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Saúde e Ciência

'Ciência Aberta': centro que abriga o Sirius terá dia exclusivo para receber escolas e grupos de alunos; saiba como se inscrever

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Pela 1ª vez, evento que apresenta curiosidades e atrações da ciência terá data reservada para instituições de ensino. No sábado, 10 de agosto, CNPEM abre as portas ao público em geral. Sirius, laboratório de luz síncrotron de 4ª geração, reforça a ciência no enfrentamento do novo coronavírus
Nelson Kon
Um dos maiores centros de produção científica do Brasil, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), que abriga o superlaboratório Sirius, em Campinas (SP), promove em agosto a 6ª edição do “Ciência Aberta”, evento gratuito que oferece contato direto entre público e cientistas.
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A novidade deste ano é que o evento que apresenta curiosidades e atrações da ciência será realizado em dois dias, sendo que um deles, a sexta-feira, 9 de agosto, será excluviso para receber excursões de instituições de ensino e grupos de alunos de todo o Brasil.
As escolas e grupos interessados devem preencher o formulário na página do evento.
No sábado, dia 10 de agosto, o evento seguirá o mesmo molde das outras edições, sendo aberto ao público geral, sem necessidade de cadastramento prévio. Em 2023, o CNPEM recebeu 16 mil vistantes, que percorreram 85 atrações.
Além de atividades no Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), que abriga o Sirius, acelerador de partículas brasileiro, o evento apresenta atrações nas áreas de biociências, nanotecnologia e biorrenováveis.
“Tem sido muito gratificante acompanhar o crescente interesse de crianças, jovens e adultos por ciência e constatar o encantamento que toda a estrutura e o trabalho desenvolvido no CNPEM provoca nas pessoas”, comentou, em nota, Antonio José Roque da Silva, diretor-geral do CNPEM.
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“Ciência Aberta” abre as portas do CNPEM ao público
Arquivo CNPEM
O que é o Sirius?
Principal projeto científico brasileiro, o Sirius é um laboratório de luz síncrotron de 4ª geração, que atua como uma espécie de “raio X superpotente” que analisa diversos tipos de materiais em escalas de átomos e moléculas.
Para observar as estruturas, os cientistas aceleram os elétrons quase na velocidade da luz, fazendo com que percorram o túnel de 500 metros de comprimento 600 mil vezes por segundo. Depois, os elétrons são desviados para uma das estações de pesquisa, ou linhas de luz, para os experimentos.
Esse desvio é realizado com a ajuda de ímãs superpotentes, e eles são responsáveis por gerar a luz síncrotron. Apesar de extremamente brilhante, ela é invisível a olho nu. Segundo os cientistas, o feixe é 30 vezes mais fino que o diâmetro de um fio de cabelo.
Ciência Aberta – CNPEM
Dias: 9 e 10 de agosto
Local: Rua Giuseppe Máximo Scolfaro, 10.000, Polo II de Alta Tecnologia de Campinas, Campinas
Horário: no sábado, 10 de agosto, a partir das 9h, e com último horário de admissão às 15h.
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Saúde e Ciência

MC Marcinho usa terapia conhecida como ECMO, espécie de pulmão artificial; entenda como funciona

