Tecnologia
Venda ilegal de celulares triplica em um ano; entenda os riscos de aparelhos irregulares
Aparelhos entram no Brasil sem pagar impostos e, em alguns casos, chegam a ser 30% mais baratos do que celulares de empresas que seguem todas as regras. Ainda que pareçam vantajosos, eles podem trazer prejuízo se usarem materiais de baixa qualidade. Celulares irregulares representa 25% do mercado brasileiro, segundo IDC
Pongsawat Pasom/Unsplash
Um concorrente que triplicou de tamanho e já representa 25% das vendas de celulares no Brasil criou um sinal de alerta nos demais fabricantes. O problema é que não se trata de uma marca, e sim de contrabando.
Esses aparelhos, em sua maioria chineses, entram no Brasil de forma ilegal, sem pagar impostos, e têm preços muito mais vantajosos. Em alguns casos, eles são 30% mais baratos do que celulares de empresas que seguem todas as regras.
E estão disponíveis em cada vez mais lojas: Amazon e Mercado Livre tiveram que tirar ofertas dos maiores vendedores de celulares irregulares de seus marketplaces, em que terceiros podem usar os sites como vitrines para anunciar seus produtos.
A oferta em canais conhecidos, aliada aos descontos agressivos e à possibilidade de entrega rápida, são alguns dos fatores que têm levado ao aumento do mercado de celulares irregulares no Brasil, segundo especialistas ouvidos pelo g1.
Esse segmento, também chamado de mercado cinza, parece vantajoso no primeiro momento, mas pode trazer mais prejuízos aos compradores (saiba mais abaixo). Essa reportagem aborda:
O que é o mercado cinza de celulares?
Por que o mercado de celulares irregulares cresceu no Brasil?
Como o mercado cinza afeta a venda legal de celulares?
Quais são os riscos de comprar celulares que não têm autorização?
Como descobrir se um celular é irregular?
Vendas de celulares irregulares representam 25% do mercado brasileiro
Isso envolve principalmente a falta da certificação desses aparelhos por parte da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ou de outro órgão aceito por ela. Mas a conta também inclui celulares roubados ou que não estão cumprindo todas as regras
O que é o mercado cinza de celulares?
O mercado cinza (ou o comércio irregular) de celulares se refere a produtos que, de alguma forma, não seguem todas as regras estabelecidas pelas fabricantes.
Isso envolve principalmente a falta da certificação desses aparelhos por parte da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) ou de outro órgão aceito por ela. Mas a conta também inclui celulares roubados ou que tiveram especificações técnicas alteradas sem aprovação da fabricante.
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Por que o mercado de celulares irregulares cresceu no Brasil?
O contrabando de celulares sempre teve muita visibilidade por envolver produtos que são pequenos – e, consequentemente, fáceis de transportar – e que têm alto valor no mercado.
Mas esse mercado aumentou com o crescimento de lojas online, de acordo com Luiz Claudio Carneiro, diretor de dispositivos móveis de comunicação da Associação Brasileira da Indústria Elétrica (Abinee), que representa as fabricantes de celulares.
“O grande diferencial, que mudou a realidade do contrabando no país, foi o marketplace. Antes, você precisava sair de casa e ir ao local. Hoje, pelo marketplace, você compra um telefone contrabandeado de manhã e, no outro dia a tarde, está na sua casa”, afirmou.
No primeiro trimestre de 2024, foram vendidos 8,5 milhões de smartphones legais. No mesmo período, 2,9 milhões de unidades do tipo foram comercializadas no mercado irregular.
A retirada de anúncios de smartphones irregulares de Amazon e Mercado Livre foi uma ordem da Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), que acatou uma denúncia da Abinee.
Para apresentar a denúncia, a associação comprou alguns celulares para confirmar as irregularidades e analisou os 50 maiores vendedores de aparelhos indevidos, que, em alguns casos, comercializavam 5.000 smartphones por mês.
A estimativa da Abinee é de que cerca de 90% deles sejam de uma única marca, que não foi revelada pela entidade.
