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Pop

Boninho deixará Globo no final de 2024 após 40 anos

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Rodrigo Dourado assume direção de gênero de Reality da Globo. Boninho
Globo/Marcos Rosa
A Globo anunciou, nesta sexta-feira (13), que Rodrigo Dourado, diretor artístico de programas como “Big Brother Brasil” e “Estrela da Casa”, assumirá o comando dos realities da empresa.
Esse mês, a Globo iniciou conversas com Boninho, atual diretor de Gênero Reality, para uma nova parceria como talento artístico, com quadros e participações em programas e desenvolvimento de novos projetos, mas o diretor optou por seguir atuando como criador, agora de forma independente.
Durante o período de transição, Boninho dirigirá o especial de Roberto Carlos e, no fim do ano, encerrará, em comum acordo com a Globo, o seu contrato.
Rodrigo Dourado, que assumiu a direção geral do “BBB” há dez anos e, há cinco, a direção artística do principal reality da Globo, será o novo diretor de Gênero Reality.
Boninho foi um dos principais responsáveis por trazer grandes realities para o Brasil, além de atuar na criação e desenvolvimento de quadros e programas do formato na TV Globo.
O Big Boss, assim apelidado por sua atuação nas 24 edições do “Big Brother Brasil”, esteve à frente de programas como “No Limite”, “Hipertensão”, “Jogo Duro”, “The Voice Brasil”, “The Voice Kids” e “The Voice +”, “SuperStar” , “Popstar” , “Mestre do Sabor”, “Estrela da Casa” e ainda de quadros como “Super Chef” e “Jogo de Panelas”.
Carreiras
José Bonifácio Brasil de Oliveira começou a sua carreira aos 17 anos na Rádio Excelsior, em São Paulo, e de lá seguiu para a Rádio Globo. Em 1984, estreou na TV Globo com o programa ‘Clip Clip’ e, a partir daí, dirigiu diversos projetos musicais: dos clássicos clipes para o ‘Fantástico’ até a transmissão de festivais, shows e lives como ‘Rolling Stones’, ‘Hollywood Rock’, ‘Free Jazz’, ‘Rock in Rio’, ‘Especial Amigos’, ‘Show da Virada’ e ‘Especial Roberto Carlos’, entre outros.
Em 1992, foi responsável pela criação e programação do canal Multishow. Participou ainda da criação de quadros de games do ‘Domingão do Faustão’, da ‘TV Colosso’ e do ‘Angel Mix’. Foi também responsável pela direção de núcleo de programas como ‘Caldeirão do Huck’, ‘Vídeo Show’, ‘TV Xuxa’, ‘Estrelas’, ‘Tamanho Família’ e ‘Domingão do Faustão’ e, como diretor de Gênero, já esteve à frente de ‘Mais Você’, ‘Encontro com Fátima Bernardes’ e ‘É de Casa’, ‘Caldeirão com Mion’, ‘Panelaço’, ‘Carnaval’, shows, transmissões de eventos e especiais musicais.
Rodrigo Dourado
Globo/ Manoella Mello
Rodrigo Dourado está no ‘Big Brother Brasil’ desde sua primeira edição. Migrou do jornalismo para o entretenimento, onde começou no reality em 2002, como editor. Algumas temporadas depois, passou a diretor, quando passou a cuidar do conteúdo, da pós-produção e da direção de festas.
