Tecnologia
Vale a pena trabalhar com inteligência artificial? Dá dinheiro? Veja dicas de brasileiros que já estão na área
Profissão tem salário entre R$ 5 mil e R$ 16 mil, segundo plataforma de empregos. Especialistas afirmam que o domínio na área de dados facilita a atuação, apesar de ainda ser necessário se especializar. Profissionais brasileiros contam como é trabalhar com inteligência artificial
Rafael Leal/g1
“O meu objetivo de vida era trabalhar com saúde e abrir a minha clínica. Meu pai até me estimulava a ir para a tecnologia, mas eu acreditava que não era para mim. Eu não sabia nada de TI”, conta a recifense Camilly Alves, de apenas 20 anos. Agora, ela é uma profissional de inteligência artificial (IA).
A jovem, que se mudou para São Paulo só para estudar IA e, atualmente, trabalha em um grande banco, relata que é frequentemente procurada por recrutadores no LinkedIn. E isso ocorre porque ainda são poucas as pessoas que realmente dominam essa tecnologia.
➡️ Para se ter uma ideia, além de profissionais de segurança da informação e de computação em nuvem (cloud), os especialistas em IA estão entre os mais escassos no mercado atual, segundo um estudo da consultoria Robert Half publicado no final de 2023.
“Tanto que, no trabalho, muitos colegas chegam em mim e dizem que eu tenho a responsabilidade de uma pessoa de 30 anos”, conta Camilly.
Ao mesmo tempo, embora IA não seja uma tecnologia tão nova, só agora as empresas começaram a correr para incorporá-la em suas estruturas — especialmente após o surgimento do ChatGPT , no final de 2022, quando muita gente percebeu o avanço e as possibilidades do setor.
Essa falta de mão de obra qualificada tem feito com que profissionais mais preparados encontrem salários realmente atrativos, tanto no Brasil como em outros países.
Heinz Felipe durante a colação de grau de inteligência artificial
Arquivo pessoal
O goiano Heinz Felipe, de 22 anos, foi aluno da primeira turma da graduação de inteligência artificial da Universidade Federal de Goiás (UFG). Depois de se formar, ele passou a ganhar em torno de R$ 22 mil por mês, trabalhando com IA em um centro de pesquisa da UFG e também prestando serviço sob demanda para uma empresa do Canadá.
➡️ Mas o que é preciso para começar? Para desvendar os caminhos para criar carreira dentro da área, o g1 ouviu profissionais, professores de tecnologia, além de executivos de grandes empresas e plataformas de emprego.
🧠 Nesta reportagem, você verá:
🔎 Áreas de atuação dentro da IA
🤑 Quanto um profissional de IA pode ganhar?
📔 O que estudar e quais habilidades desenvolver
🫧 Cursos e grupos para começar a estudar
🔎 Áreas de atuação dentro da IA
Profissionais brasileiros contam como é trabalhar com inteligência artificial
Rafael Leal/g1
Inteligência artificial já existe há pelo menos 80 anos. Ela é um conjunto de soluções que, por meio de computadores e máquinas, realiza diversas funções avançadas, podendo analisar dados, entregar previsões, recomendações, traduzir e criar coisas.
No entanto, o ChatGPT, uma inteligência artificial generativa (leia mais abaixo), desempenhou um papel crucial ao aumentar a relevância dessa inovação nos últimos dois anos.
O “robô conversador” da OpenAI deu início a uma intensa competição entre empresas por soluções parecidas. E, consequentemente, à busca por profissionais da área.
Segundo especialistas na área, o profissional de IA pode trabalhar em dois pilares com IA:
🧠 Inteligência artificial preditiva (ou clássica): trata-se de uma inovação que já estava mais presente no cotidiano das pessoas. Ela está no reconhecimento facial do app de banco, em carros semiautônomos, drones, como assistente pessoal em alto-falantes inteligentes, na câmera do seu celular e na plataforma de streaming, quando recomenda um filme ou uma música.
🎨 Inteligência artificial generativa (ou GenAI): justamente a que deu origem ao ChatGPT. Além de conversar com o usuário, podendo tirar dúvidas gerais, essa IA cria conteúdos, imagens, vídeos e músicas. Hoje, além do ChatGPT, também estão disponíveis no mercado o Gemini (do Google) e o Copilot (Microsoft).
E não faltam profissionais apenas na área mais nova, da GenAI. “Você tem um campo e uma escassez de profissional gigantescos para as duas áreas, inclusive na preditiva, que está aí há mais tempo”, diz ao g1 Chris Faig, vice-presidente de tecnologia da Microsoft Brasil.
