Tecnologia
Qual iPhone escolher: 15 ou 16?
Nova geração do celular da Apple traz mudanças em comparação ao modelo de 2023, como uma câmera mais poderosa e mudanças no visual do produto. Veja o resultado dos testes. Guia de compras: teste compara iPhone 15 ao 16
Veronica Medeiros/g1
O iPhone 16 representa a primeira mudança em anos no celular da Apple.
O desempenho ficou mais rápido e o visual teve pequenos aprimoramentos – incluindo novos botões e um posicionamento diferente das lentes na traseira para poder gravar “vídeos espaciais”.
As câmeras do iPhone 16 são o grande destaque, com uma mudança no gerenciamento de cores e a maior facilidade de usar estilos para mudar o visual das fotos.
Mas, se comparado ao iPhone 15, modelo do ano passado, muda muita coisa? É a hora de trocar de aparelho? O Guia de Compras testou os dois smartphones para ver as diferenças.
Ambos rodam o sistema iOS 18, o mais recente, com uma grande mudança: apenas o iPhone 16 (e os outros modelos mais caros da marca) serão capazes de rodar a Apple Intelligence, a inteligência artificial da fabricante.
Mas ainda não dá pra ver como funciona: essa atualização ainda não foi lançada. A ideia é que ela ofereça recursos como a integração com o ChatGPT, robô conversador da OpenAI.
A integração do ChatGPT com o iPhone poderá ser usada para responder a comandos na Siri e criar textos ou imagens, entre outras funcionalidades.
Só tem um problema: essa atualização do iOS com Apple Intelligence vai funcionar somente se o aparelho estiver com o sistema em inglês.
A funcionalidade em português ainda não tem previsão de lançamento, de acordo com a Apple Brasil.
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Mas o iPhone 16 ainda tem outras vantagens (maiores e nem tão grandes) sobre o 15. Veja a seguir e saiba, ao fim da reportagem, como foram feitos os testes.
iPhone 15
Na comparação com iPhones mais antigos, o iPhone 15 foi uma atualização incremental. Era quase igual ao modelo anterior por dentro e por fora.
É um celular que tira excelentes fotos e conta com uma bateria que dura bastante, além de ter sido o primeiro a vir com o conector USB-C, que substitui o antigo padrão exclusivo Lightning.
O USB-C tem a vantagem de poder ser usado em diversos aparelhos eletrônicos – de celulares com sistema Android a fones de ouvido e notebooks. Desse modo, o carregador de um Samsung serve no iPhone 16, por exemplo.
Cabos: Lightning, usado pela Apple, e os padrões de conectores para USB-A e USB-C
Henrique Martin/g1
Além disso, é uma alternativa mais “econômica” para quem quer trocar de iPhone, mas não faz questão de ter o aparelho mais recente.
O modelo com 128 GB de armazenamento custava R$ 6.500 nas lojas on-line consultadas em outubro.
A Apple oferece também versões com 256 GB (R$ 7.300) e 512 GB (R$ 8.800).
iPhone 16
O iPhone 16, recém-lançado no Brasil, traz a primeira grande mudança de design em anos, com câmeras um pouco diferentes do que encontramos nos produtos da Apple.
A bateria tem uma duração excepcional, e o conector USB-C agora é padrão entre os smartphones da marca.
Mas, por ser um lançamento, é um aparelho bem mais caro.
O modelo com 128 GB de armazenamento era vendido nas lojas da internet em outubro por R$ 7.800. A Apple oferece versões com 256 GB (R$ 8.500) e 512 GB (R$ 10.100).
Desempenho e bateria
Em todos os testes de desempenho e de vídeo veja ao final como são feitos), o iPhone 16 foi mais rápido que o iPhone 15.
Ambos rodaram muito bem os aplicativos de teste e não travaram durante o uso. O iPhone 16 esquentou um pouco durante os testes de fotografia.
O ganho de desempenho se dá pelo novo chip A18 Bionic do iPhone 16, uma versão mais simplificada – mas não menos potente – da usada pela Apple nos modelos mais caros da linha Pro.
O iPhone 15 usa o chip A16 Bionic, que é quase igual ao do no iPhone 14 (A15 Bionic).