“Ninguém é contra o marketplace. O que a gente reivindica é que ele siga a legislação brasileira, que cumpra com as obrigações regulatórias, que pague impostos, assim como toda a indústria”.
Os celulares irregulares ficam mais baratos por não pagarem PIS/Cofins, IPI, ICMS e Imposto de Importação, segundo a Abinee. Estes impostos são cobrados das marcas que atuam legalmente no país.
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Como o mercado cinza afeta a venda legal de celulares?
O comércio legal de smartphones teve uma pequena queda de 0,5% no primeiro trimestre de 2024, em relação ao mesmo período do ano passado. E, na comparação com o quarto trimestre de 2023, houve um crescimento de 5%.
Mas é a expansão do mercado irregular que preocupa, já que ela afeta toda a cadeia: desde fabricantes de componentes dos celulares até instituições de ensino que recebem investimentos em pesquisa e desenvolvimento com base no faturamento das marcas.
E consumidores estão aceitando investir cada vez mais para ter celulares irregulares: enquanto o preço médio no comércio legal cresceu 3%, o do mercado cinza subiu 26% (na comparação entre o primeiro trimestre de 2024 e o mesmo período de 2023).
Compare o preço médio de celulares do comércio legal com os do mercado cinza
“É um momento bem crítico”, diz Andreia Sousa, analista de consumo da consultoria IDC Brasil. “O cenário veio aumentando nos últimos seis meses de 2023 e, agora, vemos que é uma situação muito difícil de controlar”.
Outros países da América Latina também registraram crescimentos do mercado irregular de celulares, segundo a IDC, especialmente pela facilidade de comprar esses aparelhos com o crescimento do comércio online.
“A gente vê um mercado cinza se consolidando. Por mais que existam algumas ações para tentar bloquear, chegou em um patamar muito grande para conseguir erradicar isso”, avalia Andreia.
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Quais são os riscos de comprar celulares que não têm autorização?
Ainda que muitos celulares do “mercado cinza” possam funcionar corretamente, eles oferecem mais riscos aos consumidores do que os vendidos legalmente. Segundo a Anatel, esses aparelhos podem:
📝 Não oferecer o período de garantia da representante da marca no Brasil, porque os aparelhos foram comprados no exterior;
📞 Registrar quedas de chamadas e falhas na conexão de internet por não necessariamente seguirem padrões de redes nacionais;
📱 Colocar usuários em risco por usarem softwares maliciosos que têm acesso indevido a dados pessoais;
🪫 Usar material de baixa qualidade e apresentar mau funcionamento de baterias pela falta de avaliações quanto à segurança elétrica e os limites de exposição a campos eletromagnéticos, o que pode expor usuários a níveis inadequados de radiação;
📡 Causar redução da cobertura de telefonia se forem usados em larga escala, o que acontece por conta do desempenho ruim – se muitos aparelhos usam capacidade acima da necessária na comunicação com a rede, as antenas de telefonia passam a atender menos dispositivos.
Celulares sem certificação também podem causar riscos de explosões e superaquecimento, segundo a Associação Brasileira de Avaliação da Conformidade (Abrac), que reúne laboratórios responsáveis por analisar se produtos seguem atendem aos padrões necessários.
“O rito de homologação da Anatel contempla questões de segurança, onde o aparelho é estressado através da submissão a condições anormais de uso para garantir que, mesmo diante de condições mais críticas, os usuários não corram nenhum tipo de risco”, disse Kim Rieffel, vice-presidente de Telecomunicações da Abrac.
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Como descobrir se um celular é irregular?
Um preço muito abaixo do normal é o primeiro sinal de que o celular pode ser irregular. Mas também é possível indicar que o aparelho tem origem suspeita se:
O anúncio incluir termos como “global version” (versão global), sugerindo que o aparelho não foi fabricado especificamente para o Brasil;
Nas especificações, o campo do número de homologação do celular na Anatel estiver em branco;
O vendedor informar o código de barras (também chamado de EAN), e o número começar com 693, 694 ou 695, apontando que o produto é voltado para a China – o EAN do Brasil começa em 789 e 790;
O vendedor oferecer garantia de até 90 dias – o mercado legal costuma oferecer um ano de garantia;
O aparelho não vem com manual de instruções em português do Brasil, e seu carregador não está no padrão brasileiro.