No ‘BBB 15’, assumiu a direção geral da atração, cargo que ocupou até a edição de 2021 do reality, quando passou a assinar a direção artística. Nos anos em que esteve no entretenimento da TV Globo, Rodrigo Dourado trabalhou também em outros realities e programas de variedades como ‘No Limite’, ‘Fama’, ‘Estrelas’, ‘The Voice’, ‘Hipertensão’ e ‘O Jogo’. Esse ano, ao lado de Boninho, participou da criação e do desenvolvimento artístico de ‘Estrela da Casa’, formato original de grande sucesso comercial.
Abaixo a íntegra do comunicado interno divulgado hoje por Amauri Soares, diretor executivo da TV Globo e dos Estúdios Globo:
Companheiros dos Estúdios Globo,
Após 40 anos de atuação, Boninho está encerrando seu ciclo na Globo.
Boninho tem história profissional que fala por si.
Desde 1984, quando chegou à Globo, Boninho ajudou a criar e produziu dezenas de programas, shows, especiais e festivais. ‘Clip Clip’ foi o primeiro. Depois vieram os clássicos clipes para o ‘Fantástico’, ‘Hollywood Rock’, ‘Free Jazz’, ‘Rock in Rio’, ‘Especial Amigos’, ‘Show da Virada’, ‘Especial Roberto Carlos’ e “Carnaval Globeleza”, entre outros.
Foi diretor de programas como ‘TV Colosso’, “Angel Mix”, ‘Caldeirão do Huck’, ‘Vídeo Show’, ‘TV Xuxa’, ‘Estrelas’, ‘Tamanho Família’, ‘Domingão do Faustão’, ‘Mais Você’, ‘Encontro com Fátima Bernardes’, ‘É de Casa’ e ‘Caldeirão com Mion’. E foi um dos criadores do canal Multishow.
Nos últimos 25 anos, Boninho liderou o Big Brother Brasil, o que rendeu o apelido de Big Boss. Liderou também os realities ‘No Limite’, ‘Popstar’, ‘The Voice’, ‘Mestre’ do Sabor’ e outros.
Showrunner experiente e apaixonado por televisão, Boninho será sempre lembrado como um dos grandes da Globo.
Eu ainda tentei mantê-lo conosco, num novo modelo, atuando como talento do vídeo. Mas Boninho não aceitou. Preferiu seguir atuando como criador, agora de forma independente.
O novo Diretor do Gênero Reality será Rodrigo Dourado.
Com 22 anos de Globo, Dourado é prata da casa e foi formado aqui nos Estúdios pelo próprio Boninho, desde que migrou do Jornalismo.
Rodrigo Dourado atua no ‘Big Brother Brasil’ desde a primeira edição e dirige o reality há 20 anos.
Profissional experiente e altamente capacitado, Dourado dirigiu também ‘No Limite’, ‘Fama’, ‘Estrelas’, ‘The Voice’, ‘Hipertensão’ e ‘O Jogo’.
A transição na Direção do Gênero Reality começa agora e vai até o final do ano.
Boninho, como diretor, ainda conclui a entrega da temporada do ‘Estrela da Casa’, em exibição, e o Especial Roberto Carlos.
A direção do Carnaval, que estava com Boninho, passa para o Gênero de Música, com Joana Thimoteo e equipe.
O desenvolvimento da nova temporada do ‘BBB’, que será exibida a partir de Janeiro de 2025, já fica sob a liderança de Rodrigo Dourado e seu time.
Em nome de toda a equipe dos Estúdios Globo e da TV Globo, eu agradeço ao Boninho pelos anos de parceria e criação conjunta. Também desejo muito sucesso nas novas iniciativas que ele planeja para o futuro.
Para o Dourado, desejamos que tenha, como diretor do Gênero Reality, o mesmo sucesso que teve nos programas que liderou até aqui. E, para isso, ele terá o apoio de todos nós.
Abraço
Amauri Soares