A atualização para o iOS 18, porém, trouxe avanço no gerenciamento de bateria. A bateria do iPhone 15 durou pouco mais, passando das 12h30 (eram 11h40 no iOS 17).
A bateria do iPhone 16 foi além das 13h30 de uso, chegando ao final do dia com a carga com 30% disponíveis.
Em alguns momentos do teste, mesmo com uso intenso, chegou ao dia seguinte ainda com 25% de carga.
Como é padrão nos celulares da Apple, ambos são vendidos sem o carregador de tomada na caixa. A Apple fornece apenas o cabo USB-C com acabamento em tecido.
A Apple indica a compra de um carregador USB-C rápido. O modelo de 20W oficial custa na faixa de R$ 220, e o de 30W, R$ 320.
Para comparação, um adaptador de tomada de 20W de marcas de acessórios, como a Geonav, custa na faixa de R$ 75. Um de 30W da Baseus saía na faixa dos R$ 130.
Design
De frente, com a tela de 6,1 polegadas desligada, os iPhones 15 e 16 parecem quase iguais. O iPhone 16 pesa 170 gramas. O iPhone 15 pesa quase nada a mais, com 171 g.
A tela segue com taxa de atualização de 60 Hz, contra 120 Hz nos modelos da linha 16 Pro. Essa taxa, medida em hertz (Hz), indica quantas vezes o display “pisca” para atualizar a imagem –, deixando as cenas mais fluidas nos vídeos e games.
Para comparação, celulares com sistema Android que custam menos de R$ 2.500 têm displays com 120 Hz de taxa de atualização.
Ambos contam com o recurso Dynamic Island, que mostra notificações rápidas no topo da tela.
A Dynamic Island ocupa a área da câmera frontal e traz informações de aplicativos em uso, como um pequeno tocador de música, quanto tempo falta para o carro do app de transporte chegar ou a comida do delivery.
Dynamic Island, recurso presente nos iPhones 15 e 16
Divulgação/Apple
Vistos por trás e pelos lados, os iPhones 15 e 16 são bem distintos. O novo celular tem as duas câmeras alinhadas na vertical. O iPhone 15 tem as câmeras em diagonal, como uma peça de dominó.
iPhone 16 (à esquerda) e iPhone15 (à direita)
Reprodução Apple
O alinhamento das lentes no iPhone 16 tem um motivo: a posição permite, com a câmera na horizontal, gravar vídeos “espaciais” para serem vistos no dispositivo de realidade virtual da Apple, o Vision Pro. Que ainda não foi lançado no Brasil, bom lembrar.
Outra novidade no design do iPhone 16 é a presença de um botão de Ação customizável, que substitui a chave que ativava o modo silencioso no telefone.
Esse botão de Ação, ao ser clicado duas vezes, pode ativar a lanterna, o modo silencioso, o gravador ou ativar apps de acordo com a vontade do dono.
iPhone 16 abaixo do iPhone 15, com o botão de ação substituindo a chave do modo silencioso no lado esquerdo dos aparelhos.
Henrique Martin/g1
O outro recurso, que também é novidade nos modelos da linha Pro, é o que a Apple chama de Controle da Câmera.
Sensor Camera Control (à esquerda) do iPhone 16, localizado próximo ao botão de liga/desliga.
Henrique Martin/g1
É um sensor sensível ao toque, não um botão (apesar de parecer com um), localizado na lateral direita do aparelho. Sua função é única: comandar a câmera.
Um clique nele e a câmera entra em ação. Outro toque e ele tira uma foto, sem precisar tocar na tela.
Dois toques e é possível alternar entre as funções da câmera, com ajuste de exposição, profundidade, zoom, alternar entre as lentes e entre os estilos e tons de cores (mais sobre isso abaixo).
A ideia da Apple parece ter sido criar uma espécie de seletor parecido com o de câmeras digitais convencionais.
Usar no começo confunde um pouco, mas é algo fácil de se acostumar – se você se lembrar de usar esse sensor para comandar a câmera.
Tanto o botão de Ação como o Camera Control são úteis, mas é difícil lembrar da sua existência no uso cotidiano do iPhone 16. É uma questão de se habituar mesmo.
