assad, que governou o país de 1971 a 2000, também foi saqueada.
“Vim para me vingar, eles nos oprimiram de uma forma inconcebível”, disse Abu Omar, um sírio de 44 anos. “Hoje não tenho mais medo.”
Uma sala de recepção no palácio presidencial, localizado em outro bairro, foi incendiada, assim como edifícios pertencentes a agências de segurança, de acordo com repórteres da AFP e o Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), uma organização com sede no Reino Unido que monitora o conflito.
A aliança rebelde liderada pelo grupo islamista Hayat Tahrir al Sham (HTS) decretou um “toque de recolher em Damasco das 16h (10h em Brasília) até as 05h de segunda-feira” (23h de domingo em Brasília).
O anúncio foi feito horas depois que eles entraram na capital síria após uma ofensiva de blitzkrieg (guerra relâmpago) lançada da província de Idlib, no noroeste do país, em 27 de novembro.
Pelo menos 910 pessoas, incluindo 138 civis, foram mortas desde o início da ofensiva, disse o OSDH.
Quem é Bashar al-Assad, ditador sírio que deixou o poder após 24 anos
‘A Síria é nossa!’
O líder islamista da coalizão rebelde, Abu Mohamed al-Jolani, chegou a Damasco neste domingo e dirigiu-se à famosa mesquita Umayyad, onde fez um discurso.
Vídeos que circulam na mídia mostram que ele foi recebido por uma multidão que gritava “Allah Akbar” (Deus é grande).
Dezenas de pessoas saíram às ruas, de acordo com as imagens da AFPTV, para comemorar a queda do governo. As imagens mostraram pessoas pisoteando as estátuas de Hafez al Assad.
“A Síria é nossa, não pertence à família Assad!”, gritaram os combatentes nas ruas de Damasco. Na Praça Umayyad, ouviam-se tiros como sinal de alegria.
Os moradores contaram como os soldados do exército sírio tiraram seus uniformes quando saíram de seu quartel-general na praça.
“Após 50 anos de opressão sob o comando do partido Baath, e 13 anos de crimes, tirania e deslocamento, anunciamos hoje o fim dessa era sombria e o início de uma nova era para a Síria”, disseram os rebeldes.
Na televisão estatal, a coalizão, que classificou al Assad como “tirano”, disse que libertou todos os prisioneiros “detidos injustamente”.
A queda do governo abre um período de incerteza na Síria, fragmentada por uma guerra civil que matou quase meio milhão de pessoas desde 2011. O conflito dividiu o país em zonas de influência, com forças beligerantes apoiadas por potências estrangeiras.
Assad ‘deveria prestar contas’
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, saudou o fim do “regime ditatorial” da Síria.
O presidente dos EUA, Joe Biden, considerou a queda de al-Assad uma “oportunidade histórica” e disse que o líder “deveria prestar contas”.
Washington tem cerca de 900 soldados no país como parte da coalizão internacional que foi criada em 2014 para ajudar a combater o grupo jihadista Estado Islâmico.
A França e a Alemanha saudaram a queda de Bashar al-Assad, mas também pediram a rejeição de “todas as formas de extremismo”.
A Síria deve ser impedida de “cair no caos”, advertiu o Catar. A Arábia Saudita, por sua vez, pediu para proteger o país do “caos e da divisão”.
A Turquia, que é muito influente na Síria, onde apoia alguns grupos rebeldes, pediu uma “transição” pacífica no país e disse que estava em contato com os rebeldes para garantir a segurança.
A chefe diplomática da UE, Kaja Kallas, disse que a queda do governo é “positiva” e mostra “a fraqueza” de alguns de seus apoiadores, a Rússia e o Irã.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, considerou a derrubada de al-Assad um “dia histórico” e o descreveu como um “elo central” no “eixo do mal” liderado por Teerã.
O líder ordenou que seu Exército “tomasse” uma zona de desescalada desmilitarizada nas Colinas de Golã, um território sírio ocupado e anexado por Israel. Israel não permitirá que “nenhuma força hostil” se estabeleça na fronteira, disse ele.
Veja mais:
Queda de Assad na Síria; FOTOS
Por dentro da mansão de Bashar Al Assad, presidente deposto da Síria
5 perguntas para entender o que aconteceu na Síria
Centenas de presos são libertados da prisão de Sednaya, na Síria
Quem é Abu Mohammed al-Golani, chefe do grupo rebelde sírio HTS