A Anatel também conta com uma ferramenta que indica se o celular tem certificação e, portanto, se é regular. Basta visitar este link e informar o IMEI, que pode ser encontrado na caixa ou na bateria do celular ou ao ligar para *#06# – saiba mais sobre o IMEI.
Batizado de Consulta Celular Legal, o site também diz se o smartphone foi roubado ou furtado. Em todas essas situações, a agência pode bloquear a conexão do aparelho e impedi-lo de fazer ligações e se conectar à internet.
Se houver irregularidade sobre a certificação, ele apresenta a mensagem “O IMEI informado possui restrição de uso”. Neste caso, a orientação é entrar em contato com a loja que vendeu o aparelho ou com a fabricante.
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Saiba se está sendo vigiado: veja sinais um celular infectado com aplicativo espião
Tecnologia
Motoristas de Uber vão pedir código ao passageiro antes de iniciar viagem? Entenda mudança
Função de segurança, chama de U-Código, exige PIN dos passageiros em corridas com motoristas que ativarem o recurso no aplicativo. Motorista de aplicativo Uber
Dan Gold/ Unsplash
A Uber anunciou nesta quinta-feira (7) a expansão do recurso U-Código para os motoristas parceiros. A ferramenta de segurança exige que o passageiro forneça uma senha ao condutor antes do início da viagem — o PIN é gerado e exibido no aplicativo.
Segundo a empresa, mesmo que o usuário não tenha o U-Código configurado em sua conta, ainda precisará informar o código ao motorista caso ele tenha o recurso habilitado. O uso do U-Código é opcional, permitindo que o motorista o ligue ou desligue a qualquer momento.
A Uber disse que a novidade já estava em testes em algumas cidades do Brasil.
“Além do nome e foto do motorista, a placa e o modelo do veículo, os usuários também podem ter mais tranquilidade ao checar o carro correto com a opção de U-Código ativada”, completou.
A empresa explica que os motoristas interessados em usar o U-Código podem ativar a função na “Central de Segurança” do aplicativo e, em seguida, tocar em “Verificação de U-Código”.
Já os usuários podem habilitar a ferramenta acessando “Conta”, “Configurações”, “Verifique sua Viagem” e, por fim, ativando “Use PIN para verificar viagens”.
O app também oferece a opção de utilizar o U-Código apenas durante o período noturno, entre 21h e 6h. Para isso, basta ativar essa configuração na mesma tela.
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Tecnologia
Truth Social e Tesla disparam com vitória de Trump; Elon Musk fica R$ 109 bilhões mais rico
Fortuna de Trump cresceu mais de 20% nesta quarta (6), chegando a US$ 7,2 bilhões. Já Musk, o homem mais rico do mundo, acumula um patrimônio de US$ 285,2 bilhões. Donald Trump e Elon Musk
Reprodução
Donald Trump, eleito presidente dos Estados Unidos nesta quarta-feira (6), ganhou mais de US$ 400 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões) nesta quarta-feira (6), até às 14h, segundo o ranking de bilionários em tempo real da revista Forbes.
A fortuna de Trump cresceu mais de 6% em poucas horas, indo de US$ 6 bilhões para US$ 6,4 bilhões (cerca de R$ 36,8 bilhões). Essa é uma consequência da disparada dos preços das ações de sua empresa de rede social, a Truth Social.
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As ações da companhia, que Trump criou em 2022 para rivalizar com o antigo Twitter, após ser banido da plataforma, subiam mais de 8% por volta das 14h.
Já seu apoiador e homem mais rico do mundo, Elon Musk viu seu patrimônio crescer em US$ 18,9 bilhões (cerca de R$ 109 bilhões), também até às 14h. As ações da Tesla, sua montadora de veículos elétricos, subiam 14% no mesmo horário, na esteira da vitória de Trump.