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Pop

Caso Diddy: psiquiatra explica onda de comentários irônicos envolvendo denúncias a rapper

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Pessoas têm postado comentários ironizando toda a situação, que envolve crimes de violência física e sexual. Especialista cita que redes sociais amplificam o ‘efeito manada’. Psiquiatra explica onda de comentários irônicos envolvendo o caso Sean Combs
Sean “Diddy” Combs não saiu das notícias dos últimos dias. O rapper, que também é conhecido como Puff Daddy, foi preso no dia 16 de setembro sob a suspeita de tráfico sexual e agressão. O artista é acusado de abuso sexual e de drogar pessoas durante festas promovidas por ele.
Diddy nega todas as acusações, que são bem semelhantes às feitas por Cassie Ventura. A ex-namorada do rapper abriu um processo contra ele alegando que foi estuprada e violentada por mais de uma década.
Ponto a ponto: quem é Sean Diddy Combs e quais são as acusações que envolvem sua prisão
Além de tudo o que virou notícia sobre o caso, uma situação chamou a atenção nas redes sociais: apesar de todas as questões de violência física e sexual do caso, muita gente decidiu fazer piada e ironizar a situação.
Desde a prisão do rapper, a internet ficou cheia de postagens inspiradas nesse caso. Muitos delas apontam nomes de amigos famosos do cantor, como Jay-Z. Os dois têm uma relação bem próxima. O cantor, inclusive, já foi criticado por não ter se posicionado sobre o caso Diddy.
Caso Diddy: quem são os famosos citados nas notícias do escândalo
Quem são os sete filhos do rapper
Instagram de Sean Diddy Combs
Reprodução/Instagram
O Instagram do rapper, atualmente, conta só com duas fotos. Uma é de sua filha Chance, de 18 anos, e outra de sua caçula, Love, de 1 ano e 9 meses. No espaço para comentários, muitas piadinhas.
Muitas delas, de brasileiros que estão “culpando” Diddy por casos que aconteceram no país. Por exemplo, tem gente afirmando que não vai perdoar Diddy por ele ter empurrado Mc Kevin da sacada. O rapper brasileiro morreu em 2021 após cair do 5º andar de hotel na Barra da Tijuca. Tem gente que diz, também, que Diddy seria responsável pela morte do Silvio Santos. O apresentador morreu em agosto, aos 93 anos.
As postagens seguem a linha de teorias da conspiração que surgiram após a prisão de Diddy e que afirmam que ele estaria envolvido na morte de astros internacionais.
Existem ainda mais memes e tentativas de piadas com outras questões relacionadas ao caso: como a grande quantidade de garrafas de óleo de bebê encontradas na casa do rapper. Ou também sobre o fato de Justin Bieber ter Diddy como um de seus padrinhos musicais.
A falta do olhar do outro
Internautas criam memes ironizando caso de Sean Diddy Combs
Reprodução/Instagram
Autor de livros como “Viagem por dentro do cérebro”, “Doentia maldade” e “O lado bom do lado ruim”, o psiquiatra Daniel Barros explicou ao g1 que as pessoas tendem a contar piadas com temas graves, porque as redes sociais eliminam uma parte fundamental da interação humana: o olhar do outro.
“No ambiente virtual, não há um feedback imediato das reações emocionais dos interlocutores, como acontece nas interações face a face. E aí, sem ver o sofrimento ou a indignação diretamente, as pessoas não têm o freio social que normalmente as impediria de ironizar questões sérias”, afirma Daniel.
“Sem ver o sofrimento ou a indignação diretamente, as pessoas não têm o freio social que normalmente as impediria de ironizar questões sérias.”
“Assim, acabam expressando desprezo ou falta de empatia, algo que provavelmente não fariam no mundo real, onde o desconforto gerado pelas expressões de dor do outro seria mais evidente”, completa o psiquiatra.
O médico também comenta que as redes sociais amplificam o efeito manada. Esse comportamento é muito usado na psicologia para explicar como as pessoas, quando estão em grupo, agem e reagem de uma mesma forma, mesmo sem um planejamento.
“Quando uma pessoa faz um comentário irônico ou ofensivo, outros podem seguir o exemplo e agir da mesma maneira, sem refletir profundamente sobre o impacto disso. Essa propagação rápida de comportamentos antissociais se deve ao fato de que, nas redes, as respostas não são vistas em tempo real, o que dá uma sensação de anonimato e segurança, mesmo que parcial. Isso faz com que a escalada de agressividade e ironia ocorra de maneira mais veloz e generalizada.
Daniel ainda comenta que uma mudança em relação a esse tipo de atitude requer tempo e adaptação.
Mas ele explica que se a sociedade se tornar mais consciente dos efeitos negativos das redes sociais, talvez as pessoas desenvolvam novas formas de empatia e autorregulação no ambiente virtual.
“Um caminho potencial seria uma maior educação sobre os impactos de nossas ações on-line e o desenvolvimento de mecanismos de autorreflexão para pensar antes de postar.”