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Cantor está internado na UTI e com o pulmão incapaz de absorver o oxigênio. Por isso, foi preciso ‘substituir’ o órgão. A ECMO age como um pulmão artificial e oxigena o sangue fora do corpo. ECMO: entenda como funciona a terapia usada em MC Marcinho
Um dos maiores nomes da história do funk carioca, Marcio André Nepomuceno Garcia, o MC Marcinho, está desde segunda-feira (10) na UTI do Hospital Copa D’Or após uma parada cardiorrespiratória.
De acordo com o boletim médico divulgado nesta terça (11), foi necessário o uso de uma terapia conhecida como ECMO – Oxigenação por Membrana Extracorpórea, na tradução. Ou seja, a oxigenação do paciente será feita por uma membrana fora do corpo.
A ECMO foi muito utilizada por pacientes da Covid, como o ator Paulo Gustavo, morto em 2021. Apesar de o artista não ter resistido à longa internação, a terapia salvou dezenas de outros pacientes (veja relatos).
Como funciona a Ecmo
A ECMO retira e filtra o sangue
Reprodução/TV Globo
Em alguns pacientes, o pulmão se torna incapaz de absorver o oxigênio. Por isso, é preciso “substituir” o órgão. É nessa hora que a ECMO entra. O equipamento age como um pulmão artificial e oxigena o sangue fora do corpo.
Segundo médicos, a ECMO possibilita que pulmão debilitado repouse enquanto o aparelho devolve o sangue oxigenado artificialmente para o corpo. A terapia funciona como uma ponte para a recuperação.
Quando o paciente está na máquina, ele precisa estar sedado. “O pulmão passa a ser a membrana. Controlamos o gás carbônico e o oxigênio por essa membrana. Deixamos o pulmão parado para desinflamar”, explicou o fisioterapeuta cardiorrespiratório e de Terapia Intensiva Fábio Rodrigues.
Veja depoimentos de recuperados da Covid que fizeram mesma terapia que Paulo Gustavo: ECMO
Diferente do ventilador mecânico
Apesar de semelhantes, a ventilação mecânica não é igual a ECMO. O ventilador dá oxigênio, promove as trocas gasosas e dá pressão para o pulmão ficar aberto. Ele não substitui o pulmão. Ele vai favorecer a fisioterapia e a recuperação do pulmão.
No entanto, o suporte tem um limite e, quando o ventilador não consegue fazer o pulmão lesado funcionar bem, e não há mais troca de oxigênio, a ECMO é indicada.
Tipos de terapia
A terapia já existe há muitos anos e pode ser de dois tipos:
Veno-venosa: utilizada em pacientes com insuficiência respiratória. O sangue é retirado de uma veia central, passa pela membrana extracorpórea onde é realizada a troca gasosa e retorna por uma veia central. Essa é a terapia usada nos casos de Covid-19 e também no ator Paulo Gustavo.
Veno-arterial: utilizada em casos de insuficiência cardíaca. Fornece tanto suporte respiratório como circulatório. O sangue retorna para o sistema arterial e fornece suporte hemodinâmico, além do suporte ventilatório.
Para todas as idades e sem prazo
O equipamento pode ser usado em pessoas de todas as idades, desde recém-nascidos até idosos, e está disponível tanto na rede privada quanto pública, em hospitais de referência.
Os especialistas explicam que não existe prazo para o paciente ficar na ECMO. A retirada é feita se houver excesso de coágulo no circuito, sangramento excessivo ou se o pulmão melhorar.
Veja quando o uso é contraindicado:
Falência múltipla de órgãos
Doenças pulmonares ou cardiovasculares irreversíveis
Pacientes que passaram muito tempo em ventilação e já têm danos pulmonares
Coagulopatia grave e/ou hemorragia
Outras anomalias congênitas

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Saúde e Ciência

Cuidar bem dos dentes é bom para o cérebro

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Comprometimento da saúde oral está relacionado à diminuição do volume do hipocampo, cujas células são as primeiras a serem danificadas pelo Alzheimer. Não é a primeira vez que trato do tema, mas sempre é bom voltar ao assunto até que não somente as pessoas, mas também os gestores públicos se deem conta da sua relevância. Estudo publicado semana passada na revista científica “Neurology” afirma que a periodontite (doença das gengivas) e a perda de dentes estão associadas ao encolhimento do hipocampo, região do cérebro que desempenha papel crucial na memória e cujas células são as primeiras a serem danificadas pelo Alzheimer. Os cientistas enfatizam que não é possível garantir que o achado representa uma prova cabal de que tal quadro leva à demência, mas sugerem uma relação entre as condições.
Comprometimento da saúde oral está relacionado à diminuição do volume do hipocampo
Joseph Shohmelian para Pixabay
“Na velhice, a periodontite provoca a retração da gengiva e a perda dos dentes, por isso é tão importante avaliar a potencial relação entre esse problema e o desenvolvimento de demência. Nosso estudo aponta que tal condição pode afetar a parte do cérebro que controla a memória e o raciocínio”, disse Satoshi Yamaguchi, professor da Universidade Tohoku (Japão) e coautor do trabalho.
Uma boca doente é uma espécie de berçário de agentes inflamatórios que podem se espalhar pela corrente sanguínea e chegar ao cérebro, contribuindo para a sucessão de eventos que levam à demência. Israel, por exemplo, tem um projeto ambicioso para oferecer atendimento odontológico para todos os idosos acima de 65 anos, recuperando a saúde oral dos cidadãos, o que inclui limpeza, tratamento de canal e realização de implantes.
No começo do levantamento, os participantes tinham, em média, 67 anos e não apresentavam distúrbios de memória. Todos foram submetidos a exames odontológicos e ressonância magnética do cérebro, para medir o volume do hipocampo. A nova rodada de check-up ocorreu quatro anos depois e os pesquisadores notaram que a presença de periodontite, de moderada a severa, e a perda de dentes estavam associadas a alterações no hipocampo.
Em outro estudo, sobre os malefícios do sedentarismo, pesquisadores da Universidade de Cambridge mapearam como pessoas acima dos 60 que diminuem a atividade física pioram sua qualidade de vida. Exercícios de moderados a intensos, que elevam a frequência cardíaca, reduzem o risco de diversas enfermidades, como doença coronariana, acidente vascular cerebral, diabetes e câncer. Embora o ideal preconizado seja de 150 minutos por semana, idosos se beneficiam se interromperem os longos períodos em que permanecem sentados – pelo menos ficando de pé.
Foram monitorados cerca de 1.400 participantes que usavam acelerômetros, dispositivos que medem o nível de atividade física. Paralelamente, o grupo respondeu a questões sobre seu bem-estar que incluíam perguntas sobre a capacidade de cuidar de si mesmo, desconforto com dores e ansiedade. Cada indivíduo recebia uma nota de zero a um: quanto mais próximo de zero, pior a qualidade de vida. Índices baixos estavam relacionados ao aumento de risco de hospitalização e morte precoce.
Os idosos foram acompanhados por seis anos e, na média, tanto homens quanto mulheres passaram a se exercitar 24 minutos menos por dia: o sedentarismo aumentou 33 minutos diários para os homens e 38 minutos para as mulheres. Uma hora de atividade física por dia significava a elevação de 0.02 na pontuação de qualidade de vida. Já cada minuto a menos de exercício fazia o placar cair 0.03 – resumindo, quem reduzisse em 15 minutos o tempo dedicado a algum tipo de “malhação” ficaria com a “nota” de 0.45.