Musk, fundador da Tesla e da SpaceX ficou mais de 7% mais rico na manhã desta quarta-feira, com sua fortuna partindo de US$ 264,7 bilhões para US$ 283,6 bilhões.
“As ações da Tesla estão crescendo […] devido às relações privilegiadas de Elon Musk com Donald Trump” que “lhe deve muito”, explica Andrea Tueni, analista de mercado do Saxobank, à AFP.
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Truth Social
As ações da Truth Social já haviam começado a subir em outubro, devido ao aumento das expectativas de que Trump poderia ser eleito.
No fim de setembro, a situação era completamente diferente. Os papéis da companhia viviam um período ruim e chegaram a despencar mais de 40%, por conta de resultados muito baixos apresentados nos balanços corporativos.
É que, em agosto, a Truth Social mostrou uma receita de cerca de US$ 837 mil, um número considerado muito baixo para uma empresa com valor de mercado avaliado em aproximadamente US$ 4,7 bilhões. E a volta de Trump ao X naquele mês pesou ainda mais sobre as ações da companhia.
Apoio de Musk
Elon Musk, bilionário dono da Tesla e da rede social X, durante evento de apoio a Trump em outubro
Evan Vucci/AP
O bilionário Elon Musk, que também é dono do X, anunciou oficialmente o apoio a Trump em julho, horas depois de o ex-presidente sobreviver a uma tentativa de assassinato durante um comício em Butler, na Pensilvânia.
Desde então, o empresário fez doações milionárias para a campanha do republicano e chegou a sortear US$ 1 milhão (R$ 5,6 milhões) por dia para eleitores registrados na Pensilvânia, considerado um dos estados-chave para decidir a eleição presidencial americana.
Mundo reage à eleição de Trump
Tecnologia
O plano de Brasil e China que pode 'furar' domínio da Starlink de Musk
Os dois países negociam um memorando de entendimento sobre internet via satélite após ápice da crise entre Musk e autoridades no Brasil. Modelo de satélite de órbita baixa durante a 19ª Exposição Internacional da Indústria Automobilística de Xangai
Getty Images via BBC
Os governos do Brasil e da China preparam um plano que, se implementado, pode ajudar a diminuir a dominância que a empresa Starlink tem sobre o serviço de internet via satélite no Brasil.
A Starlink pertence ao bilionário Elon Musk. O plano prevê o início das operações da empresa chinesa de satélites SpaceSail no Brasil, que pretende operar no mercado brasileiro hoje liderado pela Starklink. A informação foi confirmada à BBC News Brasil pelo secretário de telecomunicações do Ministério das Comunicações, Hermano Barros Tercius.
A ideia, segundo Tercius, é que Brasil e China assinem memorandos de entendimento sobre o assunto durante a visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao país, no dia 20 de novembro.
Ainda não há prazo, no entanto, para que a companhia comece a operar no país. Procurada, a embaixada da China não respondeu aos questionamentos enviados pela reportagem.
A assinatura dos memorandos, se ocorrer, acontecerá pouco mais de dois meses depois do ápice da crise entre Musk e autoridades brasileiras, a qual culminou, em agosto, com a suspensão do X (antigo Twitter) no Brasil.
A SpaceSail é uma empresa privada chinesa sediada em Xangai e atua no mercado de internet banda larga provido por satélites de órbita baixa.
Atualmente, a companhia conta com 18 satélites, mas seus planos incluem o lançamento de até 15 mil até 2030. A título de comparação, estima-se que a Starlink tenha 6 mil.
Conhecidos como LEO (Low Earth Orbit), estes satélites são menores e formam verdadeiras “constelações” ao redor da Terra. Eles ficam a uma distância de aproximadamente 549 km em relação à superfície terrestre, enquanto os convencionais ficariam a quase 1.000 km.
Por estarem mais próximos, o tempo para a transmissão de dados é menor, o que permite uma internet mais rápida e confiável.
No Brasil, a Starlink de Elon Musk é líder e detém 45,9% do mercado de internet via satélite, segundo dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Mas o agravamento das tensões entre Musk e autoridades brasileiras levantou rumores sobre os eventuais impactos da dependência do país em relação à empresa do bilionário.