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Pop

Coldplay ainda faz música de verdade ou apenas trilha para palestra motivacional?

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‘Moon Music’, 10º álbum do grupo britânico, desperdiça boas participações em melodias ao mesmo tempo sem referência e sem identidade; veja análise do g1. g1 analisa ‘Moon Music’, novo álbum do Coldplay
O Coldplay lançou nesta sexta-feira (4) “Moon Music”, seu 10º álbum de estúdio — segundo o vocalista Chris Martin, o antepenúltimo da banda, que pretende parar de fazer música após o 12º trabalho. As dez novas faixas, no entanto, deixam a sensação de que eles já pararam.
Nas últimas décadas, o grupo britânico viveu uma das maiores transformações musicais do pop mundial. Foi do rock alternativo melancólico do disco “Parachutes” (2000), influenciado por nomes como Oasis e Radiohead, ao pop motivacional de arena, mostrado principalmente a partir de “Viva la Vida or Death and All His Friends”, de 2008.
A fase mais recente transformou o Coldplay em um fenômeno de venda de ingressos. Iniciada em 2022, a turnê global “Music of the Spheres” arrecadou US$ 945,7 milhões e foi descrita pela revista “Billboard” como a mais lucrativa de todos os tempos para uma banda de rock.
Coldplay no Rock in Rio 2022
Stephanie Rodrigues
No ano passado, o espetáculo visual cósmico, com lasers, fantoches e pulseirinhas coloridas, passou pelo Brasil em 11 apresentações de estádios, com entradas esgotadas.
Ainda assim, fãs mais antigos torcem o nariz — e torcem por algum indício de retorno da banda às raízes. Esses podem desencanar: o “Moon Music” segue a mesma atmosfera etérea-edificante do trabalho anterior de 2021, o que dá nome à turnê quase bilionária.
Nesses dois álbuns, “Music of the Spheres” e “Moon Music”, o ponto alto são as participações. O primeiro tem Selena Gomez e o grupo de k-pop BTS no auge. O novo disco traz a cantora nigeriana Ayra Starr enriquecendo os vocais de “Good Feelings”, pop funkeado sobre a importância de cultivar bons sentimentos.
Em “We Pray”, louvor com levada de rap, está o também nigeriano Burna Boy, outro astro do afrobeat. Com hits e artistas escalando nas paradas, o pop africano ganhou força global em 2024. Mas o que poderia ser uma boa referência no álbum do Coldplay acaba diluído em melodias que parecem de inteligência artificial.
O disco consegue ser, ao mesmo tempo, sem referências e sem identidade: os arranjos não se conectam de verdade com nenhum movimento musical. Já as letras falam de um mundo sem complexidade, onde apenas o poder do amor é capaz de resolver problemas geopolíticos e unir nações em guerra.
“One World”, a música que fecha o “Moon Music”, tem Chris Martin em um instrumental onírico repetindo as palavras “um mundo, apenas um mundo”, para depois concluir: “No fim, é só amor”.
Capa de ‘Moon Music’, 10º álbum do Coldplay
Divulgação
Escolha seu lugar
Não é exatamente para ouvir música que os fãs lotam as apresentações do Coldplay. Com ornamentações de todo tipo, os shows do grupo são vendidos como “experiências” que agradam também outros sentidos.
Mas, se ao vivo a combinação com elementos visuais ajuda a criar um clima mágico, no trabalho de estúdio tudo se torna bem mais monótono.
O Coldplay não está interessado na música em si, mas em guiar as sensações do público. E, sem pirotecnia ou chuva de papel picado, a experiência fica mais parecida com uma palestra motivacional.
Na música-título, que abre o álbum, há um instrumental ambiente de quase dois minutos, perfeito para os espectadores irem escolhendo seus lugares no auditório. Depois, o “Moon Music” encaminha o ouvinte para se animar em “Feels Like I’m Falling in Love”; para refletir em “We Pray”; se empoderar em “IAAM”; se emocionar ao lembrar de tempos mais difíceis em “All My Love”.
Quem consegue deixar o mau humor de lado para se entregar de corpo e alma a esse tipo de vivência pode dar o play tranquilo. Vai ser divertido. Os outros provavelmente vão achar um tanto cafona.