➡️ E onde eu posso trabalhar com IA? Em empresas de qualquer setor que estejam investindo na tecnologia: varejo, finanças, alimentos, bebidas, educação, finanças, comunicação, entre outras.
🤑 Quanto um profissional de IA pode ganhar?
Heloisy Pereira Rodrigues, primeira mulher a se formar em inteligência artificial no Brasil
Arquivo pessoal
O g1 procurou várias plataformas de vagas para obter a faixa salarial desse trabalhador considerando os níveis júnior, pleno e sênior, bem como os cargos mais populares. No entanto, nenhuma das empresas procuradas conseguiu um levantamento apurado.
Segundo Chris Faig, da Microsoft, essa dificuldade existe porque o profissional de inteligência artificial se mescla com o de análise de dados. “Isso ocorre porque a base da IA são dados, então é comum contratar alguém que entenda de dados para também atuar com IA”, explica do executivo.
A média para a área no Brasil está entre R$ 5 mil e R$ 16 mil, segundo a plataforma de emprego Glassdoor. Os valores foram levantados até abril de 2024 e a plataforma não especifica se considera contratos CLT e PJ.
Heloisy Pereira, considerada a primeira mulher do Brasil a se formar em IA, disse ao g1 que muitos de sua turma da faculdade estão ganhando, em média, entre R$ 7 mil e R$ 10 mil por mês.
Um estudo publicado no fim de 2023 pela empresa de recursos humanos Adecco mostra que um engenheiro de machine learning júnior pode receber até R$ 11 mil em São Paulo e até R$ 6.800 no Rio de Janeiro em empresas de grande porte.
Um engenheiro de machine learning “desenvolve projetos de inteligência artificial, deep learning e machine learning, englobando desde a adequação até sua programação”, de acordo com a Adecco.
Agora, um arquiteto de machine learning pleno pode ter um salário de até R$ 15 mil, se ele estiver nas regiões Centro-Oeste e Nordeste. Ou até R$ 10 mil em companhias sediadas no Sul do país e R$ 9.720 no Norte, mostra o estudo. A Adecco não informou se considera contratos PJ e CLT.
O arquiteto de machine learning é o especialista que cria, treina e escolhe os melhores modelos de aprendizado de máquina para cada finalidade específica. Ele analisa o cenário esperado, decide quais variáveis de entrada e saída serão utilizadas e qual melhor modelo para correlacioná-las.
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📔 O que estudar e quais habilidades desenvolver
Embora as opções de graduação em inteligência artificial ainda sejam limitadas no mercado, é possível estudar campos relacionados, como ciência de dados, e gradualmente se especializar em IA com cursos livres e tecnológicos.
E, assim como acontece em outras profissões da TI, para trabalhar com inteligência artificial a pessoa não necessariamente precisa só recorrer a uma graduação.
“É comum vermos gente autodidata que consegue um caminho de sucesso na tecnologia estudando por conta própria, pela curiosidade”, diz Diogo Cortiz, professor da PUC-SP e especialista em inteligência artificial.
“A faculdade, claro, vai dar uma base muito importante que não envolve só a questão da tecnologia, mas também conceitual, por exemplo, de como funcionam os conceitos matemáticos, estatísticos e como pensar solução do problema”, completa.
Muitas empresas estão hoje em busca de cientistas de dados para trabalhar com inteligência artificial, pois há um número maior de profissionais formados nessa área, explica John Paul Hempel, coordenador acadêmico do curso de graduação em IA na Faculdade de Informática e Administração Paulista (FIAP).
Ainda assim, o cientista precisa avançar no seu desenvolvimento para se especializar e conseguir trabalhar com todas as soluções de IA.
“Uma pessoa formada em inteligência artificial já se sobressai por ter um perfil generalista na tecnologia. Ela também domina ciência de dados, mas terá um foco em diversos algoritmos e soluções, tanto de IA generativa como a clássica”, diz Hempel.
A pedido do g1, professores, executivos e os próprios profissionais compartilharam temas que são interessantes para você estudar e começar a construir carreira nesse setor:
Fundamentos de inteligência artificial;
Conceito básico de machine learning e natural language;
Inteligência artificial generativa;
Habilidades em programação, especialmente Python e R;
Conhecimento de dados e análises, inclusive visualização de dados.