Contatos em meio à crise com Musk
No Brasil, a Starlink de Musk já é líder no mercado de internet via satélite
Getty Images via BBC
Os contatos entre a SpaceSail e o Brasil começaram oficialmente em meados de agosto. No dia 20 daquele mês, uma comitiva liderada pelo presidente da empresa, Jie Zheng, reuniu-se com representantes do governo brasileiro, entre eles o vice-presidente, Geraldo Alckmin.
Os planos da empresa, apresentados à época, incluem entrar em operação no Brasil até 2025.
Para isso, no entanto, a empresa precisa de autorizações junto à Anatel para que, entre outras coisas, a companhia possa construir a infraestrutura em solo que permita que o sinal dos seus satélites possam ser acessados no Brasil.
A SpaceSail funcionaria de forma semelhante à Starlink e outros serviços de internet via satélite. O usuário precisaria instalar uma pequena antena para conseguir acessar a internet.
Segundo Hermano Tercius, um dos memorandos de entendimento negociados entre Brasil e China prevê a colaboração técnica necessária para que serviços como o da SpaceSail possam entrar em funcionamento no país.
“A gente está evoluindo nos textos e nas discussões pra gente ver se a gente assina [o memorando]. Assim, ficaria uma intenção mais concreta de colaboração, que ainda não é um compromisso. [O memorando] É uma intenção de colaborar com o que pode estar faltando para eles [SpaceSail] anteciparem [a entrada em operação]”, diz Tercius à BBC News Brasil.
Ele esteve na China em outubro e se reuniu com representantes do governo chinês sobre o assunto.
O secretário afirmou ainda que não está definido se o memorando vai envolver apenas os ministérios de comunicações dos dois países ou se a SpaceSail e a Telebras, estatal brasileira no setor de telecomunicações, também vão participar do documento.
Uma possibilidade é que a Telebras, que já mantém contratos com o governo federal, possa utilizar os serviços da SpaceSail para fornecer internet de banda larga a escolas ou outras instalações de interesse do governo brasileiro.
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Tercius disse não saber se a crise envolvendo Elon Musk e o Supremo Tribunal Federal (STF) tiveram influência nas negociações entre os dois governos. Segundo ele, a busca por novos fornecedores de internet via satélite é uma tentativa do Brasil de evitar a formação de “monopólios” no setor.
“A gente procura, é lógico, evitar monopólios e ter essa competição para que saibamos quem presta o melhor serviço e quem oferece um custo melhor para que a população tenha mais acessibilidade a este tipo de serviço […] Independentemente de como vai evoluir a situação da Starlink, a gente espera que haja maior quantidade de prestadores”, afirma o secretário.
O secretário disse ainda que o governo brasileiro levou à China a proposta de que parte dos lançamentos dos satélites da constelação da SpaceSail sejam feitos a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), no Maranhão.
“O que a gente tentou foi ver com eles a possibilidade de, além deles prestarem serviço ao Brasil, eles possam usar nossa base lançamento de foguetes para lançar os satélites daqui […] vai ser bom para eles porque pode agilizar o cronograma de funcionamento deles, e para nós também é bom porque daria um melhor uso à base de Alcântara”, diz Tercius.
Segundo ele, outro memorando de entendimento que está sendo negociado com a China é sobre a construção de um satélite geoestacionário para atender o Brasil.
De acordo com o secretário, ainda não há definição sobre se este novo satélite atenderia apenas às necessidades de comunicação ou se também poderia ser usado nos sistemas de defesa brasileiro.
Tensão e domínio
O ápice da crise entre Musk e as autoridades brasileiras aconteceu no dia 30 de agosto, quando o STF decidiu suspender as operações do X (antigo Twitter, que Musk comprou em 2022).
A suspensão do X no Brasil foi determinada pelo ministro do STF Alexandre de Moraes após a plataforma fechar seu escritório no Brasil, ficar sem representante legal no país e se recusar a cumprir determinações da Corte relacionadas a inquéritos que investigam milícias digitais.