O acabamento traseiro em vidro fosco é parecido nos dois iPhones. Mudam as cores apenas – o 16 está disponível nos tons preto, branco, rosa, verde-acinzentado e ultramarino.
Já o iPhone 15 vem nas cores preto, azul, verde, amarelo e rosa.
Câmeras
As câmeras traseiras dos dois iPhones têm a mesma resolução: 48 megapixels no sensor principal e 12 MP na lente grande angular.
Mas isso não significa que os resultados são iguais. A Apple fez pequenas mudanças na câmera do iPhone 16, que podem ser percebidas de forma muito sutil e que melhoram as imagens.
As fotos abaixo foram feitas na sequência. A do iPhone 16 tem um contraste maior e um verde mais forte que o do 15.
As fotos abaixo foram feitas na sequência
A mesma coisa acontece na imagem abaixo:
O modo Retrato, para fotos com o fundo desfocado, segue excelente nos dois aparelhos, como dá paa
A mudança suave de tons é perceptível também no sensor da lente grande angular.
O modo Retrato, para fotos com o fundo desfocado, segue excelente nos dois aparelhos, como dá para ver nas imagens a seguir.
Mas a combinação de desfoque e cores saturadas ao fundo podem fazer parecer que algumas fotos do iPhone 16 foram feitas por inteligência artificial – e não foram.
Foto de gato feita com modo retrato no iPhone 16: o filhote ficou um pouco artificial
Henrique Martin/g1
A câmera tem três opções de troca de lentes nos dois iPhones: 0,5 na grande angular, 1x para o sensor principal e 2x de zoom.
O resultado do “zoom” de 2x nada mais é que recortar a imagem de 48 megapixels e aproximar, tendo uma foto boa de 12 mp.
Com boa iluminação, o zoom digital pode chegar a 10x com bons resultados.
As diferenças sutis de tons vistas nas fotos diurnas também são perceptíveis nas fotos noturnas, como dá pa
As diferenças sutis de tons vistas nas fotos diurnas também são perceptíveis nas fotos noturnas, como dá para ver abaixo. O iPhone 16 deixou o céu menos claro e com mais cores nos detalhes.
Mesmo em fotos feitas dentro de casa com pouca luz, o iPhone 16 também foi melhor que o iPhone 15 na captura de detalhes e nitidez.
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A câmera do iPhone 16 traz uma novidade e uma mudança em comparação com a do iPhone 15.
A novidade é a capacidade de tirar fotos de detalhes com o modo macro. Era um recurso até então reservado aos modelos da linha Pro.
A foto abaixo foi feita cerca de 9 centímetros de distância da flor no iPhone 15 e menos de 2 cm no iPhone 16.
A mudança e é a presença direta nos comandos da câmera (e nas opções do sensor Camera Control) dos estilos fotográficos. Era algo que já existia em iPhones antigos, mas não era tão simples de achar e alterar.
Esses estilos usam ajustes predefinidos da câmera para destacar tons e cores. São 15 no total, permitindo tirar a mesma foto em modos distintos, como dá para ver abaixo.
Estilos fotográficos do iPhone 16: no app da câmera é possível escolher entre 15 modos distintos de tons e cores
Henrique Martin/g1
Os estilos fotográficos também estão disponíveis na câmera de selfie do iPhone 16 (que é a mesma de 12 megapixels nos dois aparelhos).
Estilos fotográficos do iPhone 16 também servem para as selfies
Henrique Martin/g1
Conclusão
VALE A TROCA? Se você tem os iPhones mais antigos e já fora de linha (X, 11, 12 ou 13), compensa seguir para o iPhone 16. A diferença será sentida na melhoria da câmera, do desempenho e na duração maior da bateria.
O iPhone 16 também pode valer a pena se você quer ter os recursos de IA. Mas cuidado que o aparelho não deve ter os recursos de inteligência artificial da Apple Intelligence liberados tão cedo para os brasileiros.
A funcionalidade será lançada em inglês em um primeiro momento e a Apple não tem previsão de liberar o recurso em português. Quem quiser usar vai precisar trocar o idioma do iOS para inglês.
Vale lembrar que a assistente virtual Siri foi anunciada pela Apple em 2011, mas só começou a “falar português” em 2015. Com esse histórico, dá para imaginar que a Apple Intelligence deve demorar a chegar para os brasileiros.