“O domínio com dados é muito importante porque a qualidade de uma solução de IA é muito dependente não só da técnica do modelo de IA, mas também dos dados que você usa para alimentar ela”, explica Claudia Nolla Kirszberg, executiva de transformação digital e soluções cognitivas da IBM Brasil.
“Então, quando mais domínio você tiver sobre os dados, mais você vai ter uma possibilidade de sucesso na utilização”, completa.
Não é só a técnica que é importante para trabalhar e se desenvolver no universo da inteligência artificial. “Uma pessoa que atua com IA precisa saber se comunicar. Tem até estudo do IMT que diz que a comunicação vai ser mais necessária do que uma habilidade técnica”, diz a profissional Camilly Alves.
“É um trabalho que requer uma comunicação intensa e entendimento profundo do negócio com que a pessoa trabalha. É preciso habilidade de lidar com pessoas e com diferentes assuntos também”, concorda Claudia Nolla Kirszberg.
Camilly Alves, jovem de 20 anos que já trabalha com inteligência artificial.
Rafael Leal/g1
🫧 Cursos e grupos para começar a estudar
IBM SkillsBuild: plataforma on-line com curso gratuito para quem desejar aprender o básico de inteligência artificial. Aborda fundamentos da IA, criação de chatbots e tecnologia para robôs cognitivos, entre outros temas.
Introdução aos Modelos de Linguagem (LLM) do Google: curso gratuito e em português com apresentação de LLMs e como e onde eles podem ser aplicados. “O curso também aborda as ferramentas do Google que ajudam no desenvolvimento dos apps de IA generativa”, explica a empresa.
Introdução à Inteligência Artificial (Intro to Artificial Intelligence): curso gratuito da Udacity que aborda temas como aprendizado de máquina, visão computacional, robótica e raciocínio probabilístico.
Fundamentos de carreira em IA generativa (Microsoft e LinkedIn): neste curso gratuito, os conteúdos abordam o que é inteligência artificial e IA generativa, ética na era da IA generativa e como aproveitar o Microsoft Copilot no dia a dia.
Data Train: comunidade on-line com foco em dados e inteligência artificial. Busca “contribuir com a transformação data-driven de pessoas, empresas e sociedade civil através de meetups, eventos, cursos e um bom bate-papo entre profissionais”.
I2A2 – Institut d’Intelligence Artificielle Appliquée: instituto que oferece vários cursos gratuitos de inteligência artificial, com possibilidade de intercâmbio para o Canadá.
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Tecnologia
TikTok fora do ar nos EUA: entenda a situação da rede social chinesa
Lei obrigava aplicativo a vender suas operações no país se quisesse continuar funcionando. Decisão final será de Donald Trump, que toma posse na segunda (20) como presidente dos EUA e já sinalizou que vai adiar suspensão da plataforma. O TikTok saiu do ar nos Estados Unidos na madrugada deste domingo (19). A rede social ficou indisponível para usuários norte-americanos devido a uma lei federal que força a plataforma a vender sua operação no país.
Em notificações enviadas aos usuários, o aplicativo avisou que ficará temporariamente indisponível por causa da legislação norte-americana.
“Uma lei banindo o TikTok entrou em vigor nos Estados Unidos. Infelizmente, isso significa que você não pode usar o TikTok agora”, diz o texto.
A decisão ficará com o presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que toma posse na segunda (20) e sinalizou que pretende adiar a proibição do aplicativo no país.
O g1 traz um resumo com as principais informações sobre o caso. Veja abaixo.
Por que os EUA querem banir o TikTok?
O governo dos EUA alega que o TikTok coleta dados confidenciais de americanos e que isso representa um risco à segurança nacional.
O país teme que a China possa usar as informações de mais de 170 milhões de usuários americanos da plataforma para atividades de espionagem. A ByteDance, dona do TikTok, por sua vez, nega a acusação.
O que diz a lei sancionada em 2024?
A lei, que foi aprovada pelo Congresso e sancionada por Joe Biden em abril de 2024, deu um prazo até este domingo (19) para que o app chinês encontrasse um comprador para sua operação nos EUA.
Se ele não fosse cumprido, o app seria banido no país, o que inclui a remoção das lojas de aplicativos e o bloqueio de atualizações.
Qual foi a decisão da Suprema Corte dos EUA?
Na sexta-feira, a Suprema Corte decidiu por unanimidade que a lei é válida e não viola a Primeira Emenda da Constituição, que protege a liberdade de expressão. O TikTok havia recorrido ao tribunal contestando a legislação.
O que deve acontecer agora?