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Pop

Por que a cultura do estupro é tão comum na indústria musical e o que Sean Diddy tem a ver com isso

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Com mais de 200 páginas, documento reúne dezenas de casos de magnatas da música americana acusados de cometer crimes sexuais e de assumir posturas controversas. Sean ‘Diddy’ Combs
Chris Pizzello/Invision/AP
O caso Diddy ainda parece distante de uma conclusão, mas, sem dúvidas, já é um marco na indústria da música. Há, inclusive, expectativas de que se torne o próximo MeToo, movimento que chacoalhou Hollywood em 2017 com uma onda de denúncias de crimes sexuais.
Preso em 16 de setembro, Dsddy se diz inocente e aguarda julgamento. Mas ele não foi o único músico a entrar na mira da Justiça nessas últimas semanas. Quem também foi processado é o astro country Garth Brooks, acusado de estupro, o que é negado por ele.
Dominado por homens, o setor musical tem uma extensa lista de denúncias e condenações por assédio e abuso. Isso é tão frequente que há uma naturalização do problema, o que acaba levando à chamada cultura do estupro.
“Por décadas, a indústria da música tem tolerado, perpetuado e, muitas vezes, comercializado uma cultura de abuso sexual contra mulheres e meninas menores de idade. Milhares de artistas, executivos e acionistas lucraram bilhões de dólares, enquanto se envolviam e/ou encobriam comportamentos sexuais criminosos”, diz o texto introdutório do relatório “Sound Off: Make the Music Industry Safe” (ou “Som desligado: Torne a Indústria da Música segura”, em português), publicado em fevereiro deste ano.
Com mais de 200 páginas, o documento reúne dezenas de casos de magnatas da música americana acusados de cometer crimes sexuais e de assumir posturas controversas. São histórias que vão dos anos 1950 a 2024.
A constante negligência de denúncias, investigações e até sentenças judiciais estimula crimes sexuais no mercado musical. É o que aponta o relatório, elaborado por uma coalizão entre os grupos feministas Lift Our Voices, Female Composer Safety League e Punk Rock Therapist.
Caso Diddy: entenda o que é fato sobre o caso
Sexo, drogas e rock n’ roll
“Para desenvolver uma marca estética de alguns artistas, a indústria usa essa cultura a seu favor”, diz Nomi Abadi, pianista e fundadora da Female Composer Safety League, rede de suporte a compositoras vítimas de abuso sexual e assédio. Ela conversou com o g1 por videochamada. “É por isso que tem tanto músico acusado impune.”
Ela cita o famoso lema “sexo, drogas e rock n’ roll”. Para a artista, a ideia é menos sobre um espírito roqueiro e mais sobre uma dinâmica de poder que está presente em todos os gêneros musicais. É uma forma de relativizar histórias de mulheres que alegam terem sido drogadas e violadas sexualmente em festas com músicos, executivos, produtores e outros profissionais do setor.
De fato, não é raro encontrar esse tipo de queixa no meio musical. O próprio Diddy é acusado de drogar e estuprar mulheres durante seus festões luxuosos, chamados de “white parties” e “freak-off”. Inclusive, há relatos de que ele teria coagido algumas convidadas a usar fluidos intravenosos para recuperação física após submetê-las a longas e violentas performances eróticas.
O músico nega todas as acusações que levaram à sua prisão. Quanto ao caráter libertino de suas festas, ele sempre gostou de fazer menções, se gabando dos eventos.
Sean ‘Diddy’ Combs em foto de 2017, em Nova York.
Lucas Jackson/Reuters