Anúncios
Continue Reading

Mundo

Com avanço de rebeldes, Bashar al-Assad deixa Damasco, dizem agências

Published

on


Ditador sírio abandonou a capital e fugiu para um destino desconhecido após o avanço dos rebeldes, que entraram em Damasco sem resistência. A queda de Homs, conquistada em um dia de combates, deixou o governo de Assad à beira do colapso. Presidente da Síria Bashar al-Assad, que governa o país desde a morte de seu pai, em 2000.
JOSEPH EID / AFP
Forças rebeldes anunciaram neste domingo (8) que o ditador sírio Bashar al-Assad deixou a capital Damasco, segundo informações de agências internacionais.
Bashar al-Assad deixou Damasco em direção a um destino desconhecido, segundo dois oficiais do Exército citados pela agência Reuters. Os rebeldes afirmam ter entrado na capital sem encontrar resistência militar.
Testemunhas relataram que milhares de pessoas, a pé e em carros, se reuniram na praça principal de Damasco, acenando e gritando “Liberdade”.
Ainda segundo a Reuters, o primeiro-ministro sírio, Mohammad Ghazi al-Jalali, afirmou que permaneceu em sua casa e estava disposto a apoiar a continuidade do governo, após a fuga de Assad.
Em seguida, o líder rebelde sírio Ahmed al-Sharaa disse que está proibido se aproximar de instituições públicas, que, segundo ele, continuarão sob a supervisão do ex-primeiro-ministro até serem oficialmente entregues.
Forças rebeldes celebram chegada a Damasco em ofensiva para derrubar ditador Bashar al-Assad
Omar Sanadiki/AP
Cerco a Damasco: veja cronologia da ofensiva de rebeldes para derrubar Assad
Poucas horas antes, os rebeldes anunciaram o controle total de Homs, após um dia de combates, deixando o regime de 24 anos de Assad à beira do colapso (entenda sobre o conflito abaixo).
O líder da oposição síria, Hadi al-Bahra, baseado na Turquia anunciou à Al Jazeera que representantes do grupo se reunirão com países árabes, europeus e a ONU para discutir e definir a próxima fase do processo político na Síria.
O jornal The New York Times informou que um porta-voz do Conselho de Segurança Nacional afirmou que o presidente americano Joe Biden está “monitorando de perto os eventos extraordinários na Síria”.
Mais cedo, antes da fuga de Assad, o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que tomará posse em janeiro, afirmou que o país não deve se envolver no conflito.
Quem é Bashar al-Assad
Rebeldes contrários ao regime de Bashar al-Assad na Síria se lançaram sobre a cidade de Aleppo, sem grande resistência
EPA/Via BBC
Bashar al-Assad tem 59 anos e sucedeu no poder o pai, Hafez a-Assad, que morreu 2000 após governar a Síria por três décadas. Seu regime foi fruto de um golpe de Estado em 1971.
A família Assad é alauita, uma minoria religiosa xiita na Síria.
Nascido em 11 de setembro de 1965, em Damasco, estudou medicina e se especializou em oftalmologia. Em Londres, cursou uma pós-graduação.
Em 1994, Basil, seu irmão mais velho e sucessor natural de Hafez, morreu num acidente. Com isso, Bashar tornou-se o herdeiro do poder na família.
Em 10 de junho de 2000, ele foi declarado presidente pelo parlamento após um referendo popular no qual recebeu uma aprovação de 97,29%. Naquele momento, Bashar tinha 34 anos.
Em 2007, renovou seu mandato por outros sete anos em um referendo no qual obteve 97,62% dos votos. Em 2014, foi reeleito para um terceiro mandato de sete anos. A guerra civil síria já estava em curso e a votação foi realizada nas áreas controladas pelo governo.