Apesar da suspensão, ainda há expectativas sobre o retorno da plataforma nos próximos dias. Donald Trump toma posse amanhã e indicou que vai adiar a proibição do aplicativo por 3 meses.
“A extensão de 90 dias é algo que provavelmente será feito, porque é apropriado”, disse Trump, em entrevista à NBC. “Se eu decidir fazer isso, farei o anúncio na segunda-feira”, completou.
Ao comunicar aos usuários que estava fora do ar, o TikTok disse que Trump trabalhará com a empresa que o aplicativo volte ao ar.
Além do TikTok, outros aplicativos desenvolvidos pela empresa chinesa ByteDance também saíram do ar. Dentre eles está o CapCut e o Lemon8.
O que a Casa Branca diz?
A Casa Branca avisou na sexta que a decisão sobre a implementação da lei ficaria a cargo de Donald Trump. Questionado por repórteres no mesmo dia, Biden confirmou que é o presidente eleito quem decidirá sobre o tema.
Por que o TikTok pode ser banido dos Estados Unidos?
Qual a repercussão da decisão no país?
Usuários do TikTok nos Estados Unidos estão migrando para o aplicativo chinês Xiaohongshu, conhecido globalmente como RedNote, diante do possível bloqueio da plataforma.
Assim como o TikTok, o Xiaohongshu — cujo nome significa “Pequeno Livro Vermelho” em chinês — combina vídeos curtos com funcionalidades de comércio eletrônico.
O aplicativo ganhou popularidade na China e em outras regiões, como Malásia e Taiwan, acumulando cerca de 300 milhões de usuários.
Logo TikTok e bandeira dos Estados Unidos ao fundo
Getty Images
Tecnologia
TikTok sai do ar nos Estados Unidos após lei e decisão da Justiça
Suspensão tem como base uma lei federal que exige a venda da operação da plataforma no país e ocorre em meio à polêmicas sobre supostas coleta de dados confidenciais de americanos. Mensagem da rede social aos usuários nos EUA
Reuters
O TikTok saiu do ar nos Estados Unidos na madrugada deste domingo (19). A rede social ficou indisponível para usuários norte-americanos devido a uma lei federal que força a plataforma a vender sua operação no país.
De acordo com o site Downdetector, que monitora interrupções de serviços online, houve um pico de usuários reportando falhas para acessar a plataforma logo após a meia-noite.
Em notificações enviadas aos usuários, o aplicativo avisou que ficará temporariamente indisponível por causa da legislação norte-americana.
“Uma lei banindo o TikTok entrou em vigor nos Estados Unidos. Infelizmente, isso significa que você não pode usar o TikTok agora”, diz o texto.
A lei foi analisada pela Suprema Corte dos EUA, que entendeu que o texto aprovado pelo Congresso não viola a Primeira Emenda da Constituição americana.
Logo TikTok e bandeira dos Estados Unidos ao fundo
Getty Images
Apesar da suspensão, ainda há expectativas sobre o retorno da plataforma nos próximos dias.
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que toma posse na segunda-feira (20), já sinalizou que pretende adiar a proibição do aplicativo no país.
“A extensão de 90 dias é algo que provavelmente será feito, porque é apropriado”, disse Trump em entrevista à NBC. “Se eu decidir fazer isso, farei o anúncio na segunda-feira”, completou.
Neste domingo, após a plataforma ficar indisponível, o presidente eleito postou uma mensagem de apoio ao app em sua rede Truth Social.
Trump posta mensagem em apoio ao TikTok, na rede Truth Social, no dia em que o aplicativo saiu do ar nos EUA
Reprodução
Ao comunicar aos usuários que estava fora do ar, o TikTok disse que Trump trabalhará com a empresa que o aplicativo volte ao ar.
Além do TikTok, outros aplicativos desenvolvidos pela empresa chinesa ByteDance também saíram do ar. Dentre eles está o CapCut e o Lemon8.
O g1 traz um resumo com as principais informações sobre o caso. Veja abaixo.
Por que os EUA baniram o TikTok?
O governo dos EUA alega que o TikTok coleta dados confidenciais de americanos e que isso representa um risco à segurança nacional.
O país teme que a China possa usar as informações de mais de 170 milhões de usuários americanos da plataforma para atividades de espionagem. A ByteDance, dona do TikTok, por sua vez, nega a acusação.
O que diz a lei sancionada em 2024?
A lei, que foi aprovada pelo Congresso e sancionada por Joe Biden em abril de 2024, deu até domingo (19) para que o app chinês encontre um comprador para sua operação nos EUA.