Agora, se você tem o iPhone 14, dá para esperar mais um ano para trocar o smartphone – ainda mais que ele é muito parecido (por dentro e por fora) com o iPhone 15.
As únicas grandes diferenças entre eles estão na câmera um pouco melhor no 15 e no conector USB-C, que substituiu o antigo Lightning.
Como foram feitos os testes
Os dois iPhones foram enviados por empréstimo pela Apple e serão devolvidos.
Para os testes de desempenho, foram utilizados dois aplicativos: 3D Mark, da UL Laboratories, e o GeekBench 6, da Primate Labs.
Eles simulam tarefas cotidianas dos smartphones, como processamento de imagens, edição de textos, duração de bateria e navegação na web, entre outros.
Esses testes rodam em várias plataformas – como Android, iOS, Windows e Mac OS – e permitem comparar o desempenho entre elas, criando um padrão para essa comparação.
Os testes de bateria foram feitos com uso cotidiano do aparelho.
Esta reportagem foi produzida com total independência editorial por nosso time de jornalistas e colaboradores especializados. Caso o leitor opte por adquirir algum produto a partir de links disponibilizados, a Globo poderá auferir receita por meio de parcerias comerciais. Esclarecemos que a Globo não possui qualquer controle ou responsabilidade acerca da eventual experiência de compra, mesmo que a partir dos links disponibilizados. Questionamentos ou reclamações em relação ao produto adquirido e/ou processo de compra, pagamento e entrega deverão ser direcionados diretamente ao lojista responsável.
Tecnologia
Motoristas de Uber vão pedir código ao passageiro antes de iniciar viagem? Entenda mudança
Função de segurança, chama de U-Código, exige PIN dos passageiros em corridas com motoristas que ativarem o recurso no aplicativo. Motorista de aplicativo Uber
Dan Gold/ Unsplash
A Uber anunciou nesta quinta-feira (7) a expansão do recurso U-Código para os motoristas parceiros. A ferramenta de segurança exige que o passageiro forneça uma senha ao condutor antes do início da viagem — o PIN é gerado e exibido no aplicativo.
Segundo a empresa, mesmo que o usuário não tenha o U-Código configurado em sua conta, ainda precisará informar o código ao motorista caso ele tenha o recurso habilitado. O uso do U-Código é opcional, permitindo que o motorista o ligue ou desligue a qualquer momento.
A Uber disse que a novidade já estava em testes em algumas cidades do Brasil.
“Além do nome e foto do motorista, a placa e o modelo do veículo, os usuários também podem ter mais tranquilidade ao checar o carro correto com a opção de U-Código ativada”, completou.
A empresa explica que os motoristas interessados em usar o U-Código podem ativar a função na “Central de Segurança” do aplicativo e, em seguida, tocar em “Verificação de U-Código”.
Já os usuários podem habilitar a ferramenta acessando “Conta”, “Configurações”, “Verifique sua Viagem” e, por fim, ativando “Use PIN para verificar viagens”.
O app também oferece a opção de utilizar o U-Código apenas durante o período noturno, entre 21h e 6h. Para isso, basta ativar essa configuração na mesma tela.
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Tecnologia
Truth Social e Tesla disparam com vitória de Trump; Elon Musk fica R$ 109 bilhões mais rico
Fortuna de Trump cresceu mais de 20% nesta quarta (6), chegando a US$ 7,2 bilhões. Já Musk, o homem mais rico do mundo, acumula um patrimônio de US$ 285,2 bilhões. Donald Trump e Elon Musk
Reprodução
Donald Trump, eleito presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira (6), ganhou mais de US$ 400 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões) nesta quarta-feira (6), até às 14h, segundo o ranking de bilionários em tempo real da revista Forbes.
A fortuna de Trump cresceu mais de 6% em poucas horas, indo de US$ 6 bilhões para US$ 6,4 bilhões (cerca de R$ 36,8 bilhões). Essa é uma consequência da disparada dos preços das ações de sua empresa de rede social, a Truth Social.