A família Assad governa a Síria há mais de cinco décadas.
Entenda o conflito
Rebeldes extremistas chegam à terceira maior cidade da Síria e avançam em direção à capital
A capital Damasco é palco dos momentos decisivos na Síria que podem selar a queda do ditador Bashar al-Assad.
Segundo relatos de moradores de Damasco publicados pela imprensa internacional nas últimas horas, há membros das forças rebeldes circulando nos arredores da cidade e tiroteios ocorrendo em alguns pontos.
Neste sábado (7), o governo sírio acusou os insurgentes de espalharem informações falsas sobre o conflito para aterrorizar a população e criar instabilidade.
O ministro do Interior disse que há um “cordão militar” para proteger Damasco. Até então, não havia informações sobre o paradeiro de Assad. Durante a semana, a imprensa americana noticiou que Egito e Jordânia haviam recomendado a ele sair do país.
Em uma ofensiva iniciada há apenas 10 dias a partir do norte, forças lideradas pelo movimento extremista Hayat Tahrir al-Sham (HTS), ou Organização para a Libertação do Levante, conquistaram as cidades de Aleppo e Homs e marcharam rumo à capital, que está mais ao sul. Outras frentes opositoras partiram do sul e do leste, numa tentativa de fechar o cerco a Damasco.
O HTS surgiu como uma filial da Al Qaeda, grupo por trás dos atentados do 11 de Setembro.
Por onde passaram, os rebeldes derrubaram estátuas que homenageiam Hafez al-Assad, pai do atual presidente e fundador da dinastia que está no poder há 50 anos, e tomaram bases militares.
Retomada da guerra
Entenda o que está acontecendo na Síria, que tem avanço de grupo rebelde
A guerra civil na Síria começou em 2011 e, nos últimos quatro anos, parecia estar adormecida. Após um período sangrento de confrontos, que deixaram cerca de 500 mil mortos e causaram um enorme êxodo de sírios, o ditador conseguiu manter o controle sobre a maior parte do território graças ao suporte da Rússia, do Irã e da milícia libanesa Hezbollah.
No entanto, agora a Rússia está em guerra com a Ucrânia, e o Irã vive um conflito com Israel. O Hezbollah, por sua vez, perdeu seus principais comandantes neste ano, mortos em ataques israelenses.
Para os analistas, essa situação faz com que nem Putin nem o regime iraniano estejam dispostos a entrar de cabeça em mais uma guerra.
Um porta-voz do governo da Ucrânia disse que a escalada do conflito na Síria mostra que a Rússia não consegue lutar em duas guerras ao mesmo tempo.
Informações publicadas no sábado indicam que o Hezbollah e o regime iraniano estão retirando tropas que mantêm na Síria.
Assad e o presidente russo, Vladimir Putin, em foto de 2017
Mikhail Klimentyev/Sputnik via Reuters
O cientista político Guilherme Casarões, da Fundação Getúlio Vargas, diz que não é uma coincidência a ofensiva ter sido lançada agora.
“Aqueles que eram os três principais aliados do governo Assad, Hezbollah, Irã e Rússia, estão meio que fora desse envolvimento direto com o conflito, o que abriu uma oportunidade para que os rebeldes tentassem retomar certas posições estratégicas dentro do país. Aleppo, sendo a segunda maior cidade da Síria, é o primeiro destino que eles ocuparam.”
Segundo o professor, o acirramento do conflito pode ter consequências em todo o Oriente Médio. Se Assad cair, afirma ele, isso pode criar um vácuo de poder e escalar ainda mais as guerras que envolvem Israel, Hamas, Hezbollah e Irã.

Anúncios
Continue Reading

0 Items Found

No listings found.

Em alta