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Saúde e Ciência

Lucia Hippolito sabia que não veria 2024

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Cientista política que ficou tetraplégica há 11 anos, vítima da Síndrome de Guillain-Barré, tinha câncer metastático No fim de maio, recebi uma mensagem de Lucia Hippolito, me lembrando que não nos víamos há alguns meses – estava certa, nosso último encontro tinha sido em dezembro de 2022. Volta e meia enviava uma gravação bem-humorada, dizendo: “sou como um monumento público, estou aberta à visitação!”.
Lucia Hippolito: serenidade diante do diagnóstico de metástase
Mariza Tavares
Sua vida mudara radicalmente em 2012, quando, no auge da trajetória profissional, ancorava o programa “CBN Rio”, na Rádio CBN. De férias em Paris, perdeu completamente os movimentos na véspera do retorno ao Brasil. Tratava-se de uma forma gravíssima da Síndrome de Guillain-Barré, doença autoimune que afeta os grupos musculares. Foram três meses de internação, sendo 48 dias intubada, até poder pegar um voo de volta, já presa a uma cadeira de rodas.
Combinei de ir à sua casa na segunda-feira seguinte e, a caminho do apartamento em Ipanema, na Zona Sul do Rio, me dei conta de que seu aniversário se aproximava. Ano passado, no dia 29 de junho, convidara 15 amigas para comemorar os 72 anos. Apesar de todas as limitações que a tetraplegia lhe impunha, nos recebeu na sala, sentada numa poltrona, impecavelmente arrumada (como sempre) e maquiada.
No entanto, esse encontro era diferente daquele que me levou a escrever, a seu pedido, uma coluna sobre como estava em dezembro de 2021. Usava o colar que eu lhe dera de presente de aniversário, mas más notícias me esperavam na visita do dia 5 de junho. Em setembro de 2022, Lucia havia sido diagnosticada com câncer no colo do útero e se submetera a uma histerectomia total, com a retirada também dos ovários.
O tumor tinha 4cm e a recuperação havia sido satisfatória, mas, no meio de maio, sentiu fortes dores na coluna e no abdômen. Uma ressonância magnética da coluna e uma tomografia computadorizada do pulmão e abdômen não deixaram dúvidas:
“O câncer se espalhou. Tenho metástase na coluna, no abdômen e no pulmão. No pior cenário, tenho mais três meses; no melhor, seis. Os médicos estudam a possibilidade de eu fazer imunoterapia, mas já disse que, se tiver que sair desta cama, não farei qualquer tratamento. O que não quero, em hipótese alguma, é sentir dor”.
Mesmo sob o impacto da situação, tomou todas as providências, como redigir o documento com suas diretivas antecipadas de vontade, que dispõe sobre os procedimentos a que uma pessoa deseja ou não ser submetida quando estiver com uma doença sem possibilidades terapêuticas e impossibilitada de manifestar sua vontade. No testamento, pediu que as cinzas sejam espalhadas na Place des Vosges, um dos cartões-postais de Paris, a cidade que ama e que visitava duas vezes por ano. O desejo será cumprido por Regina, sua irmã.
“Tive uma vida plena, cheia de conquistas. Fui muito amada por Edgar (Flexa Ribeiro), com quem estou casada há 51 anos. Digo que não me arrependo de nada, mas me arrependo, sim, de não ter visitado o Egito e a Rússia, porque adoraria ter conhecido o Museu Hermitage, em São Petersburgo”.
Perguntei onde encontrava força e me disse que, depois de tantos anos enfrentando as sequelas da doença, os longos períodos de depressão tinham sido substituídos por serenidade. Consumidora voraz de séries, me deu inúmeras indicações do que ver. Conversamos sobre política, que continua acompanhando, e brindamos com um espumante espanhol. À vida.
Pediu-me para escrever sobre seu estado, mas que aguardasse até falar com as pessoas mais próximas sobre a gravidade da situação. Não deu tempo. Internada no último sábado, hoje Lucia nos deixa. Órfãos da sua inteligência.

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