Entenda por que dólar, juros futuros e bitcoin dispararam depois da vitória de Donald Trump
As ações da companhia, que Trump criou em 2022 para rivalizar com o antigo Twitter, após ser banido da plataforma, subiam mais de 8% por volta das 14h.
Já seu apoiador e homem mais rico do mundo, Elon Musk viu seu patrimônio crescer em US$ 18,9 bilhões (cerca de R$ 109 bilhões), também até às 14h. As ações da Tesla, sua montadora de veículos elétricos, subiam 14% no mesmo horário, na esteira da vitória de Trump.
Musk, fundador da Tesla e da SpaceX ficou mais de 7% mais rico na manhã desta quarta-feira, com sua fortuna partindo de US$ 264,7 bilhões para US$ 283,6 bilhões.
“As ações da Tesla estão crescendo […] devido às relações privilegiadas de Elon Musk com Donald Trump” que “lhe deve muito”, explica Andrea Tueni, analista de mercado do Saxobank, à AFP.
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Truth Social
As ações da Truth Social já haviam começado a subir em outubro, devido ao aumento das expectativas de que Trump poderia ser eleito.
No fim de setembro, a situação era completamente diferente. Os papéis da companhia viviam um período ruim e chegaram a despencar mais de 40%, por conta de resultados muito baixos apresentados nos balanços corporativos.
É que, em agosto, a Truth Social mostrou uma receita de cerca de US$ 837 mil, um número considerado muito baixo para uma empresa com valor de mercado avaliado em aproximadamente US$ 4,7 bilhões. E a volta de Trump ao X naquele mês pesou ainda mais sobre as ações da companhia.
Apoio de Musk
Elon Musk, bilionário dono da Tesla e da rede social X, durante evento de apoio a Trump em outubro
Evan Vucci/AP
O bilionário Elon Musk, que também é dono do X, anunciou oficialmente o apoio a Trump em julho, horas depois de o ex-presidente sobreviver a uma tentativa de assassinato durante um comício em Butler, na Pensilvânia.
Desde então, o empresário fez doações milionárias para a campanha do republicano e chegou a sortear US$ 1 milhão (R$ 5,6 milhões) por dia para eleitores registrados na Pensilvânia, considerado um dos estados-chave para decidir a eleição presidencial americana.
Mundo reage à eleição de Trump
Tecnologia
O plano de Brasil e China que pode 'furar' domínio da Starlink de Musk
Os dois países negociam um memorando de entendimento sobre internet via satélite após ápice da crise entre Musk e autoridades no Brasil. Modelo de satélite de órbita baixa durante a 19ª Exposição Internacional da Indústria Automobilística de Xangai
Getty Images via BBC
Os governos do Brasil e da China preparam um plano que, se implementado, pode ajudar a diminuir a dominância que a empresa Starlink tem sobre o serviço de internet via satélite no Brasil.
A Starlink pertence ao bilionário Elon Musk. O plano prevê o início das operações da empresa chinesa de satélites SpaceSail no Brasil, que pretende operar no mercado brasileiro hoje liderado pela Starklink. A informação foi confirmada à BBC News Brasil pelo secretário de telecomunicações do Ministério das Comunicações, Hermano Barros Tercius.
A ideia, segundo Tercius, é que Brasil e China assinem memorandos de entendimento sobre o assunto durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao país, no dia 20 de novembro.
Ainda não há prazo, no entanto, para que a companhia comece a operar no país. Procurada, a embaixada da China não respondeu aos questionamentos enviados pela reportagem.
A assinatura dos memorandos, se ocorrer, acontecerá pouco mais de dois meses depois do ápice da crise entre Musk e autoridades brasileiras, a qual culminou, em agosto, com a suspensão do X (antigo Twitter) no Brasil.
A SpaceSail é uma empresa privada chinesa sediada em Xangai e atua no mercado de internet banda larga provido por satélites de órbita baixa.
Atualmente, a companhia conta com 18 satélites, mas seus planos incluem o lançamento de até 15 mil até 2030. A título de comparação, estima-se que a Starlink tenha 6 mil.
Conhecidos como LEO (Low Earth Orbit), estes satélites são menores e formam verdadeiras “constelações” ao redor da Terra. Eles ficam a uma distância de aproximadamente 549 km em relação à superfície terrestre, enquanto os convencionais ficariam a quase 1.000 km.