“Todos nós já sabíamos. Por muito tempo, ouvimos histórias sobre essas festas”, afirma Nomi. “Eu conheci uma vítima de P. Diddy. Minha amiga esteve em uma dessas festas… Ninguém a escutou. Ninguém se importou com ela.”
Os eventos, que rolavam desde os anos 2000, eram privados — a lista de convidados do rapper reunia atores, músicos, empresários e políticos. Jay-Z, Will Smith, Diana Ross, Leonardo DiCaprio, Owen Wilson, Vera Wang, Bruce Willis e Justin Bieber são algumas das celebridades que compareceram aos encontros.
“O que tinha nessas festas era coisa muito ruim. E mesmo envolvendo tantas pessoas, continuava acontecendo”, continua Nomi. É mais ou menos o que também afirmou a cantora Cassie, ex-namorada de Diddy, em 2023, quando ela abriu um processo contra ele, alegando ter sido estuprada e violentada por mais de uma década. Na ação, que já foi encerrada (sem os detalhes divulgados), a artista afirmou que os supostos crimes do rapper eram testemunhados por muita gente “tremendamente leal” que nunca fazia nada para impedi-lo.
Sean ‘Diddy’ Combs
Richard Shotwell/Invision/AP
Desde que fundou a Female Composer Safety League, Nomi tem tido contato com várias denúncias de agressão sexual no setor da música. “Uma coisa que me surpreendeu quando comecei a frequentar esse meio [de dar suporte a vítimas] é que cada sobrevivente tem sua própria versão da mesma história. As circunstâncias são diferentes. O que aconteceu com cada pessoa é único. Mas todas elas querem ser validadas, compreendidas e terem seus empregos mantidos”, afirma ela. “São os mesmos medos e os mesmos desejos.”
Anos atrás, a artista moveu processos contra Danny Elfman, compositor de trilhas de blockbusters como “Batman” e “Beetlejuice”. Nas ações, ela alegou ter sido vítima de crimes sexuais. Ele nega. Os dois entraram em um acordo com termos não divulgados.
A cultura externa
Também em entrevista ao g1, a pesquisadora de rap Nerie Bento analisa que, na indústria, a cultura do estupro é atrelada à desigualdade de gênero do mercado, além da própria influência de quem está de fora.
“É uma cultura que permeia toda a sociedade, então, obviamente vai estar aqui também”, diz ela. “E a própria música em si… A gente tem muita música misógina que contribui com isso.”
Neire menciona, então, a erotização de corpos femininos em videoclipes de cantores famosos como o próprio Sean Diddy, o que, segundo ela, também endossa a cultura do estupro, ao objetificar a figura da mulher.
O apelo às gravadoras
O relatório “Sound Off” também faz menções à erotização feminina no setor. Além disso, critica as três maiores empresas do mercado fonográfico (Warner Music, Universal Music e Sony Music), propondo que adotem as seguintes demandas:
O fim de NDAs (Non-disclosure agreements, na sigla em inglês), ou seja, acordos de confidencialidade — prática frequente para o encerramento desse tipo de processo no meio musical;
Uma lista pública dos músicos, executivos, gerentes, produtores e outros profissionais acusados de má conduta sexual;
Adoção de protocolos institucionalizados que estimulem a denúncia, não o silêncio;
Investigações conduzidas por partes externas
A defesa de leis que derrubem a prescrição em crimes sexuais
Demandas que surgem porque, segundo a coalizão do relatório, essas gravadoras “ignoraram acusações, silenciaram vítimas e até permitiram o abuso” por décadas.
O g1 entrou em contato com as assessorias da Warner, Universal e Sony, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

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