Musk reagiu às decisões do STF e fez diversas críticas diretas a Moraes. Segundo o bilionário, as decisões seriam um atentado à liberdade de expressão.
A crise, porém, espirrou em outro negócio de Musk: a rede de satélites de órbita baixa Starlink. O STF chegou a determinar o bloqueio das contas da empresa no Brasil depois que o X deixou de pagar multas aplicadas pela Corte.
Em 8 de outubro, o STF autorizou o retorno do funcionamento do X no Brasil após a empresa, segundo a Corte, atender às exigências feitas pelo tribunal.
A escalada da crise em direção à Starlink, no entanto, levou a rumores de que a empresa poderia ter seu funcionamento suspenso no Brasil, a exemplo do que aconteceu com o X. E isso deixou setores da economia e até militares preocupados.
A Starlink é um braço da SpaceX, a companhia de exploração espacial de Elon Musk.
A empresa fornece serviços de internet por meio de uma enorme rede de satélites. No Brasil, ela é frequentemente utilizada por pessoas e instituições que vivem em áreas remotas, onde não há infraestrutura local como cabos e postes — caso de boa parte da Amazônia.
Especialistas no assunto afirmam que a empresa tem hoje a maior constelação de satélites operando no mundo e que é capaz de atender a pelo menos 37 países.
No Brasil, a ascensão da empresa no mercado foi meteórica.
Em janeiro de 2023, segundo a Anatel, a Starlink era a quinta principal provedora do mercado e responsável por 4,7% do mercado de internet via satélite.
Um ano e meio depois, em julho deste ano, a empresa já havia assumido a liderança com 45,9% de participação no mercado.
Atualmente, além de fornecer internet de banda larga para pessoas físicas em áreas isoladas, ela também fornece conexão para embarcações da Marinha, instalações militares do Exército e para plataformas e navios da Petrobras.
Apesar de Hermano Tercius dizer que não sabe se a crise entre Musk e as autoridades brasileiras influenciaram na decisão do governo de buscar novos fornecedores de internet via satélite, no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o bilionário não é visto com bons olhos.
Ao longo das eleições presidenciais de 2022, Musk declarou apoio ao então presidente Jair Bolsonaro (PL). Em meio à crise com o STF, ele acusou o ministro Alexandre de Moraes de ter interferido no resultado das eleições vencidas por Lula.
Em agosto, Lula disse que Musk precisava respeitar as leis brasileiras e que o Brasil não poderia ter “complexo de vira-latas”.
“Ele tem que respeitar a decisão da Suprema Corte Brasileira. Se quiser bem, se não quiser, paciência. Se não for assim, esse país nunca será soberano, esse país não é um país que tem uma sociedade com complexo de vira-lata. Porque o cara americano gritou e a gente fica com medo. Não! Esse cara tem que aceitar as regras desse país”, disse Lula em entrevista à Rádio MaisPB, da Paraíba.
Para o diretor de tecnologia da empresa Sage Networks, Thiago Ayub, a liderança da Starlink se deve à qualidade do serviço oferecido em comparação com seus atuais competidores.
“Essa dominância da Starlink se revela nos indicadores que observamos esse ano, como a de 90% das cidades da Amazônia contendo clientes do serviço ou da preocupação revelada pelas Forças Armadas do Brasil diante de uma possível suspensão do serviço diante do atrito entre a empresa e o STF”, diz Ayub.
Ele avalia, porém, que ampliar o número de fornecedores de internet via satélite pode ser bom para o país.
“Ter múltiplos fornecedores do mesmo produto é um indicador de saúde de qualquer mercado, mas nesse em especial, por ser estratégico, é essencial que o Brasil consiga atrair outros competidores da Starlink na categoria LEO para atender tanto o setor público como o privado”, afirma.
Do ponto de vista chinês, obter novos mercados para este setor é uma das prioridades do governo. Em 2020, a Comissão Nacional de Desenvolvimento e Reforma da China, um dos órgãos executivos mais importantes do país, elencou a criação de uma nova infraestrutura de internet via satélite como um dos principais objetivos do país no curto e médio prazos.
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