Por estarem mais próximos, o tempo para a transmissão de dados é menor, o que permite uma internet mais rápida e confiável.
No Brasil, a Starlink de Elon Musk é líder e detém 45,9% do mercado de internet via satélite, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Mas o agravamento das tensões entre Musk e autoridades brasileiras levantou rumores sobre os eventuais impactos da dependência do país em relação à empresa do bilionário.
Contatos em meio à crise com Musk
No Brasil, a Starlink de Musk já é líder no mercado de internet via satélite
Getty Images via BBC
Os contatos entre a SpaceSail e o Brasil começaram oficialmente em meados de agosto. No dia 20 daquele mês, uma comitiva liderada pelo presidente da empresa, Jie Zheng, reuniu-se com representantes do governo brasileiro, entre eles o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Os planos da empresa, apresentados à época, incluem entrar em operação no Brasil até 2025.
Para isso, no entanto, a empresa precisa de autorizações junto à Anatel para que, entre outras coisas, a companhia possa construir a infraestrutura em solo que permita que o sinal dos seus satélites possam ser acessados no Brasil.
A SpaceSail funcionaria de forma semelhante à Starlink e outros serviços de internet via satélite. O usuário precisaria instalar uma pequena antena para conseguir acessar a internet.
Segundo Hermano Tercius, um dos memorandos de entendimento negociados entre Brasil e China prevê a colaboração técnica necessária para que serviços como o da SpaceSail possam entrar em funcionamento no país.
“A gente está evoluindo nos textos e nas discussões pra gente ver se a gente assina [o memorando]. Assim, ficaria uma intenção mais concreta de colaboração, que ainda não é um compromisso. [O memorando] É uma intenção de colaborar com o que pode estar faltando para eles [SpaceSail] anteciparem [a entrada em operação]”, diz Tercius à BBC News Brasil.
Ele esteve na China em outubro e se reuniu com representantes do governo chinês sobre o assunto.
O secretário afirmou ainda que não está definido se o memorando vai envolver apenas os ministérios de comunicações dos dois países ou se a SpaceSail e a Telebras, estatal brasileira no setor de telecomunicações, também vão participar do documento.
Uma possibilidade é que a Telebras, que já mantém contratos com o governo federal, possa utilizar os serviços da SpaceSail para fornecer internet de banda larga a escolas ou outras instalações de interesse do governo brasileiro.
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Tercius disse não saber se a crise envolvendo Elon Musk e o Supremo Tribunal Federal (STF) tiveram influência nas negociações entre os dois governos. Segundo ele, a busca por novos fornecedores de internet via satélite é uma tentativa do Brasil de evitar a formação de “monopólios” no setor.
“A gente procura, é lógico, evitar monopólios e ter essa competição para que saibamos quem presta o melhor serviço e quem oferece um custo melhor para que a população tenha mais acessibilidade a este tipo de serviço […] Independentemente de como vai evoluir a situação da Starlink, a gente espera que haja maior quantidade de prestadores”, afirma o secretário.
O secretário disse ainda que o governo brasileiro levou à China a proposta de que parte dos lançamentos dos satélites da constelação da SpaceSail sejam feitos a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão.
“O que a gente tentou foi ver com eles a possibilidade de, além deles prestarem serviço ao Brasil, eles possam usar nossa base lançamento de foguetes para lançar os satélites daqui […] vai ser bom para eles porque pode agilizar o cronograma de funcionamento deles, e para nós também é bom porque daria um melhor uso à base de Alcântara”, diz Tercius.
Segundo ele, outro memorando de entendimento que está sendo negociado com a China é sobre a construção de um satélite geoestacionário para atender o Brasil.
De acordo com o secretário, ainda não há definição sobre se este novo satélite atenderia apenas às necessidades de comunicação ou se também poderia ser usado nos sistemas de defesa brasileiro.
Tensão e domínio
O ápice da crise entre Musk e as autoridades brasileiras aconteceu no dia 30 de agosto, quando o STF decidiu suspender as operações do X (antigo Twitter, que Musk comprou em 2022).