Como ele não foi cumprido, o app foi banido no país, o que inclui a remoção das lojas de aplicativos e o bloqueio de atualizações.
Ainda segundo a lei, serviços de hospedagem dos EUA também serão impedidos de trabalharem com o TikTok. As empresas que desrespeitarem a legislação estão sujeitas a multas de até US$ 5 mil para cada usuário que acessar o app – o TikTok tem 170 milhões de usuários nos Estados Unidos.
Qual foi a decisão da Suprema Corte?
Na sexta-feira, a Suprema Corte decidiu por unanimidade que a lei é válida e não viola a Primeira Emenda da Constituição, que protege a liberdade de expressão. O TikTok havia recorrido ao tribunal contestando a legislação.
O que a Casa Branca diz?
A Casa Branca avisou na sexta que a decisão sobre a implementação da lei ficará a cargo de Donald Trump, que toma posse na segunda (20). Questionado por repórteres em Washington, Biden confirmou que é o presidente eleito quem decidirá sobre o tema.
Por que o TikTok pode ser banido dos Estados Unidos?
O que Trump fará sobre o TikTok?
No domingo, Trump afirmou à NBC que “provavelmente” adiará a validade da lei que força a venda do TikTok. Na sexta, ele disse, sem dar muitos detalhes, que tomaria em breve algum tipo de medida em relação ao aplicativo.
“Minha decisão sobre o TikTok será tomada em um futuro não muito distante, mas preciso de tempo para rever a situação. Fiquem ligados!”, postou o presidente eleito após a decisão da Suprema Corte na sexta.
O jornal The Washington Post informou na quarta-feira (15) que o republicano cogita assinar, logo no início de seu governo, uma ordem executiva que suspenderia o banimento do TikTok nos EUA por um prazo de 60 a 90 dias. Trump também já disse que poderia negociar uma solução para que a plataforma não fique indisponível.
O TikTok está na mira de autoridades americanas desde o primeiro governo Trump. Em 2020, o então presidente tentou impedir que novos usuários baixassem o aplicativo e planejava banir as operações do app, mas perdeu uma série de batalhas judiciais sobre a medida.
Na campanha para a eleição de 2024, porém, Trump mudou de posição e passou a defender que o TikTok continuasse operando nos EUA.
“Você sabe, tenho um lugar especial no coração para o TikTok, porque ganhei a juventude por 34 pontos, e há quem diga que o TikTok tem algo a ver com isso”, disse o republicano em dezembro, após ser eleito.
O presidente eleito recebeu apoio do CEO do TikTok, Shou Zi Chew, que foi convidado para a posse do republicano nesta segunda.
O executivo agradeceu a Trump por “seu comprometimento” em ajudar a plataforma a encontrar uma solução que mantenha o aplicativo funcionando nos EUA. “Esta é uma posição forte pela Primeira Emenda e contra a censura arbitrária”, disse o CEO do app.
Qual a repercussão da decisão no país?
Usuários do TikTok nos Estados Unidos estão migrando para o aplicativo chinês Xiaohongshu, conhecido globalmente como RedNote, diante do possível bloqueio da plataforma.
Assim como o TikTok, o Xiaohongshu — cujo nome significa “Pequeno Livro Vermelho” em chinês — combina vídeos curtos com funcionalidades de comércio eletrônico.
O aplicativo ganhou popularidade na China e em outras regiões, como Malásia e Taiwan, acumulando cerca de 300 milhões de usuários.
Tecnologia
Turista argentino justifica uso de bloqueador contra caixa de som em praia: 'Falta de consideração em locais públicos'
Homem usou uma espécie de bloqueador de sinal Bluetooth para ‘desligar’ caixa de som. Especialistas explicam que aparelho apresenta riscos e que seu uso e venda sem autorização da Anatel são ilegais. Dispositivo usado por argentino para silenciar caixa de som em praia é ilegal no Brasil
Reprodução/X
O vídeo de um turista argentino, identificado como Roni Bandini, “desligando” uma caixa de som em uma praia viralizou nas redes sociais na última terça-feira (14).
“Para mim, o que importa é a poluição sonora, a falta de consideração pelos outros em locais públicos e o uso da tecnologia para enfrentar os aspectos negativos da própria tecnologia”, disse ao g1.
Bandini utiliza um tipo de bloqueador de sinal para interromper a conexão entre o celular e a caixa de som. No X, ele afirma ter criado o dispositivo e revela planos de comercializá-lo.