A suspensão do X no Brasil foi determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes após a plataforma fechar seu escritório no Brasil, ficar sem representante legal no país e se recusar a cumprir determinações da Corte relacionadas a inquéritos que investigam milícias digitais.
Musk reagiu às decisões do STF e fez diversas críticas diretas a Moraes. Segundo o bilionário, as decisões seriam um atentado à liberdade de expressão.
A crise, porém, espirrou em outro negócio de Musk: a rede de satélites de órbita baixa Starlink. O STF chegou a determinar o bloqueio das contas da empresa no Brasil depois que o X deixou de pagar multas aplicadas pela Corte.
Em 8 de outubro, o STF autorizou o retorno do funcionamento do X no Brasil após a empresa, segundo a Corte, atender às exigências feitas pelo tribunal.
A escalada da crise em direção à Starlink, no entanto, levou a rumores de que a empresa poderia ter seu funcionamento suspenso no Brasil, a exemplo do que aconteceu com o X. E isso deixou setores da economia e até militares preocupados.
A Starlink é um braço da SpaceX, a companhia de exploração espacial de Elon Musk.
A empresa fornece serviços de internet por meio de uma enorme rede de satélites. No Brasil, ela é frequentemente utilizada por pessoas e instituições que vivem em áreas remotas, onde não há infraestrutura local como cabos e postes — caso de boa parte da Amazônia.
Especialistas no assunto afirmam que a empresa tem hoje a maior constelação de satélites operando no mundo e que é capaz de atender a pelo menos 37 países.
No Brasil, a ascensão da empresa no mercado foi meteórica.
Em janeiro de 2023, segundo a Anatel, a Starlink era a quinta principal provedora do mercado e responsável por 4,7% do mercado de internet via satélite.
Um ano e meio depois, em julho deste ano, a empresa já havia assumido a liderança com 45,9% de participação no mercado.
Atualmente, além de fornecer internet de banda larga para pessoas físicas em áreas isoladas, ela também fornece conexão para embarcações da Marinha, instalações militares do Exército e para plataformas e navios da Petrobras.
Apesar de Hermano Tercius dizer que não sabe se a crise entre Musk e as autoridades brasileiras influenciaram na decisão do governo de buscar novos fornecedores de internet via satélite, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o bilionário não é visto com bons olhos.
Ao longo das eleições presidenciais de 2022, Musk declarou apoio ao então presidente Jair Bolsonaro (PL). Em meio à crise com o STF, ele acusou o ministro Alexandre de Moraes de ter interferido no resultado das eleições vencidas por Lula.
Em agosto, Lula disse que Musk precisava respeitar as leis brasileiras e que o Brasil não poderia ter “complexo de vira-latas”.
“Ele tem que respeitar a decisão da Suprema Corte Brasileira. Se quiser bem, se não quiser, paciência. Se não for assim, esse país nunca será soberano, esse país não é um país que tem uma sociedade com complexo de vira-lata. Porque o cara americano gritou e a gente fica com medo. Não! Esse cara tem que aceitar as regras desse país”, disse Lula em entrevista à Rádio MaisPB, da Paraíba.
Para o diretor de tecnologia da empresa Sage Networks, Thiago Ayub, a liderança da Starlink se deve à qualidade do serviço oferecido em comparação com seus atuais competidores.
“Essa dominância da Starlink se revela nos indicadores que observamos esse ano, como a de 90% das cidades da Amazônia contendo clientes do serviço ou da preocupação revelada pelas Forças Armadas do Brasil diante de uma possível suspensão do serviço diante do atrito entre a empresa e o STF”, diz Ayub.
Ele avalia, porém, que ampliar o número de fornecedores de internet via satélite pode ser bom para o país.
“Ter múltiplos fornecedores do mesmo produto é um indicador de saúde de qualquer mercado, mas nesse em especial, por ser estratégico, é essencial que o Brasil consiga atrair outros competidores da Starlink na categoria LEO para atender tanto o setor público como o privado”, afirma.
Do ponto de vista chinês, obter novos mercados para este setor é uma das prioridades do governo. Em 2020, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, um dos órgãos executivos mais importantes do país, elencou a criação de uma nova infraestrutura de internet via satélite como um dos principais objetivos do país no curto e médio prazos.
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