No entanto, esse tipo de aparelho não é homologado pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para comercialização ou uso no Brasil, a não ser em casos envolvendo órgãos públicos específicos (veja as exceções ao final da reportagem).
Por isso, de maneira geral, sua venda e uso são proibidos no país, segundo um especialista em tecnologia e segurança consultado pelo g1 (entenda abaixo).
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TikTok confirma que ficará fora do ar nos EUA no domingo se Biden não suspender lei
“O aparelho mostrado no vídeo emite um sinal Bluetooth intenso na direção da caixa de som, gerando interferência na comunicação com o celular. Essa interferência impede que a caixa receba o sinal do celular com qualidade e o decodifique para reproduzir o som da música, resultando no silêncio”, explica Thiago Ayub, diretor de tecnologia da Sage Networks.
Questionado sobre a possibilidade de o equipamento bloquear caixas de som com CDs e pendrives conectados, ou rádios FM sintonizados, o turista afirma que isso não é possível.
Isso ocorre porque o dispositivo funciona exclusivamente como um bloqueador de sinal Bluetooth, ou seja, é necessário que haja uma comunicação por ondas entre o celular e a caixa de som para que o aparelho tenha efeito.
O que é o aparelho e por que ele é ilegal no Brasil?
Aparelho usado por turista para “desligar” caixas de som Bluetooth
Reprodução/Medium
Em uma publicação na plataforma Medium, o turista reconhece que o uso do aparelho pode interferir em outros equipamentos que operam na frequência de 2,4 GHz e admite que, dependendo do país, “afetar o funcionamento desses dispositivos pode ser ilegal”.
Dispositivos de Wi-Fi, automação residencial (IoT), telefones sem fio, consoles de videogame e drones são alguns dos aparelhos que usam a frequência de 2,4 GHz para se comunicar.
“Essa técnica, conhecida como jamming, consiste em dificultar ou interromper comunicações sem fio ao gerar uma forte interferência na mesma frequência utilizada pelos dispositivos. O equipamento responsável por essa interferência é chamado de jammer”, explica Ayub.
Segundo ele, um jammer não é um aparelho homologado, o que torna sua venda proibida no Brasil.
Essa tecnologia esteve no noticiário recentemente no caso da aeronave da Embraer, abatida no Cazaquistão, no dia 25 de dezembro de 2024. Com mais de 60 pessoas a bordo, o avião sofreu interferência no GPS e oscilou de altitude por 74 minutos, apontou o site de monitoramento Flighradar24.
Segundo Ayub, forças militares fazem jamming de GPS para dificultar a comunicação de mísseis e drones com o satélites de geolocalização e impedir o voo desses equipamentos bélicos.
O especialista explica que, de acordo com a legislação vigente no Brasil, a compra, venda, entrada no país e uso de qualquer aparelho que emita sinal Bluetooth devem ser homologados pela Anatel.
Atualmente, inúmeros dispositivos usam comunicação Bluetooth e precisam de homologação na Anatel. Alguns deles são celulares, fones de ouvido, teclados e mouses sem fio, relógios inteligentes, câmeras fotográficas e filmadoras, drones, entre outros.
“Esse regulamento tem como intenção justamente impedir que aparelhos diferentes criem interferência entre si”, completa o especialista.
Especialmente nas grandes cidades, onde há muitos dispositivos de telecomunicações, esses bloqueadores de frequência podem afetar, mesmo que não intencionalmente, o funcionamento de aparelhos importantes e causar consequências graves, alerta Gabriel Gomes de Oliveira, membro do Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos (IEEE).
“Por isso, existe uma preocupação, em regulamentar, para que outros serviços, inclusive serviços de extrema necessidade, não apresentem falhas, não sejam afetados”, diz.
Questionada pelo g1 sobre o tema, a Anatel destacou a Resolução n° 760, que estabelece que apenas algumas entidades públicas podem usar esse tipo de tecnologia (que bloqueia sinais de radiocomunicações), desde que com a anuência da Anatel. São elas:
Presidência da República;
gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República;
Ministério da Defesa;
Ministério da Justiça e Segurança Pública;
Ministério das Relações Exteriores;
Forças Armadas;
Agência Brasileira de Inteligência;
órgãos de Segurança Pública de que trata o art. 144 da Constituição Federal (algumas polícias);
órgãos de Segurança Pública dos Estados e do Distrito Federal;
órgãos de Administração Penitenciária dos Estados e do Distrito Federal.
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